Saturday, December 12, 2009

A ÁRVORE DA VIDA (Gênesis 2 - parte 2)


A Árvore da Vida

Genêsis 2 - Verso 9 – "Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de arvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal".

Não existe nenhuma árvore no mundo natural que produz “vida” ou “conhecimento do bem e do mal”. Aqui temos uma linguagem figurativa, e para descobrirmos o que representam estas árvores, vamos primeiro analisar a árvore da vida, que se encontrava ao lado da árvore do conhecimento do bem e do mal.

“O fruto do justo é arvore de vida”,... (Pv 11: 30)...“o desejo cumprido é árvore de vida”(Pv 13: 12), “a Sabedoria é árvore de vida” (Pv 3: 18), “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras,... para que lhes assista o direto a arvore da vida”,...(Ap. 22: 14)

Podemos entender “a árvore da vida” como um desejo a ser cumprido ou uma esperança a ser alcançada. Vemos mais para frente em Gn 3: 24 que Adão será expulso do jardim e perderá o direito de alcançar a árvore da vida. O grande drama da história da humanidade é: Como voltar à árvore da vida?[1]

Yeshua é (a Torá encarnada), a árvore da vida,... revelando toda a verdade. [2]
Em Isaias 11: 1, o Messias é comparado a um tronco e a uma raiz.
Em João 15: 1-5, Jesus é comparado a uma videira e nós os crentes somos os ramos.

Em Romanos 11, Paulo refere-se ao Messias como a “boa oliveira”, e a nós, homens decaídos, como “oliveiras bravas”. Portanto, devemos ser cortados, sermos enxertados para nos tornarmos participantes da raiz e da seiva da boa oliveira.

Está escrito que Jesus veio como o novo Adão (I Cor 15:45), uma boa oliveira ou uma videira, ou seja, como uma “árvore de vida”, a qual o primeiro Adão falhou em alcançar. Então o desejo de Adão no Jardim de Éden era de se tornar uma “árvore de vida” que representa um homem aperfeiçoado realizando o ideal da criação, ou seja, o Adão perfeito que guarda o mandamento de Deus.

O bom entendimento da vontade de Deus para com Adão no Jardim de Éden é a base para o sistema teológico e o ponto de partida para interpretar toda a Bíblia.

Qual era o plano original de Deus para Adão? Era que o homem se tornasse “árvore da vida”, ou seja, alcançasse a perfeição obedecendo ao mandamento de não comer, realizando assim a condição de parceiro submisso a Deus, herdando as bênçãos, estabelecendo a Justiça e o Reino de Deus no paraíso no início da historia humana.

Até hoje, não conhecemos nenhum rabino estudioso da primeira aliança ou um teólogo cristão tendo feito uma interpretação desta forma. As doutrinas convencionais ensinam que tudo o que aconteceu fazia parte dos planos de Deus, e que Ele permitiu que todas essas coisas acontecessem porque essa foi a forma escolhida por Ele para se revelar a nós. Além disso, afirmam que a Queda e o paraíso perdido permitiram o surgimento de um novo céu e uma nova terra ainda melhores.

Assim como havia uma árvore no Jardim do Éden que simbolizava um homem perfeito, devia haver também uma árvore para representar uma mulher que realizasse o ideal da Criação em sua totalidade. A “árvore do conhecimento do bem e do mal” , que estava ao lado da árvore da vida, representaria a mulher ideal, ou seja, a Eva perfeita.[3]

[1] RESNICK Russel. Aplicação da Tora. Ministério Ensinando de Sião - Belo Horizonte - pag. 9
[2] MIGUEL Igor. Doutrinas Bíblicas. Ministério de Ensinando de Sião - Belo Horizonte - pag. 10
[3] MOON Sun Myung. Exposição do Principio Divino- AFUPM - São Paulo - pag. 98









O SÉTIMO DIA (Gênesis 2 - parte 1)

Gênesis 2:1 “Assim foram acabados os céus e a terra,...” Deus completou a criação do mundo natural com todas as coisas, do mundo invisível (céu) e visível (terra) ao longo de um processo que levou muito tempo, até milhões de anos, segundo a ciência.

Versos 2-3 – “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou neste dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou; Deus o dia sétimo e o santificou;...”

Mais pela frente no livro do Êxodo, Deus mandou santificar e guardar o Shabat como dia de descanso para o povo judeu, que aparece como o quarto mandamento da Tora.

Vocês sabiam que Deus não pôde descansar em nenhum dia de Shabat durante 6000 anos de história até hoje? Mesmo Jesus, que veio 2000 anos atrás para realizar a vontade de Seu Pai, não podia descansar no dia do Shabat e foi condenado por ter sido acusado de quebrar a. Antes de descansar, o desejo de Deus é de vencer a guerra contra o mal, o sofrimento, erradicar todos os pecados de seus filhos e estabelecer Seu Reino de Justiça, Paz, Bem e Amor. Mesmo a natureza está lamentando e não descansa, aguardando o dia da redenção.(1)

Devemos lembrar neste dia santo a nossa responsabilidade como filhos para ajudar Nosso Pai na realização de Sua Vontade; temos um grande compromisso de praticar os mandamentos da Torá e de sermos modelo para toda a humanidade. Somente então chegará o momento de descanso, de festa e de alegria. Nosso Criador mandou descansar neste dia santo, não porque considerava um pecado o fato de trabalhar em um dia de sábado, mas sim porque era necessário seguir um processo visando educar o ser humano através dos mandamentos e da Lei, treinando assim o povo escolhido e estabelecendo uma tradição religiosa de devoção na família e na comunidade. Isso possibilitaria que o povo escolhido praticasse as leis divinas, renovando a cada semana a aliança entre Deus e o povo. Na primeira aliança, a transgressão da lei do sábado era considerado pena capital (Ex 31:15).

Verso 7 -...“então, formou Deus o homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente.”

Deus formou o homem a partir do pó da terra, o que significa que nosso corpo físico foi criado a partir dos elementos químicos encontrados na terra, incluindo a água e o ar. O corpo físico possua uma “alma” ou mente física, que dirige o corpo físico para manter as funções necessárias para sua sobrevivência, proteção e reprodução. O instinto, por exemplo, é um aspecto da mente física de um animal.

Nosso corpo espiritual, ou espírito, é uma realidade substancial e imaterial que só pode ser percebida pelos sentidos espirituais. É o parceiro-sujeito para o nosso corpo físico. Nosso espírito pode comunicar-se diretamente com Deus (antes da queda, no mundo original e após alcançar a perfeição). Na aparência, nosso corpo espiritual assemelha-se ao nosso corpo físico. Depois que deixamos o corpo físico, que volta para a terra, no momento da “morte”, nós entramos no mundo espiritual e lá vivemos pela eternidade. Nosso corpo espiritual possui uma “alma” ou mente espiritual (o parceiro-sujeito) e um corpo espiritual (o parceiro-objeto). A mente espiritual é o centro do corpo espiritual e é lá que Deus habita. (2) [situação original antes da queda]

A importância da vida na terra

O espírito pode crescer somente enquanto habita no corpo. Assim, o relacionamento entre o eu físico e o eu espiritual é semelhante àquele entre uma árvore e seus frutos.
Nós temos que levar uma vida de bem enquanto estivermos na Terra. Jesus disse: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na Terra terá sido desligado nos céus”. (Mat: 18: 18)

Durante a vida na terra, cada ação e movimento praticados pelo indivíduo são gravados no seu eu espiritual. Assim sendo, você entrará no mundo espiritual na forma de seu eu espiritual, sobre o qual está gravada a sua vida na Terra com cem por cento de precisão. Seu espírito mostrará claramente se você levou uma vida madura de bondade ou uma vida arruinada pelo pecado. O que isto quer dizer é que Deus não julgará você: você será o seu próprio juiz.

Se uma pessoa estiver ciente destas surpreendentes leis do Céu, será que os remanescentes dias de sua vida na terra seriam gastos em egoísmo e imoralidade, sucumbindo a todas às tentações de Satanás e buscando nada mais do que prazer? Não. Em vez disso, você deve abster-se de prejudicar e manchar o seu corpo espiritual, mesmo correndo risco em sua vida terrena.(3)

[1] MOON Sun Myung. The Book of Genesis. HSA-UWC - New-York- 2003. pag 22
[2] MOON Sun Myung. Exposição do Principio Divino. AFUPM - Sao Paulo - 2009. pag. 88
[3] MOON Sun Myung. Mensagens de Paz. Sun Hwa Publication- Seoul - 2007. pag. 109




Tuesday, September 15, 2009

Adao e eva, Semelhança de Deus - Gn 1 - parte 2

ADÃO E EVA, SEMELHANÇA DE DEUS

Gênesis 1: 26-31 “Façamos o homem a nossa imagem, conforme nossa semelhança”. Por que Deus usou a palavra “nossa” na 1ª pessoa do plural e não na 1ª pessoa do singular? O motivo não é porque o Pai Criador estava juntamente com o Filho no momento da criação, “antes da fundação do mundo”, como Paulo escreveu na sua carta aos Efesios 1: 4. Ele disse isto falando diante dos anjos, que tinham sido criados antes do homem e antes de todas as coisas. Os anjos foram criados como servos para auxiliar na criação do universo(1). Sabemos que Deus criou os anjos antes do universo físico. O livro de Jó descreve os anjos louvando Deus enquanto Ele estava criando o mundo: “Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os anjos jubilavam?” (Jó 38:4-7 - NIV).

Baseado neste versículo: “o homem foi criado a semelhança de Deus, homem e mulher” podemos deduzir a idéia de que Deus é o sujeito com características masculinas e femininas. Podemos chamar Deus “Nosso Pai” e “Nossa Mãe”.
Podemos dizer, sem ferir a compreensão dogmática, que o Pai... pode também ser chamado de Mãe. Ou melhor, para sermos fiéis às insinuações da linguagem bíblica que apresenta Deus tanto sob os traços paternos quanto sob os traços maternos, que (Deus) é Pai... e Mãe.
“Como uma mãe consola o filho, assim eu vos consolarei”. (Is 66, 13) O Pai de Jesus somente é Pai se for também Mãe. Nele se encontram reunidos o vigor do amor paterno e a ternura do amor materno. O Pai e a Mãe celestes. Em comunhão com o Pai e a Mãe eternos, superam-se as divisões; inaugura-se o Reino da confiança dos filhos e filhas, membros da família divina(2).

Teólogos como Tomás de Aquino, aplicando a filosofia de Aristóteles, consideram eidos dos eidos ou seja a forma invisível de todas as coisas a causa do universo – Deus. O evangelho de João disse: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1, 1) identifica “Deus como Palavras”. Aquino enfatiza Deus como Logos, concluindo que Deus é palavra e espírito, excluindo a parte material da causa do universo.
Devemos entender que a Palavra vem de Deus, “o Verbo era Deus” não significa que “Deus é Palavra”.
Quando alguém perguntou “De onde vem a matéria? Ele respondeu que Deus criou a matéria de nada. Isto é conhecido com creatio ex nihilo, uma palavra utilizada por Agostinho.

O Pensamento Unificado disse que a Palavra vem de Deus. Até hoje, os filósofos explicam a causa do universo como espiritual ou material, mas nunca foi considerado como um corpo harmonizado e unificado.
Segundo a “Teoria da Imagem Original” a Causa do universo inclui “o Espírito de Deus” a causa invisível de todos os seres existentes e a “energia de Deus” a causa material de todos os seres existentes(3). Logicamente podemos raciocinar que Deus é Causa do mundo espiritual invisível e a Causa do mundo material visível.

“E Deus os abençoou e lhes disse: frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai [...] ”
Estas são as três grandes bênçãos: frutificar (tornar-se maduro e pronto para dar frutos), multiplicar e ter domínio sobre a Criação.
Como é que as três grandes bênçãos de Deus podem ser realizadas?

A chave para a primeira bênção de Deus, antes da queda, era o aperfeiçoamento do caráter individual que devia acontecer naturalmente obedecendo ao mandamento. Depois da queda, para um indivíduo aperfeiçoar seu caráter e crescer ate a maturidade, ele tem que ser instruído e educado na prática das Escrituras (II Tim. 3:16 e 17). Tais indivíduos tornam-se templos de Deus, moradia do Espírito de Deus (I Cor. 13: 16), alcançam a unidade total com Ele (Jo. 14:20) e adquirem uma natureza divina e perfeita. É o que Jesus estava ensinando quando ele falou: “Sede vos perfeito como vosso Pai” (Mt 5:48).

Eles vivem a experiência do Coração de Deus como se fosse a sua própria. Por isso, compreendem a Sua vontade e vivem totalmente em sintonia com ela. Quando uma pessoa permanece em um estado de perfeição individual, seu corpo existe como o parceiro-objeto substancial de seu espírito. Já que o centro de seu espírito é Deus, o indivíduo também vive como parceiro-objeto substancial de Deus. Portanto, quando as pessoas realizam a primeira bênção de Deus tornam-se pessoas amadas por Ele, capazes de inspirá-Lo com alegria. Se as pessoas compartilhassem todos os sentimentos de Deus como se fossem seus, elas jamais cometeriam qualquer ato pecaminoso que causasse sofrimento a Deus. Isto significa que elas nunca cairiam.

A segunda bênção de Deus devia ser cumprida por Adão e Eva depois de ambos terem alcançado a perfeição individual como parceiros-objeto de Deus. Adão e Eva deveriam unir-se em amor como marido e mulher e criar os seus filhos. Esta teria sido a realização da segunda bênção. Quando a segunda bênção de Deus é realizada, esta família ou comunidade torna-se também um bom parceiro-objeto, dando alegria a Deus.

O significado da terceira bênção de Deus é a perfeição do domínio do ser humano sobre o mundo natural. Os seres humanos e o mundo natural, os parceiros-objeto substanciais de Deus em nível de imagem e símbolo, respectivamente, devem compartilhar amor e beleza para se tornar completamente um.

Se a finalidade da Criação de Deus tivesse sido realizada desta maneira, um mundo ideal sem qualquer vestígio de pecado teria sido estabelecido na Terra. Chamamos a este mundo de Reino do Céu na Terra. Quando a vida das pessoas do Reino do Céu na Terra terminasse, elas entrariam naturalmente no mundo espiritual e desfrutariam da vida eterna no Reino do Céu no mundo espiritual(4).

“E viu Deus tudo quanto tinha feito,... era muito bom...” É somente depois da criação do homem e da mulher que Deus fala que sua obra era “muito boa!” A bondade suprema começou e Deus falou que a harmonia e a união entre Adão e Eva eram muito boas; ou seja, tanto Adão sozinho como Eva sozinha ainda não eram muito bons, mas assim que a corrente de amor acendeu entre eles, Ele disse que aquilo era muito bom(5).


NOTAS:
[1] MOON Sun Myung. Exposição do Principio Divino. São Paulo: AFUPM, 2009, pág. 67
[2] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 154; 210-211
[3] LEE, Sang Hun. Explaining Unification Thought. New-York: Unification Thought
Institute, 1981, pag. 9
[4] MOON Sun Myung. Exposição do Principio Divino. São Paulo: AFUPM, 2009, pág.36-40
[5] MOON Sun Myung . The Book of Genesis. New-York: HSA-UWC – 2003, pag. 20

Monday, August 24, 2009

Sobre a criação do Universo - Gn 1 - Bereshit - (parte 1)

CRIAÇÃO

Gênesis 1:1-25 – A primeira razão para Deus ter criado o universo é a realização do propósito do amor verdadeiro. Antes da criação, Deus era só, sem nenhum objeto com quem pudesse se relacionar, e a partir do momento que Ele iniciou a criação, Deus, sendo o sujeito invisível, passou a viver para Seu parceiro objeto visível.

A Bíblia define Deus somente como Espírito (Jo 4:24), apesar dEle ser o criador do Mundo Visível e Invisível. Segundo Paulo em Romano 1: 20, as características de Deus que manifestam sua existência e natureza divina são claramente vistas por meio das coisas que foram criadas. Assim podemos entender a natureza de Deus observando as coisas da criação. O universo visível e invisível é o efeito, e Deus é a Causa de todas as coisas criadas. É bom senso dizer que uma casa não pode se construir sozinha. Como George Davis, um cientista físico famoso, mencionou muito bem desta forma, “Nenhuma coisa material pode se criar a si mesma”(1). Continuando este raciocínio, Deus, além de ser Espírito, é a Causa do Mundo Espiritual, e Ele é também a Causa da Energia Primária Universal, energia responsável pela formação das partículas e a matéria. Ele investiu cem por cento de Seu ser na criação de cada uma das partículas de sua grande energia, e cada célula dEle mesmo foi derramada no ato de criar o universo.

A única coisa de que o Deus todo-poderoso precisa é o amor, e é devido a isso que Ele criou o ser humano para que estes se tornassem parceiros iguais a Ele no amor verdadeiro. A essência de Deus com relação à Criação foi a de máxima dedicação e seriedade.

A Bíblia descreve a criação do Céu e da Terra em termos simples, dizendo que Deus os criou através da Palavra e a partir do nada. Porém o processo não foi tão simples assim. Deus manteve o princípio de progressão, desenvolvendo coisas pequenas em coisas grandes, de acordo com uma ordem e seguindo leis infinitas ao longo de períodos de milhões de anos(2).

De acordo com a ciência moderna, o universo começou como uma expansão do plasma. Saindo do caos e vazio espaciais, os corpos celestes se formaram, gerando luz (o primeiro dia). À medida que a Terra fundida esfriou, erupções vulcânicas encheram o Céu com um firmamento de água (o segundo dia). A Terra seca elevou-se e a água precipitou-se como chuva, criando os continentes e os oceanos (o terceiro dia). Em seguida, vieram a existir as plantas e os animais mais simples (o quarto dia). Então, vieram peixes, pássaros, mamíferos (o quinto dia), e finalmente, a humanidade (o sexto dia), nessa ordem. Calcula-se que a idade da Terra seja de alguns bilhões de anos. Considerando que a descrição da criação do universo registrada na Bíblia milhares de anos atrás coincide com as descobertas da pesquisa científica moderna, nós somos levados a crer que este registro bíblico deve ser uma revelação de Deus(3).

O fato de terem sido necessários seis períodos para completar a criação do universo indica que certa quantidade de tempo era necessária para se completar a criação de qualquer entidade ou ser criado. A cada dia: “houve tarde e manha”. Esta é uma indicação de que todas as coisas alcançam a maturidade passando por um período de tempo de tarde até chegar ao amanhecer (simbolizado pela noite). Este intervalo de tempo relatado pela tarde, noite e manhã representa três estágios de crescimento: o estágio de formação, o estágio de crescimento e o estágio de aperfeiçoamento.

Os resultados das pesquisas científicas revelam a ordem, as leis, os princípios e as constantes cósmicas: órbitas definidas e precisas. Há uma sintonia perfeita entre as forças gravitacionais dos planetas que passeiam em órbita solar(4).

Todas as vezes que Deus criou uma nova espécie na criação, disse que aquilo “era bom”. A criação iniciou na alegria; dessa forma, os minerais, a beleza das plantas, os sabores dos frutos, o mundo animal, as aves, os peixes, as centenas de milhares de espécies, todas as coisas têm o propósito de servir a felicidade dos seres humanos.

[1]THOMPSON Bert. The Bible and the Laws of Science: The Law of Cause and Effect.
acessado em: 22 de ago. de 2009.
[2]MOON Sun Myung. Cheon Seong Gyeong Livro 1, O Deus Verdadeiro. AFUPM. Seul: 2008,
pág. 114
[3]MOON Sun Myung. Exposição do Principio Divino. São Paulo: 2009, AFUPM, pág. 45
[4]GUIMARAES Marcelo. Investindo agora lucrando sempre. Belo Horizonte: AMES, 2006,
pág. 42

Thursday, August 6, 2009

Sobre o Livro de Gênesis, Bereshit (parte 1)

INTRODUÇÃO

Segundo dizem os rabinos, se uma pessoa conseguir entender os quatro primeiros capítulos do livro de Gênesis, Bereshit em hebraico, ela será capaz de desvendar os segredos do Universo(1). Gênesis contém a história da Criação do Universo e o início da história da humanidade que começou errada. Mas até hoje os teólogos e os estudiosos das religiões não têm uma interpretação do Criacionismo reconhecida pelo mundo científico, e todo ser humano continua perguntando:

Por que Deus criou o Universo? Qual é a origem do ser humano? Por que existe o mal se Deus é a fonte da bondade absoluta? Por que devemos morrer? Para onde vamos depois?

Se acreditarmos realmente que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, então teremos que restaurar ou voltar para o estado original antes da queda conforme está escrito no primeiro capítulo, quando tudo era muito bom no paraíso do Jardim de Éden.

Há segredos ainda ocultos na Bíblia, que entenderemos somente quando vier o Espírito de verdade. É necessário que o leitor esteja disposto a ler com a mente aberta, livre de conceitos pré-formados, fixados e estabelecidos pelas doutrinas do passado. É por isso que Jesus disse: “o vinho novo deve ser posto em odres novos, e ambos juntamente se conservarão.”(2)

O leitor sincero e interessado por uma nova visão poderá descobrir uma relação profunda com o Criador. Um dos segredos mais bem guardados encontra-se no capitulo três, que relata o começo do mal e a expulsão do homem do Jardim do Éden. O homem não conseguia mais encontrar o seu caminho de volta, mesmo depois da vinda do Messias Jesus, que veio como o novo Adão para restaurar a falha do primeiro Adão.

Sendo Deus um ser de amor, criador de uma natureza e universo perfeitos, com certeza deve ter acontecido uma falha muito grande no Jardim de Éden para explicar o tamanho da maldade existente no ser humano(3). Os rabinos e os estudiosos da Tora não conseguiram interpretar “o tremendo mistério” da “árvore do conhecimento do bem e do mal” , e por conseqüência disso a falha de Adão no Jardim não foi bem entendida pelo judaísmo milenar.

Quando Jesus, o Messias, veio para restaurar o homem banido do Éden, os sacerdotes, os escribas e João Batista não foram capazes de entender a sua missão, e por isso Paulo lamentou a ignorância do povo que crucificou Jesus, dizendo: “a sabedoria de Deus, oculta em mistério... nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória” (4). Devido à descrença do povo, Jesus encerrou a sua vida terrena na cruz sem ter tido a oportunidade de dizer tudo o que queria dizer: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”(5). A segunda vinda tornou-se necessária pois a missão de restaurar o Éden não foi realizada naquela época.

O estudo profundo da primeira lei (Gn 2: 16-17 - a lei da porção de responsabilidade humana durante o período de crescimento) revela que o plano de salvação pela morte na cruz foi na verdade o plano “B” secundário, e que havia antes um plano “A” primário, “a obra de Deus: que creiais naquele que ele enviou.” Esta obra não foi realizada em virtude da descrença do povo judeu.

O apóstolo Paulo, seguidor da Tora, reconhecido com um dos pilares fundadores do cristianismo, forneceu quase um terço das escrituras do Novo testamento. Ele influenciou diretamente as doutrinas cristãs com a sua visão tradicional de bom fariseu, ensinou e escreveu suas cartas que se tornaram as crenças do cristianismo até hoje. Sua conversão aconteceu na ocasião da visão do espírito de Jesus ressuscitado. Como o seu conhecimento prévio a respeito dos ensinamentos de Jesus era limitado, mediante os testemunhos de outros seguidores e a inspiração do Espírito Santo. Continuando a crença da Antiga Aliança, “sem derramamento de sangue não há remissão dos pecados”. Os discípulos e ele acreditaram que o sacrifício de Jesus era a vontade predestinada do Deus todo poderoso.

Para chegar a esta conclusão, o Reverendo Sun Myung Moon lutou durante muitos anos contra milhares de espíritos malignos na terra e no mundo espiritual. Ele foi então capaz de revelar os segredos do Céu, graças a uma comunhão com Deus, um encontro com Jesus, e com o apoio dos santos no paraíso.

Não é nada fácil vencer os preconceitos, e é necessário para isso um tempo de discernimento e amadurecimento. É preciso cultivar um coração humilde, e buscar através da oração a intuição espiritual, o sentimento no coração e o entendimento na razão.

[1] SHULAM Joseph. A Tora. Belo Horizonte: AMES, 2006 pág.13
[2] Lc 5, 38
[3] GUIMARAES Marcelo. Investindo agora lucrando sempre. Belo Horizonte: AMES, 2006,
pág. 50
[4] I Cor. 2, 8
[5] Jo 16, 12

Sunday, March 22, 2009

A Santíssima Trindade2

A Santíssima Trindade
Parte 2


3 - JESUS CRISTO, FILHO ÚNICO DE DEUS
3.1 A PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO CRISTO
a) Contribuições Políticas dos Romanos
b) Contribuições Intelectuais dos Gregos
3.2 A CONCEIÇÃO E A INFÂNCIA DE JESUS
a) A Anunciação
b) A Infância
3.3 A MISSÃO DO MESSIAS
a) A Missão de João Batista
b) A Tentação de Jesus
c) O Reino de Deus está próximo
d) A Missão de Jesus
e) A Morte de Jesus na Cruz
f) A Ressurreição de Jesus
4 - O ESPÍRITO SANTO
4.1 A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
a) Manifestação do Criador
b) Transmissão da Revelação Divina
c) Os Dons
4.2 A DIMENSÃO FEMININA DO ESPÍRITO SANTO
4.3 O ESPÍRITO SANTO E O RENASCIMENTO
4.4 O ESPÍRITO SANTO, OS SANTOS E O ANJOS
5 - AS QUESTÕES A SER A RESOLVIDAS
5.1 O VALOR DE UMA PESSOA QUE REALIZOU A FINALIDADE DA CRIAÇÃO
5.2 QUEM ERA JESUS?
a) O Adão aperfeiçoado e Jesus como a Restauração da Árvore da
Vida
b) Jesus e os Homens que Alcançaram a Finalidade da Criação
c) Jesus é o Próprio Deus?
d) Qual era a relação entre Jesus e Deus?
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANEXOS

3. JESUS CRISTO, FILHO ÚNICO DE DEUS

A criação, obra da bondade divina, incluindo a humanidade era boa...muito boa. (Gn 1, 31) Adão e Eva, imagem do Pai e Mãe do Céu, eram predestinados a viver no Jardim de Éden de acordo com o plano original do ideal de Deus para ser felizes para sempre, assim como todos os seus descendentes. Infelizmente, antes de alcançar a maturidade e a perfeição, o primeiro Adão levou toda a humanidade na história do pecado. São Paulo afirma: “Assim como pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, do mesmo modo, pela obediência de um só, todos se tornarão justos” (Rm 5, 19). Então a vinda de Jesus, filho único de Deus se tornou necessária, como segundo Adão; afim de que pudéssemos receber a adoção filial e voltar para o ideal original antes da queda. Podemos raciocinar que se o primeiro Adão tivesse obedecido ao mandamento de não comer do fruto, a história do mal não teria acontecido, Eva teria multiplicado filhos do bem, e todas as crianças teriam sido concebidas e nascidas sem pecado original vivendo no Jardim do Éden ou Paraíso. Deus não teria precisado iniciar a providência de salvação para preparar a vinda de Jesus.
Depois do pecado, a providência da salvação, que é em outras palavras, a história da restauração do estado antes da queda ou a recriação do Adão original que viera como Jesus Cristo, se tornou necessária. Para que Deus possa enviar seu Filho Jesus Cristo, passou-se muito tempo de preparação ao longo da história, devido às muitas falhas repetidas das figurais centrais que tentaram fazer as condições para estabelecer o Fundamento para receber o Messias(1) até a chagada da “ plenitude do tempo”. (Gl 4, 4)

3.1 A PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO CRISTO
A genealogia de Jesus Cristo no primeiro capítulo do evangelho de Mateus revela o esforço de Deus para preparar uma linhagem que possa ter as condições de dar luz ao Filho de Deus. Quatro mil anos de história bíblica, desde a queda de Adão e Eva e dois mil anos desde a família de Abraão foram necessárias até que Deus possa encontrar uma mulher escolhida para cumprir a missão a mais extraordinária da história humana: dar luz ao Filho de Deus, Salvador da humanidade.
Um período de 400 anos de preparação para a vinda do Messias começou após a volta dos israelitas de seu cativeiro na Babilônia para Canaã. Eles estavam plenamente conscientes da importância de terminar o templo. Dezoito anos depois da volta dos primeiros exilados, a energia e a profunda fé desses líderes, conseguiu entusiasmar o povo para retomar a obra. Uns quatro anos depois, o templo estava terminado(2). Convencidos de que Iahweh tinha novamente escolhido Sião como sede de seu reino, viam o término do templo como a pre-condição necessária para que Jahweh pudesse vir para habitar no seio de seu povo. O profeto Malaquias iniciou um movimento de reforma suscitando o estudo da lei, e o arrependimento dos pecados.
Zacharias também se dirigia a Zorobabel em linguagem messiânica. Ele declarava que o esperado “rebento” da linhagem de Davi (Jr 23, 5) estava prestes a aparecer (Zc 3, 8) para subir no trono.
Deus preparou não apenas os judeus, mas os romanos e os gregos, que contribuíram para realizar um ambiente para receber o Cristo na terra.

a) Contribuições Políticas dos Romanos
A lei romana, com sua ênfase sobre a dignidade do indivíduo, no direito deste à
justiça e à cidadania romana, contribuiu para unificar os homens de raças diferentes numa só organização política. Com o aumento do poderio imperial nos países ao redor do Mediterrâneo, foi criado um espaço de livre circulação e de propagação de idéias. Os soldados romanos mantinham a paz nas estradas da Ásia, África e Europa. Os romanos criaram um ótimo sistema de estradas que iam de Roma a todas as regiões do Império. O papel do exército romano no desenvolvimento do ideal de uma organização universal foi predominante; os provincianos entravam em contato com a cultura romana e ajudavam a divulgar suas idéias através do mundo antigo.

b) Contribuições Intelectuais dos Gregos
Foi graças à influência grega, que a cultura basicamente rural da antiga República
deu lugar à cultura intelectual do Império Romano. O grego tornou-se no mundo antigo, ao tempo que o Império Romano apareceu, a língua universal. O dialeto de Atenas, conhecido como Koinê espalhou-se através do mundo mediterrâneo. Foi usado pelos cristãos para escrever o seu Novo Testamento e pelos judeus de Alexandria para escrever seu Velho Testamento, a Septuaginta. Eles tinham pesquisas filosóficas sobre tudo que se relacionava com o homem, Deus, bem, mal, e sua existência. Os filósofos gregos incentivaram as atividades intelectuais e levaram outros povos a pensar. Sócrates e Platão ensinavam, cinco séculos antes de Cristo, que este presente mundo temporal dos sentidos é apenas uma sombra do mundo real, espiritual e eterno(3).

3.2 A CONCEIÇÃO E A INFÂNCIA DE JESUS

a) A Anunciação
Maria recebeu a mensagem do anjo Gabriel anunciando que o Messias será
concebido por ela (Lc 1, 31); ela aceitou a vontade de Deus ( Lc 1, 38) e depois partiu imediatamente, apressadamente e entrou na casa de Zacarias (Lc 1, 40). Um teólogo, Sr C. A. Wainwright de Oxford ofereceu uma explicação a respeito da gravidez de Maria, que seria o resultado de uma cerimônia especial, um "casamento sagrado" entre o sacerdote e a virgem. Seguindo as instruções do anjo e do Espírito Santo, Maria ficou três meses na casa do sacerdote até a confirmação da gravidez(4).
Rev. Sun Myung Moon confirmou que Jesus foi concebido na casa de Zacarias, no discurso "Visão do Princípio da História Providencial da Salvação", Maria teve fé absoluta, acreditando na palavra do anjo, mensageiro do Espírito Santo de Deus, ao risco de ser apedrejada. Este ato de fé restaurou a falha de Eva, que acreditou na palavra de Lúcifer também sem ter medo da morte. Ela realizou a condição de eliminar a mancha do pecado original, e é por isso que Maria é conhecida como “a Imaculada Conceição” e engravidou de Jesus como o novo Adão original antes da queda.
Como diz Sto. Irineu: “o nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela incredulidade a virgem Maria desligou pela fé” e “Veio a morte por Eva e a vida por Maria”(5).
Maria, Elisabete e Zacarias seguiram a revelação de Deus, e acreditaram incondicionalmente, que isso era a vontade e o desejo de Deus(6). A partir do momento que Maria deixou a casa de Zacarias, a vida de Jesus e de Maria sua mãe, tornou-se difícil. A família de Zacarias deveria ter sido o muro de proteção para Jesus até o final.

b) A Infância
O mundo cristão festeja o Natal mostrando Jesus nascido em uma manjedoura. É um local para animais. Este tipo de lugar não é um local para o nascimento do Filho de Deus. O futuro Rei dos Reis. Seria a vontade de Deus ou de qualquer pai ou mãe de ver seu Filho nascer em um estábulo? Com certeza Maria pensava que o Filho de Deus merecia nascer no melhor palácio.
Se Jesus tivesse começado sua vida reconhecido como o Filho de Deus, a história de sua vida teria sido diferente? Em verdade, ele teria sido tratado com o rei de Israel. Deus queria ver todos os grandes sacerdotes reunindo-se para acolher a criança sagrada; então os chefes das doze tribos teriam competido para servi-lo enquanto ele estava crescendo, pois sua missão era se tornar Rei dos Reis.
Jesus era uma criança solitária, saindo freqüentemente saindo de casa desacompanhada.
Uma vez, seus pais deixaram-no em Jerusalém, e voltaram para busca-lo só após três dias. Como é possível que os pais deixem um menino jovem assim?
O relacionamento entre José e Jesus era complicado, distante e estranho; José como
padrasto não tinha relacionamento de sangue. Jesus teria desejado apoio de seus pais, irmãos e parentes. Ele era mal tratado, tendo seu coração cheio de dores. Ele não teve outra alternativa senão de fugir de sua casa aos trinta anos. Durante trinta anos, ele nunca podia expressar alegria com seus irmãos; enquanto eles estavam alegres, ele ficava sempre calado, derramando lágrimas sem fim(7).

3.3 A MISSÃO DO MESSIAS
a) A missão de João Batista
Muitos leitores da Bíblia se perguntaram a respeito de João: "Se ele era um homem tão grande, diante do Senhor, no espírito e poder de Elias como está registrado em Lucas 1, 17, porque ele não se tornou o primeiro discípulo do Filho de Deus?” Jesus indicou que a missão de João era de cumprir a segunda volta de Elias em Mt 11, 14.
Se João tivesse seguido Jesus, a liderança da sociedade teria sido a primeira a aceitar Jesus Cristo como o Filho de Deus. Então quem teria crucificado o Senhor da gloria?
O problema foi que Elias não voltou da maneira como o povo pensava, porque no Antigo Testamento estava escrito que ele subiu ao céu. Eles acreditavam que Elias voltaria descendendo do céu. A profecia de Malaquias se tornou obstáculo, porque se Jesus era o Messias, onde estava Elias? João negou e disse: "Eu não sou Elias, não sou profeta." (Jo 1, 21). Porque ele sabia que Jesus era um marginal rejeitado pela sociedade, e fazendo isso João bloqueou o caminho de Jesus, parecendo então, que Jesus era um impostor aos olhos do povo(8).
João Batista, embora ele mesmo tivesse testificado que Jesus era o Messias, no final duvidou dele. (Mt 11, 3) Por conseguinte, ele falhou e saiu de sua posição Abel impedindo o povo judeu em acreditar em Jesus. O fundamento de fé que ele havia estabelecido foi perdido, e assim, o próprio Jesus teve que restaurar aquele fundamento iniciando um secundo curso de separação de Satanás jejuando por quarenta dias no deserto, herdando a missão de João Batista, sem poder revelar publicamente o fato de que ele era o Messias. (Mt 16, 20)

b) A tentação de Jesus
Satanás simbolizado pela serpente na Gênesis causou a queda do homem, fazendo-o fracassar no cumprimento das três bênçãos(9). Jesus na posição de novo Adão(10), veio para realizar estas três bênçãos que Deus havia prometido. Por conseguinte, Satanás procurou impedir que ele realizasse a finalidade da criação, apresentando as três tentações, a fim de obstruir o caminho para a restauração das bênçãos. (Mt 4, 1-12)
Jesus, vencendo a primeira tentação, reafirmou sua posição de Messias que aperfeiçoou sua personalidade, mesmo a ponto de morrer de fome, pois o pão não era preocupação para Jesus que queria se tornar o Verbo encarnado de Deus e alimento espiritual para salvar os corpos espirituais de toda a humanidade.
Vencendo a segunda tentação, Jesus que veio como o Templo (Jo 2, 19-21) e em posição de Noivo, Verdadeiro Pai da humanidade, estabeleceu uma condição possibilitando a restauração de todos os crentes, multiplicando os verdadeiros filhos.
Depois da queda, como Satanás se tornou o dominador de toda a Criação (Ro 2, 20), Jesus Cristo veio como o dominador de toda a Criação. (I Co 15, 27) Por isso Satanás tentou Jesus para que ele se rendesse diante dele como aconteceu no jardim do Éden. Jesus venceu a terceira tentação para restaurar sua dominação sobre todo o mundo da Criação.

c) O Reino de Deus está próximo
Na época de Jesus todo o povo Judeu, que esperava o Reino de Deus, recitava uma
oração semelhante ao “Pai nosso”: “venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.” (Mt 6, 10, Lc 11, 2)
Se Deus é o Alfa, então o Reino de Deus, o cumprimento final de Sua vontade criadora, é o Omega(11). O objetivo principal da pregação de Jesus era de exortar o povo a se arrepender e preparar a chegada do Reino dos céus. (Mt 4, 17)
A expressão “Reino de Deus” que Jesus usou significa a “autoridade do império de
Deus”(12), mas poderíamos traduzi-la como a “lei divina” ou “teocracia”, Mateus preferiu utilizar a expressão “Reino dos Céus” seguindo o costume Judaico de não pronunciar o nome de Deus, palavra muito sagrada que não poderia ser proferida(13).
Há dois conceitos de Reino de Deus, o primeiro é a visão profética na esperança de uma nação regenerada e politicamente libertada para um rei escolhido pelo Espírito de Deus, é o tipo messiânico. O segundo é a transformação sobrenatural do mundo e o julgamento de Deus salvando os bons e castigando os maus, é o tipo apocalíptico.
As duas esperanças são encontradas juntas nas escrituras, como nos livros dos Salmos e de Enoquio, as esperanças de um rei vitorioso sobre as nações inimigas eram a destruição e a regeneração sobrenatural do mundo.
Jesus seguiu a linha dos profetas reformadores como Isaías e Zacarias que anunciaram a esperança do Messias e o ideal do Reino de Deus de uma maneira pacifista quando todas as nações “De suas espadas eles fabricarão enxadas, e de suas lanças farão foices” (Is 2, 4) e universalista proclamando que Deus é “O Senhor de toda a terra”.(Zc 4, 14)
A visão de Jesus era de estabelecer o Reino de Deus na Terra, começando a partir da nação de Israel, e a fórmula que Jesus revelou era a prática e a ética dos ensinamentos do Sermão da Montanha(14).
Jesus não rejeitou a sucessão do rei Davi, que era um aspecto essencial das mensagens dos profetas da esperança messiânica popular da época, ele não negou o título de rei dos judeus que a multidão clamou: “Bendito aquele que vem como rei, em nome do Senhor!” (Lc 19, 38; Mc 11, 10) ou quando ele foi interrogado por Pilato: “Tu és o rei dos judeus? Respondeu Jesus: É você que dizes isso.” (Lc 23, 3)

d) A Missão de Jesus
A finalidade da vinda de Jesus como Messias era realizar a providência da restauração, conseqüentemente, o Reino do Céu na Terra devia ter sido estabelecido por Jesus. "Sede vós perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mt 5, 48). Ele mandou que seus discípulos orassem para que a vontade de Deus fosse feita na Terra como no Céu (Mt 6 :10).
Quando as pessoas lhe perguntaram o que deviam fazer para executar as obras de Deus, Jesus respondeu dizendo: "A obra de Deus é esta: que acrediteis naquele que Ele enviou (Jo 6, 29). Se os judeus acreditassem que ele era o Messias, o que tanto Deus como Jesus queriam, será que poderiam tê-lo crucificado?
Podemos ver que a crucifixão de Jesus foi o resultado da ignorância e descrença do povo judeu, e não da vontade original de Deus, mas o plano secundário iniciado após a falta de fé como está escrito: “E Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que devia ir a Jerusalém, e sofrer muito da parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos doutores da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.” (Mt 16, 21) e também São paulo diz: "Nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu isto, pois se tivessem compreendido não teriam crucificado o Senhor da glória" (I Coríntios 2,8)(15).

e) A Morte de Jesus na Cruz
Será que a morte de Jesus na cruz correspondeu ao desejo mais profundo da Vontade de Deus?

1 - Vamos examinar as palavras de Estevão em Atos 7, 52: ele sentiu uma grande
indignação em relação a ignorância e a descrença do povo que causou a crucifixão de Jesus, e chamou aqueles que mataram Jesus, de traidores e assassinos. Se a morte de Jesus tivesse sido um resultado da predestinação de Deus, não haveria motivo para Estevão ficar tão bravo, indignado e ressentido, mas deveria ter se sentido grato pelo cumprimento da Vontade de Deus.

2 - Vejamos do ponto de vista da Providência de Deus se a crucifixão de Jesus era inevitável como a predestinação de Sua Vontade.
Deus escolheu o povo de Israel, descendentes de Abraão, mandando os profetas que prometiam a vinda do Messias, preparou-os através da construção do Tabernáculo e do Templo, e enviou os magos do oriente; Simeão, Ana e João Batista para testemunharem o nascimento e a vinda do Messias. O propósito de Deus em enviar uma personalidade de alto escalão como João Batista, com os milagres que aconteceram no seu nascimento criando uma grande expectativa (Lc 1, 13; 63-66), foram para encorajar e levar o povo judeu a acreditar em Jesus como Messias.
Se eles tivessem acreditado em Jesus como sendo o Messias, como poderiam eles tê-lo crucificado depois de esperar por ele por tanto tempo? Os Israelitas crucificaram Jesus porque, contra a Vontade de Deus, não acreditaram que Jesus era o Messias. Neste sentido, podemos compreender que Jesus não veio para morrer na cruz.

3 - Vamos analisar as palavras e ações de Jesus para ver se a crucifixão era o meio de realizar sua missão de Messias. Quando as pessoas lhe perguntaram o que devia fazer para realizar a obra de Deus, Jesus respondeu: “A obra de Deus é que vocês acreditem naquele que ele enviou.” (Jo 6, 29) Jesus chorou à vista de Jerusalém devido à descrença dos fariseus, indicando claramente a ignorância do povo da cidade: “...pois que não conheceste o tempo da tua visitação(16).”(Lc 19, 44) Em outra ocasião: “Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os que foram enviados a você!...” (Mt 23, 37)
Jesus censurou o povo que se recusou a acreditar nele, mesmo quando as escrituras davam testemunho sobre ele: “Vocês vivem estudando as Escrituras, pensando que vão encontrar nelas a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim.”(Jo 5, 39) “Eu vim em nome de meu Pai, e vocês não me receberam...” (Jo 5, 43), “Se vocês acreditassem mesmo em Moisés, também acreditariam em mim, porque foi a respeito de mim que Moisés escreveu.” (Jo 5, 46)
Jesus realizou muitos milagres e sinais na esperança de que pudessem crer nele. Contudo, eles o condenaram como alguém que estava possuído por Belzebu. “...mesmo que vocês não queiram acreditar em mim, acreditem pelo menos em minhas obras. Assim vocês conhecerão, de uma vez por todas, que o Pai está presente em mim, e eu no Pai.” (Jo 10, 38)
Jesus, através de suas palavras e obras, tentou levar o povo a acreditar nele porque esta era a vontade de Deus. Se os judeus tivessem acreditado que ele era o Messias, o que tanto Deus e Jesus queriam, será que poderiam tê-lo crucificado?
Podemos ver que a crucifixão de Jesus foi o resultado da ignorância e descrença do povo judeu, e não da predestinação de Deus para realizar a finalidade de sua vinda como Messias. “Nenhuma autoridade do mundo conheceu tal sabedoria, pois se a tivessem conhecido não teriam crucificado o Senhor da glória.(I Co 2, 8)
Se a crucifixão de Jesus originalmente tivesse sido a predestinação de Deus, como poderia ele ter orado três vezes, para que o cálice da morte passasse dele? (Mt 26, 39) Porque ele sabia muito bem que a história de aflição seria prolongada até a época do Senhor do Segundo Advento, se a descrença do povo viesse a impedir a realização do Reino do Céu na Terra.
Em Isaías 9, 5-6 diz-se:
“Porque nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e ele se chama «Conselheiro Maravilhoso», «Deus Forte», «Pai para sempre», «Príncipe da Paz». Grande será o seu domínio, e a paz não terá fim sobre o trono de Davi e seu reino, firmado e reforçado com o direito e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo de Javé dos exércitos é quem realizará isso.”
Esta é a predição de que Jesus viria sobre o trono de Davi e estabeleceria um reino eterno. Um anjo apareceu a Maria quando ela concebeu Jesus e disse:
“Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim”. (Lc 1, 31-33)
Destas passagens podemos ver claramente que Deus tinha chamado os israelitas, o povo escolhido e os tinha conduzido por dois mil anos a fim de estabelecer um Reino de Deus na Terra mandando Jesus como Messias. Mas devido à incredulidade, foi crucificado. Desde então os judeus foram espalhados, sofrendo perseguições até o dia de hoje. Isto pode ser entendido como uma trágica conseqüência do erro ao condenar à morte o Messias. Também os cristãos tiveram de carregar a cruz pelo pecado coletivo da crucifixão de Jesus(17).
Por que a idéia da necessidade providencial da Cruz se tornou uma das bases da doutrina cristã? Foi um acontecimento inevitável, indispensável para a sobrevivência da Igreja. Nunca a igreja teria conseguido se desenvolver, nem resistir às perseguições judaicas e romanas, se fosse fundada na consciência de uma falha do plano divino (em realidade uma falha da porção de responsabilidade humana que era de acreditar no Messias). Logo no início depois da morte do mestre, os discípulos estavam convencidos que foi a vontade de Deus e de Jesus. Assim Paulo acreditou: “Cristo morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras, ele foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras”. (I Co 15, 3-4) A idéia da necessidade providencial da morte do Messias se formou no pensamento dos discípulos depois da crucifixão(18).
A passagem de Isaías 53, 5, interpretada como uma profecia de predestinação da rejeição do Messias, sobre o servidor sofredor que foi escrita no passado, não era considerada como uma profecia na época de Jesus. Se Jesus estivesse convencido de que sua execução era a vontade de Deus, ele teria ido completamente sereno, não teria tido medo de arriscar a sua vida. A oração do jardim de Getsemani (Mc 14, 36), não era a respeito de seu sofrimento, mas era para consolar Deus e por ele ter pensado em todos os martírios que seguirão seu curso.

f) A Ressurreição de Jesus
Em Lucas 9, 60, encontramos dois conceitos de vida e morte, o primeiro à respeito do
corpo físico, que era o caso do pai do discípulo, que devia ser enterrado. O segundo é o conceito da vida e morte com respeito às pessoas que se reuniram para o enterro do pai, as quais Jesus indicou estarem mortas.
Quando Jesus disse: “... quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá”.(Jo 11, 25) A declaração de Jesus neste caso é a indicação de que a morte física do homem não influencia sua vida eterna no mundo espiritual.
Nossa carne é como roupas para nosso espírito; e é natural que nós removemos a carne, quando está velha, como tiraríamos velhas roupas. Então os homens espirituais vão para o mundo invisível a fim de lá viverem para sempre(19).
Antigamente os Israelitas acreditaram na sobrevivência dos “mortos” ou a imortalidade da alma como a maioria dos povos, mas para combater o culto dos “mortos” a religião oficial de Israel chegou a negar a existência dos “mortos”, então a crença na ressurreição dos mortos veio para substituir este vácuo eterno. Segundo o padre dominicano Marie-Emile Boismard Jesus negou esta crença analisando a resposta de Jesus para os Saduceus(20). (Mc 12, 24-27)
Depois da Ressurreição, Jesus não era o mesmo que tinha vivido com seus discípulos antes da crucifixão. Ele já não era um homem visto com os olhos físicos, pois era um ser transcendente de tempo e espaço. Certa vez apareceu repentinamente em uma sala fechada, onde seus discípulos estavam reunidos (Jo 20, 19), em outra ocasião, apareceu diante de dois discípulos que se dirigiam para Emaús, o os acompanhou por uma longa distância. Mas seus olhos não podiam reconhecer Jesus, que apareceu diante deles. (Lc 24, 15-16)
Jesus que aparecia, também desaparecia subitamente.
Jesus disse: “Destruam este templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2, 19), Jesus ressuscitado iniciou um novo curso espiritual e se tornou o “novo templo” objeto de fé para os cristãos que se tornaram o segundo Israel.
Jesus ressuscitado, também tinha que estabelecer um fundamento espiritual de 40 dias, reunindo seus discípulos, dispersos na Galiléia, e dando-lhes o poder de realizar milagres. (Mt 28, 16) Os apóstolos escolheram a Matias em lugar de Judas para completar o número 12, e creram, serviram e seguiram a Jesus ressuscitado, que se tornou Messias espiritual na posição de Verdadeiro Pai espiritual. Depois da Pentecostes (At 2, 1- 4), o Espírito Santo trabalhou na posição de Verdadeira Mãe espiritual e assim começando a obra de renascimento espiritual para os cristãos. Assim os corpos físicos dos crentes que seguem o Messias espiritual estão na mesma posição que o corpo físico de Jesus, invadido por Satanás através da cruz, então o pecado original ainda permanece em si (Rm 7, 25). Todos os cristãos têm que esperar pelo segundo advento do Senhor para resolver completamente a separação de Satanás.
Assim como Josué, que substituiu Moisés na restauração nacional de Canaã, o Senhor do Segundo Advento tem que realizar o Reino de Deus na Terra, realizando um curso substancial mundial de Canaã(21).


4 - O ESPÍRITO SANTO

Ele é representado simbolicamente como vento, tufão, sopro, fogo, unção, crisma, selo, água e pomba. Em hebraico Espírito é ruah, palavra feminina e em grego pneuma, ambos os termos significam sopro, vento, vendaval e furacão. Assume a função de mãe, nos consola como Paráclito (habitualmente traduzido por “Consolador”), exorta e ensina. O próprio Jesus chama o Espírito Santo de “Espírito de Verdade” (Jo 16, 13). Inicialmente o Espírito não é conscientizado como Pessoa mas como uma força divina e originária que atua na criação, se faz particularmente presente nos profetas. São tomados pelo Espírito e falam inebriados por sua inspiração, em algumas situações, ficaram extáticos(22).

4.1 A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

a) Manifestação do Criador
Na Gênesis o Espírito de Deus pairava sobre o caos primitivo (Gn 1, 2), Deus soprou seu espírito em Adão que se tornou uma alma vivente (Gn 2, 7). Neste caso, o Espírito Santo é uma manifestação de Deus Pai, e não uma entidade diferente, Ele é o Criador, simbolizado pelo “Sopro”, origem do ser e da vida de toda criatura(23). O Espírito de Deus Criador que fez todas as coisas do universo está continuamente presente depois da queda trabalhando e guiando a humanidade, é o Espírito que “dirige o curso da história... renova a face da terra, e está presente à evolução humana”(24).

b) Transmissão da Revelação Divina
O Espírito serve como o órgão para a transmissão da revelação divina. Segundo as Escrituras Sagradas, às vezes o Espírito Santo de Deus fala diretamente com as figuras centrais escolhidas ao longo da história para dirigir a Providência Divina tais como: Abrão, Moisés, Samuel, Jesus e Paulo. Moisés conversou com o Espírito de Deus no Monte Sinai, recebeu a Tora e a missão de levar o povo para a Terra Prometida. No caso de Jesus, o Espírito de Deus desceu como pombo e a voz dos céus disse: “Este é o meu Filho amado, que muito me agrada.” (Mt 3, 17). Os evangelistas Mateus e Lucas tributam ao Espírito Santo a origem da encarnação do Filho: “o que foi gerado nela (Maria) é do Espírito Santo”, pois “foi grávida do Espírito Santo” (Mt 1, 18.20)(25), como já foi explicado acima, a nova interpretação sugerida, seria que o Espírito Santo de Deus deu uma mensagem através do anjo Gabriel; seguindo as instruções, Maria entrou na casa de Zacharias para conceber Jesus. A pregação de Jesus se realiza no Espírito (Lc 4, 14). É Ele que está no começo da comunidade eclesial em Pentecostes (At 2, 32). Jesus em S. João disse: “O Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse” (Jo 14, 26). Ele conduzira os discípulos à plenitude da verdade (Jo 16, 13-15).

c) Os dons
A presença do Espírito se manifesta pela diversidade de dons e serviços que aparecem na comunidade, em cada pessoa, conforme Ele quiser. São Paulo enumera vários deles (1Cor 12, 7-11). Estamos vivendo uma época de Renovação Carismática, reavivamento pentecostal evangélico, grupos espíritos e novos movimentos religiosos conforme o que foi prometido em Atos 2, 17: “Nos últimos dias, diz o Senhor, eu derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas. Os filhos e filhas de vocês vão profetizar, os jovens terão visões e os anciãos terão sonhos”.
Podemos observar hoje em dia, universalmente além do cristianismo o derramamento do Espírito:
“a ação do Espírito agiu e age sem a Igreja, porque é maior do que a Igreja, maior do que todas as Igrejas. Porque cria e une o novo templo da humanidade, ele não só é o autor da unidade integral e ideal em Cristo, mas também une e integra a Igreja, o corpo místico de Cristo, e a humanidade, ligada também à Igreja, porque não existe o legalismo da salvação e não há fronteiras da Igreja que sejam fronteiras para o Espírito Santo”( Nota 56).

“O Espírito sopra, contudo, onde e quando quer. Portanto a graça está em relação não com a Igreja institucional, mas com a Igreja mística, e a doutrina da graça não entra no quadro da doutrina da Igreja como instituição exterior e canônica”(Nota 62).
“A experiência mística do "Eu sou", da luz e da ressurreição vivida por Sri Ramana Maharishi(Nota 82) e da situação na casa de Cornélio, descrita nos Atos dos Apóstolos (10,44-45), prova que não há fronteiras para a ação do Espírito Santo: "Também sobre os gentios se derramara o dom do Espírito Santo" (At 10,45). O Espírito Santo é, pois, o artífice da unidade dos homens, porque sua ação ultrapassa os limites de Igreja institucional”(26).
Os dons do Espírito Santo são sete, segundo a habitual recensão dos teólogos: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, fortaleza, piedade, temor de Deus(27). A Tradição cristã costuma enunciar sete dons do Espírito, baseando-se no texto de Is 11,1-3, que é a profecia da vinda do salvador, o messias:
“Do tronco de Jessé sairá um ramo, um broto nascerá de suas raízes. Sobre ele pousará o espírito de Javé: espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor de Javé. A sua inspiração estará no temor de Javé. Ele não julgará pelas aparências, nem dará a sentença só por ouvir”.
O dom da ciência leva o homem a compreender, de um lado, o vestígio de Deus que há em cada ser criado, e, de outro lado, a exigüidade ou insuficiência de cada qual.
O dom do entendimento faz ver melhor a santidade de Deus, a infinidade do seu amor, o significado dos seus apelos e também a pobreza, não raro mesquinha, da criatura que se compraz em si mesma, em vez de aderir corajosamente ao Criador.
O dom da sabedoria não realiza a síntese dos conhecimentos da fé em termos meramente intelectuais. Ele oferece um conhecimento sápido ou saboroso da verdade.
Existe um dom do Espírito Santo, chamado “dom do conselho”. Este permite ao cristão tomar as decisões oportunas sem a fadiga e a insegurança que muitas vezes caracterizam as deliberações da virtude da prudência. A criatura, limitada como é, nem sempre consegue conhecer adequadamente o momento presente, menos ainda é capaz de prever o futuro e ainda sente dificuldade em aplicar os conhecimentos do passado à compreensão do presente e ao planejamento do futuro. É preciso, pois, que o Espírito Santo, em seu divino estilo, lhe inspire a correta maneira de agir no momento oportuno e exatamente nos termos devidos.
Ora há um dom do Espírito que orienta divinamente todas as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando as mais profundas e perfeitas: é precisamente o dom da piedade.
Pelo dom da fortaleza, o Espírito impele o cristão não apenas àquilo que as forças humanas podem alcançar, mas também àquilo que a força de Deus atinge. É essa força de Deus que pode transformar os obstáculos em meios; é ela que assegura tranqüilidade e paz mesmo nas horas mais tormentosas.
O dom do temor de Deus se prende inseparavelmente à virtude da humildade. Esta nos faz conhecer nossa miséria; impede a presunção e a vã glória, e assim nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus.
Para se beneficiar da ação do Espírito Santo, o ser humano deve dispor-se de duas maneiras principais:

a) cultivando o amor, pois é o amor que propicia afinidade com Deus e, por conseguinte, torna uma pessoa apta a ser movida pelo Espírito de Deus;

b) procurando jamais dizer um Não consciente e voluntário às inspirações do Espírito. Quem se acostuma a viver assim, cresce mais velozmente em direção da perfeição espiritual e se aproxima do modelo de Cristo Jesus.

4.2 A DIMENSÃO FEMININA DO ESPÍRITO SANTO

A palavra Espírito é feminina e sempre tem a ver com uma função materna e processos ligados à vida e à proteção da vida. No Antigo Testamento, o Espírito é como a Sabedoria, amada apresentada como esposa e mãe. “A lei irá ao seu encontro como mãe, e o acolherá como jovem esposa” (Eclo 15, 2), é às vezes identificada como Espírito: “Quem poderá conhecer o teu projeto, se tu não lhe deres sabedoria, enviando do alto o teu espírito santo?” (Sb 9, 17)
Em S. João, o Espírito é apresentado de tal forma que nos recorda traços tipicamente femininos. Ele nos consola como Paráclito, exorta e ensina (Jo 14, 26; 16, 13), não nos deixa ficar órfãos (Jo 14, 18). Segundo Paulo, o Espírito assume a função de mãe e nos ensina a balbuciar o nome verdadeiro de Deus Abba (Rm 8, 15)(28).
Um teólogo sírio, Macário (†334), diz: “O Espírito é nossa mãe porque o Paráclito, o Consolador, está pronto a nos consolar como uma mãe ao seu filho (Is 61, 13) e porque os fiés são renascidos do Espírito e são assim os filhos da Mãe misteriosa, o Espírito (Jo 3, 3-5)(29).
Já consideramos na primeira parte, Deus como Pai e Mãe, a Causa Original invisível de todas as características e funções masculinas e femininas criadas e manifestadas no mundo visível, então o Espírito Santo corresponda ao aspecto feminino em Deus: Deus Mãe. Em Deus, o Pai e a Mãe são um conjunto, não são duas entidades ou Pessoas separadas.

4.3 O ESPÍRITO SANTO E O RENASCIMENTO

Jesus disse a Nicodemos, que aquele que não nasce de novo, não pode ver o Reino de Deus (Jo 3, 3). Significa que somos descendentes de pais decaídos, nascidos com o pecado original, já que os primeiros pais da humanidade foram expulsos do Reino de Deus, o homem decaído deve nascer novamente como filhos sem pecado original.
Seria impossível a maus pais, com pecado original, dar nascimento a filhos do bem, sem pecado original. Naturalmente, não podemos encontrar pais do bem entre os homens decaídos. Tais pais devem “descer” do Céu. É por isso que a Bíblia diz que Jesus é o segundo Adão ou “o último Adão tornou-se espírito que dá a vida” (I Co 15, 45). Jesus veio como pai eterno (Is 9, 6) para fazer renascer os homens decaídos como filhos do bem, sem pecado original. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo por sua grande misericórdia. Ressuscitando a Jesus Cristo dos mortos, ele nos fez renascer para uma esperança viva” (I Pe 1, 3).
Contudo, um pai sozinho não pode ter filhos. Deve haver uma Verdadeira Mãe com o Verdadeiro Pai, a fim de darem renascimento aos filhos decaídos como filhos do bem. Ela é o Espírito Santo. É por isso que Jesus disse a Nicodemos: “...ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito” (Jo 3, 5). Assim, o Espírito Santo é o espírito feminino atuando como Mãe, e Jesus sendo masculino, está trabalhando como Pai.
Uma criança nasce por meio do amor de seus pais. Quando chegamos a crer em Jesus como Salvador por meio da inspiração do Espírito Santo, recebemos o amor dos Verdadeiros Pais espirituais. Então, por meio deste amor, uma nova vida é infundida naqueles que crêem em Cristo, e cada um renasce em um novo eu espiritual. Isto se chama “renascimento espiritual”(30).

4.4 O ESPÍRITO SANTO, OS SANTOS E OS ANJOS

Além do Espírito Santo de Deus, Pai e Mãe e do Filho Jesus, exista uma multidão de bons espíritos dos Santos, antepassados e anjos tentando de guiar e influenciar a vida dos homens na terra. Um exemplo disso é o fenômeno da pentecoste onde um grupo de pessoas de repente começou a falar idiomas estrangeiros. (At 2, 11) Os primeiros cristãos receberam assistência dos espíritos desencarnados trabalhando para realizar a providência divina, quando o Espírito Santo precisa de uma forma ou instrumento, Ele utiliza ou trabalha por intermédio de um espírito humano desencarnado ou um anjo. A palavra “Espírito Santo” está sendo usada para relatar numerosos acontecimentos ao longo da história da providência divina da salvação, incluindo a participação de santos, sábios, bons antepassados e anjos.
Podemos encontrar na obra de Swedenborg(31) explicações detalhadas sobre o mundo dos espíritos e dos anjos. Deus usa os anjos e os espíritos como intermediários para guiar os seres humanos dentro do plano divino, as pessoas que são chamadas, que vêem visões ou ouçam vozes não sabem distinguir o mensageiro, elas acreditam que Ele é o Espírito Santo. O Senhor falou com os profetas e revelou e ditou a Sua Palavra através de espíritos mandados por Ele, o espírito é como um instrumento, depois da conversação ele percebe que ele não está falando sua própria palavra, mas a palavra do Senhor. Mesmo os espíritos chamam a se-mesmo “Jeová” nas mensagens dos profetas, nas Escrituras Sagradas.


5 - AS QUESTÕES A SEREM RESOLVIDAS

Leonardo Boff revela três preocupações básicas: simplificar a confusão de controvérsias e heresias históricas, privilegiar as interpretações no contexto de dominação dos países pobres e manter a consciência da limitação humana diante do mistério(32). Além das dificuldades encontradas entre as igrejas cristãs, o conceito da Trindade criou uma contradição e uma divisão com as outras religiões monoteístas:
“O cristianismo fez-se herdeiro da grande tradição judaica que foi também a de Jesus. A afirmação axial do Antigo Testamento e do judaísmo histórico reside na profissão de fé de que Javé é um só e único Deus. Esta proclamação foi sempre selada com o sangue dos mártires.
Como então sustentar uma tríade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo ao lado com esta
unicidade divina?”(33)
Há um problema ainda maior com os seguidores da fé muçulmana que representam mais de um bilhão ou quase 25% da população mundial, e é a religião que mais cresce atualmente no mundo segundo o último censo Mundial realizado pela ONU. O conceito de Deus Trindade é um obstáculo para aproximação com o islamismo que acredita firmamento no Deus único: "Dize: Ele é Deus, único! Deus o Absoluto. Jamais gerou ou foi gerado. E ninguém é comparável a Ele" (Alcorão Sagrado 112:1-4). Do ponto de vista muçulmano:

“A doutrina da Trindade foi desenvolvida em conseqüência da divinização de duas criaturas, Jesus e o misterioso Espírito Santo, e a associação deles com Deus, como seus parceiros na Divindade ou Figura Divina. Tal como é explicada na literatura cristã, ela (a Trindade) representa a personificação separadamente de três atributos de Deus.”(34)

As Escrituras do Antigo Testamento afirmam conscientemente o monoteísmo divino(35), Jesus, nem os autores do Novo Testamento ensinaram a respeito da doutrina da Trindade que foi elaborada e sistematizada resultando do esforço humano(36) de interpretar a natureza de Jesus na luz das Escrituras, da Tradição dos Apóstolos, das práticas sacramentais e dos ensinamentos dos Santos pioneiros do cristianismo.
O desenvolvimento da doutrina mobilizou gerações de pensadores cristãos e eminentes teólogos que criaram palavras-chave técnicas, linguagem e conceitos para tentar denominar o que se distingue e o que é idêntico em Deus. Esta situação engendrou lutas, conflitos e confusão entre as numerosas formas de pensar e de expressar palavras associadas a língua latina, grega e hebraica(37).
A introdução da palavra Filioque dentro do Credo foi uma das razões da ruptura entre as igrejas do Ocidente e do Oriente em 1054, o legado papal Humberto depositou sobre o altar da Santa Sofia em Bizâncio seu documento acusando os gregos de haverem suprimido o Filioque do Credo!(38)
Hoje em dia os teólogos tem uma tarefa urgente de esclarecer a doutrina da Santíssima Trindade para impedir os conflitos entre as civilizações do Ocidente e do mundo muçulmano, um caminho seria de privilegiar as interpretações que aproximam todas as igrejas cristãs em uma grande igreja universal “católica” ou “ecumênica” aonde todos os cristãos, como uma grande família, superam as diferenças de crenças, doutrinas, rituais e liturgias através de uma capacidade de amar, respeitar além das diferenças. Ao mesmo tempo em que todos os cristãos se reconciliam, pedindo perdão mutuamente um ao outro para os erros do passado, o grupo representando o cristianismo harmonizado promove a aproximação e a cooperação com o islamismo e o judaísmo. Desta forma a Terra Santa terá paz para as três grandes religiões monoteístas descendentes do mesmo pai Abraão.
O professor de teologia L. Boff que escreveu mais de 50 livros na área de teologia confessa que não tem respostas: “o mistério da SS. Trindade é o mais radical e absoluto da fé cristã...Enquanto é mistério permanecerá sempre como o Desconhecido em todo o conhecimento, pois o mistério é o próprio Pai, o próprio Filho e o próprio Espírito Santo. E o mistério durará eternamente”(39).
Será que o bondoso Pai Celestial não tem vontade de revelar-se para seus filhos? Com certeza com a plenitude do tempo, Deus inspirará uma nova teologia para resolver as questões da natureza de Jesus Cristo que durante os últimos 2000 anos causou divisões, contradições e confusões na vida dos líderes espirituais. O conhecimento vem da cognição e, hoje o homem não pode ter cognição de coisa alguma, que não tenha lógica e nem prova científica. Para compreender alguma coisa, primeiro deve haver cognição. Assim, a verdade interna também requer prova lógica.
A nova teologia oferece um raciocínio lógico da seguinte forma: A finalidade da vinda de Jesus como Messias era realizar a salvação. Devemos entender porque o homem necessita de salvação, e o que é salvação. A salvação se tornou necessária por causa da queda humana. Então devemos compreender o que aconteceu na queda humana. Por que Adão e Eva caíram? Qual foi o pecado dos primeiros antepassados humanos?
Já que a "Queda" significa que o plano original da criação de Deus não foi realizado, então devemos primeiro elucidar qual é a finalidade da criação e o significado da vida. Por que Deus nos criou? Devemos conhecer o valor do homem original recebido na criação.

5.1 O VALOR DE UMA PESSOA QUE REALIZOU A FINALIDADE DA CRIAÇÃO

Vamos examinar o valor de Adão aperfeiçoado, caso ele não tivesse caído(40). Qual seria a relação entre Deus e o Adão aperfeiçoado?
Se Adão tivesse alcançado o objetivo da criação sem cair, ele se tornaria o templo de Deus, segundo São Paulo: "Vocês não sabem que são o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?" (I Cor 3, 16) Jesus falou deste estado de perfeição, dizendo: "Sejam perfeitos como é perfeito é o Pai de vocês que está no céu”.(Mt 5, 48) Neste sentido podemos ver que uma pessoa que realizou a finalidade da criação adquire um valor divino semelhante ao de Deus.

5.2 QUEM ERA JESUS?

A história humana pode ser encarada sob o ponto de vista da salvação e da providência da restauração do que foi perdido no momento da queda no Jardim do Éden, e o objetivo é a realização do Reino do Céu na terra.

a) O Adão aperfeiçoado e Jesus como a Restauração da Árvore da Vida
A Árvore da Vida que foi perdida no Jardim do Éden (Gn 3, 24) será restaurada nos Últimos Dias. (Ap 22, 14) Podemos conhecer o relacionamento entre Jesus e Adão aperfeiçoado compreendendo o relacionamento entre a Árvore da Vida do Jardim do Éden (Gn 2, 9) e a Árvore da Vida que deve ser restaurada no fim dos tempos. (Ap 22, 14)
Se Adão tivesse chegado a atingir o ideal da criação, ele teria se tornado a Árvore da Vida (Gn 2.9). Contudo, Adão caiu e foi expulso do Jardim do Éden (Gn 3, 24) sem atingir a Árvore da Vida, e a partir de então tem sido a esperança dos homens decaídos restaurar-se à esta Árvore da Vida (Pv 13, 12, Ap 22, 14).
Visto que o homem decaído jamais pode restaurar-se como Árvore da Vida por seu próprio poder, é necessário que um homem que tenha completado o ideal da criação venha como uma árvore de vida e enxerte em si todas as pessoas. Jesus é esta árvore da vida mencionada na Bíblia no Livro do Apocalipse.
Por isso Adão aperfeiçoado, simbolizado pela Árvore da Vida no Jardim do Éden, e Jesus, que é também comparado com a Árvore da Vida no Apocalipse, são idênticos, do ponto de vista de que são homens que atingiram o ideal da criação.
Por isso, São Paulo chamou Jesus Cristo de "último Adão" (I Cor 15, 45) que deve vir de novo à Terra como a Árvore da vida nos Últimos Dias.

b) Jesus e os Homens que Alcançaram a Finalidade da Criação

São Paulo escreveu em I Timóteo 2, 5: "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os Homens, o homem Jesus Cristo".
E em Romanos 5, 19: "Assim como, pela desobediência de um só homem [Adão], todos se tornaram pecadores, do mesmo modo, pela obediência de um só homem [Jesus], todos se tornarão justos".
E também I Coríntios 15, 21: "De fato, já que a morte veio a través de um homem [Adão], também por um homem [Jesus] vem a ressurreição dos mortos”.
A Bíblia disse também em Atos 17, 31, no discurso de São Paulo em Atenas: "Pois ele estabeleceu um dia em que irá julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que designou e creditou diante de todos, ressuscitando-o dos mortos”.
Por maior que seja o valor de Jesus, ele não pôde assumir um valor maior do que o de um homem que atingiu a finalidade da criação. Por isso, não podemos negar que Jesus foi um homem que alcançou a finalidade da criação.
Como já foi comentado, os homens devem ser perfeitos como Deus é perfeito e Jesus é verdadeiramente um homem aperfeiçoado, tão valioso que possui deidade, um valor único, sendo senhor de toda a criação e é um só corpo com Deus(41).

c) Jesus é o Próprio Deus?

Quando Filipe pediu a Jesus que lhe mostrasse o Pai [Deus], Jesus disse-lhe: "Quem me viu, viu o Pai; como é que vocês diz: Mostra-nos o Pai? Vocês não acredita que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?. (Jo 14, 9-10) Também diz a Bíblia: "O Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu”.(Jo 1, 10) Jesus também disse: "Eu garanto a vocês: antes que Abraão existisse, Eu sou" . (Jo 8, 58)
Baseados nestes versículos, muitos cristãos acreditam que Jesus é o próprio Deus, o Criador.
É verdade que aquele que vê Jesus, vê Deus; mas ele não disse que era o próprio Deus. Jesus, sendo um só corpo com Deus, pode ser chamado de segundo Deus ou imagem de Deus, mas não pode ser o próprio Deus.
Está escrito que Jesus é o Verbo feito carne, ou seja encarnação da "Palavra". Está escrito também que todas as coisas foram feitas através dele. Baseada nessas citações, Jesus vem sendo chamado de Criador.
Segundo o Princípio da Criação, o universo criado é o desenvolvimento substancial da natureza interna e da forma externa de um ser humano de caráter perfeito. Jesus, como um homem que cumpriu a finalidade da criação está na posição de ter restaurado todas as coisas, logo, estes versículos de São João não significam que Jesus era o próprio criador(42).
Como Jesus pode dizer: "Antes que Abraão existisse, eu sou", Jesus era descendente de Abraão, mas em relação à providência da restauração, ele dá renascimento a toda a humanidade, ele veio como o novo antepassado de todos incluindo Abraão. Jesus, na Terra, não foi um homem diferente de nós, externamente, exceto pelo fato de ser sem pecado original(43).
Em Romanos 8, 34 está escrito que Jesus intercede por nós, se ele fosse o próprio Deus, como poderia interceder por nós perante si mesmo? Além disso ele chamava Deus "Pai", reconhecendo assim que ele não era o próprio Deus (Jo 17, 1). Se Jesus fosse o próprio Deus, como poderia ser tentado por Satanás? Finalmente quando lemos as palavras que ele disse na cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt 27, 46) fica bem claro que Jesus não é o próprio Deus.

d) Qual era a relação entre Jesus e Deus?

A primeira comunidade cristã era composta de judeus que aceitaram Jesus como o Messias de Israel, e eles nunca pensaram que Jesus era Deus. Eles entenderam o conceito de "Filho de Deus", no sentido de um relacionamento intimo entre Jesus com seu Pai celestial(44). A nação de Israel era chamada "meu filho" por Deus (Ex 4, 22; Os 11, 1). O rei Davi também (2 Sm 7, 14; Sl 2, 7).
Para os primeiros cristãos, Jesus não era Filho de Deus porque seu nascimento era um "milagre", mas porque ele foi especialmente eleito desde o batismo, o Espírito Santo desceu sobre ele e que Deus declarou, como no tempo de Davi: "Tu és meu Filho". (Sl 2, 7).
O título de "Filho de Deus" era equivalente a Messias, que não era suposta a ser uma personalidade sobrenatural, mas simplesmente um homem escolhido por Deus e dotado por Ele de um poder particular(45).
Então, como apareceu a crença da conceição virginal de Jesus? Como foi a mudança de conceito de Jesus eleito ao conceito de Jesus concebido Filho de Deus? Esta crença não está mencionada nas cartas de São Paulo, os mais antigos textos do Novo testamento. Está escrito assim: "com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade..." (Ro 1, 3-4) A conceição virginal de Jesus não aparece também no evangelho de São Marco, o mais antigo dos quatro, nem no evangelho de São João. Há possibilidade de que está crença foi introduzida mais tarde nos evangelhos de Mateus e Lucas segundo Boers(46). A idéia da conceição milagrosa está presente em outras fontes pagãs, judias e nos manuscritos do Mar Morto, na Antigüidade grega, egípcia e romana. A paternidade divina era atribuída para os grandes personagens da história. Naturalmente, a expressão Filho de Deus perdeu o sentido judeu de "abençoado por Deus" e se tornou sinônimo de "concebido diretamente por Deus", então a partir de "Filho de Deus", Jesus se tornou "Deus o Filho", a segunda pessoa da Santa Trindade, preexistente eternamente na criação(47).


CONCLUSÃO

Devido à falta de fé do povo judeu a aceitar Jesus como Messias, o cristianismo foi levado para outros povos, “os gentios” de várias culturas. Os missionários cristãos desenvolveram interpretações adaptadas para cada situação. A grande preocupação dos líderes de comunidades era de defender a doutrina cristã contra as outras formas de pensamentos considerados como heresias. São Paulo escreveu as Cartas e depois os Evangelhos foram escritos pelas comunidades muitos anos após a morte de Jesus. Então o Novo Testamento contém poucos ensinamentos que saíram da boca de Jesus, mas da ênfase nas doutrinas das comunidades que interpretaram a fé dentro do contexto daquela época.
Os grandes teólogos desenvolveram a doutrina na tentativa de resolver as questões teológicas que surgiram a respeito da natureza humana ou divina de Jesus. Foram muitos anos de disputas dependendo da ênfase: Jesus Cristo o Filho, é Deus Pai o Criador ou um ser humano subordinado a Deus?
O polêmico Concilio de Nicéia, no século 4, afirmou o dogma da Trindade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – em um só Deus. Até hoje, milhões de cristãos no mundo inteiro reafirmam sua fé com base do Credo Apostólico, que é uma versão adaptada do Credo Niceno.
Com a plenitude dos tempos, o desenvolvimento do conhecimento cientifico, do raciocínio intelectual, do intercambio das experiências religiosas e espirituais podemos reavaliar as interpretações e os fundamentos considerados durantes muitos séculos como intangíveis.
Deus Pai de toda a humanidade, revelado no Universo criado e ao longo da História humana, é a base do número três encontrado na natureza e nas Escrituras Sagradas. O relacionamento entre Deus e a humanidade que foi perdido desde Adão e Eva está sendo restaurado. No Antigo Testamento, Deus era percebido muito distante como um Mestre longe de seus servos. Jesus revelou Deus como Pai. As ultimas revelações mostram, Nosso Pai Celestial, aflito, sofrendo da dor da separação de seus filhos caídos no pecado. Apesar de ser todo-poderoso, Ele não pode mudar o coração dos seres humanos pela força, somente pelo amor.
A Vontade de Deus era realizar uma Trindade Original centralizada no Amor Verdadeiro: Deus Pai, Adão Filho e Eva Filha. A Queda quebrou este plano, Deus trabalhou o longo da história do Antigo Testamento para preparar a vinda do Messias, o segundo Adão. Jesus nasceu como Filho de Deus, Cristo e Messias ele tentou estabelecer o Reino de Deus na Terra, mas foi rejeitado pelo seu próprio povo. Jesus Cristo (o Filho) ressuscitado e o Espírito Santo formaram uma Trindade Espiritual com o Pai, dando renascimento a todas os crentes que aceitam e acreditam em Jesus.
Jesus Cristo, Filho de Deus, nasceu depois de muitas gerações de preparação, sem pecado, como o Novo Adão, Arvore da Vida, passou por muitas dificuldades na sua infância. O profeta João, preparado por Deus para abrir o caminho e servir o Messias, duvidou que Jesus era aquele Salvador esperado. Jesus perdeu a credibilidade diante das autoridades, tornou-se excluído, passou por um impostor e foi condenado a morrer crucificado. Jesus ressuscitado iniciou o cristianismo com a cooperação do Espírito Santo. O plano de Deus era que Jesus se tornasse o sucessor do trono de Davi e estabelecesse o Reino de Deus começando pela nação escolhida de Israel.
O Espírito Santo, o Consolador representa o aspecto feminino ou mãe, de Deus. Ele atua diretamente ou através de anjos, os Santos ou os bons antepassados de acordo com as necessidades providenciais da vontade de Deus. Ele direcionou Maria no momento da Conceição de Jesus, se manifestou no Batismo e na Pentecoste.
O esclarecimento do Mistério da Santíssima Trindade é uma tarefa urgente para a reconciliação de todos os cristãos e para que o mundo inteiro acredita em Deus e assim realize o desejo de Jesus em Jo 17, 21: “para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste”.
As controvérsias teológicas seguindo a imposição do dogma de Nicéia alimentaram o desenvolvimento do Islã. Mais tarde a briga a respeito da palavra “Filioque” foi uma das causas do grande Cismo de 1054. A confusão das doutrinas também alimentou a Reforma de Lutero, que provocou a segunda grande divisão do cristianismo no século XVI.
As novas descobertas teológicas do século XX, assim que o desenvolvimento dos fenômenos espirituais revelando os segredos da Sagrada Escritura oferecem uma grande oportunidade de esclarecer o grande Mistério Cristão da Santíssima Trindade.


Notas:

[1] Veja Anexe a nova teologia do Rev. Moon: O Fundamento para receber o Messias é
baseado no seguinte princípio: Adão falhou a obedecer ou acreditar ao
mandamento ou Palavra de Deus, então certas condições devem ser estabelecidas
para restaurar o estado original que é o “Fundamento de Fé”, e ele não realizou
a substância ou a encarnação da Palavra, isto é chamado de “Fundamento de
Substância” que é “a condição para eliminar a natureza decaída” herdada da
queda baseada neste dois fundamentos que foram estabelecidos nas famílias
providenciais como foi descrito acima e depois no nível nacional de Israel, o
Messias podia nascer.
[2] BRIGHT, John. História de Israel. p. 499
[3] CAIRNS, Earle. O Cristianismo através dos Séculos. p. 31-34
[4] WEATHERHEAD, L. The Christian Agnostic. p. 59-63
[5] Catecismo da Igreja Católica N° 494
[6] Veja anexe a nova interpretação do Rev. MOON, S. M. The Life and Mission of
Jesus Christ. p 12
[7] Idem - p. 17
[8] Veja o anexo a nova teologia do Rev. MOON, S. M. - The Life and Mission of
Jesus - p. 26
[9] Veja acima 2.1- d)
[10] Catecismo da Igreja Católica Nº539
[11] SOBRINO, J., Jesus e o Reino de Deus. p. 137
[12] FUNK, R., The Five Gospels: The search for the Authentics Words of Jesus.
Tradução de: God’s Imperial rule.
[13] GUYENOT, L., Le Roi sans Prophéte. p. 55
[14] Idem, p. 58
[15] Veja o anexo da nova teologia MOON, S. M. - Princípio Divino - p. 111
[16] Versão Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida.
[17] Veja o anexo a nova teologia do Princípio Divino do Rev. MOON, Idem p. 112
[18] GUYENOT, idem p. 72
[19] Veja o anexo da nova teologia do Rev. MOON. Princípio Divino. p. 127
[20] BOISMARD, M.-E., “Faut-il encore parler de résurrection?”
[21] Veja o anexo MOON, S. M. Princípio Divino. p. 268
[22] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 231-240
[23] Catecismo da Igreja Católica Nº703.
[24] Veja a Gaudium et Spec Nº 26
[25] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1999 idem p. 235
[26] PAPROCKI, Henryk. A Promessa do Pai. A Experiência do Espírito Santo na Igreja
Ortodoxa. Cap. 9. Nota 56-62-82
[27] BETTENCOURT, D. Estevão. Os 7 Dons do Espírito Santo. Revista “PERGUNTE E
RESPONDEREMOS”. nº. 479, Ano 2002, Pág. 163.
[28] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 240
[29] MOLTMANN, E. J., Dieu, homme et femme. Paris 1984, 120.
[30] Veja o anexo da nova teologia Princípio Divino. P. 161
[31] SWEDENBORG, E. Heaven and Hell. New York, 1990. p.178-180
[32] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1999. Na capa.
[33] Idem p. 29
[34] A voz muçulmana na Internet. Disponível em: /trindades.htm> Acesso em 12 fev.2006
[35] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1999. p.58
[36] idem p. 40
[37] idem p. 80-84
[38] idem p. 95
[39] idem p. 283-284
[40] Veja o anexo da nova teologia do Rev MOON, S. M. "Princípio Divino" p. 154
[41] idem nova teologia do Princípio Divino p. 156
[42] Idem, p. 157
[43] Idem, p. 158
[44] GUYÉNOT, L. "Le Roi sans Prophète" p. 41
[45] GUYÉNOT, L. Op. Cit., p. 43
[46] Idem, p. 44
[47] Idem, p. 45


REFERÊNCIAS

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Monday, March 9, 2009

A Santíssima Trindade1

A Santíssima Trindade
Parte1

São Paulo 2005
CHRISTIAN LEPELLETIER

Trabalho Científico Orientado, apresentado como atividade obrigatória do Curso de Lato Sensu em Teologia.

CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO UNIFAI

ORIENTADOR: Prof. Dr. DOMINGOS ZAMAGNA

Aprovada em dezembro de 2005.

RESUMO

A presente pesquisa tem por objetivo de analisar a formação do dogma da Santíssima Trindade na história da tradição cristã. A partir do século II, os intelectuais cristãos começaram a formular a doutrina de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Os teólogos criaram uma linguagem trinitária para tentar definir a natureza das três pessoas e o relacionamento entre elas. S.Agostinho produziu quinze livros para elaborar uma exposição sistemática do mistério trinitário. Apesar de uma longa sucessão de mestres teólogos trabalhando arduamente para reafirmar o dogma, até os dias atuais, ninguém jamais respondeu inteiramente as numerosas questões e controvérsias geradas pela fixação da doutrina, desde o Credo de Nicéia em 325. Analisando várias fontes de teologia contemporânea, é possível encontrar caminhos novos de interpretação transcendendo as fronteiras de denominações e religiões, clarificando o conceito de Deus Pai-Mãe de toda a humanidade, de Jesus Cristo, o Filho, homem aperfeiçoado de valor divino e do Espírito Santo feminino como Mãe doando o “renascimento espiritual” para toda a humanidade. Deus Criador pode ser conhecido por meio de suas obras, Deus não abandona sua criatura, mesmo depois da queda, Ele dirige a providência divina de salvação. Quando chegou a plenitude do tempo, enviou Deus seu Filho, o Messias Jesus de Nazaré, nascido da Virgem Maria, movidos pela graça do Espírito Santo chegamos a aceitar Jesus Cristo como nosso Salvador. Devido à falta de fé e a rejeição do povo de Israel, ele morreu crucificado, deixando inacabado o plano da construção do Reino de Deus. Apareceu ressuscitado e mobilizou seus discípulos que fundaram as primeiras comunidades cristãs. Ele prometeu seu retorno em breve, Cristo virá para realizar o triunfo definitivo do bem sobre o mal.

Palavras-chaves: Trindade, Deus, Jesus, Espírito Santo.

SUMÁRIO



INTRODUÇÃO..............................................................................................06
1- HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA.........................................08
1.1 TEÓLOGOS CRIADORES DA LINGUAGEM TRINITÁRIA....................................08
a) Santo Ireneu...................................................................08
b) Orígenes de Alexandria.........................................................09
c) Tertuliano.....................................................................09
d) Os capadócios: S. Basílio Magno, Gregório de Nissa, Gregório Nazianzeno....09
e) Santo Agostinho de Hipona......................................................10
f) São Tomás de Aquino............................................................10
1.2 OS GRANDES CONCÍLIOS A RESPEITO À SS. TRINDADE.........................11
a) O símbolo de Nicéia............................................................11
b) O símbolo de Constantinopla.........................................11
c) O símbolo do Concílio de Toledo................................................12
d) O Concílio de Éfeso............................................................12
e) O Concílio de Calcedônia.......................................................13
f) O Concílio de Florença.........................................................13
g) O IV Concílio do Latrão........................................................13
2 - DEUS PAI......................................................................14
2.1 DEUS REVELADO NA CRIAÇÃO E A FINALIDADE DA CRIAÇÃO........................14
a) O número “três” no mundo natural................................................14
b) O número “três” revelado na Sagrada Escritura.................................15
c) Deus Pai e Mãe..............................................................15
d) As três finalidades da criação.................................................16
2.2 DEUS REVELADO NA SAGRADA ESCRITURA E NA HISTÓRIA..............................16
a) O Coração de Deus..............................................................17
b) Na história do Antigo Testamento..............................................17
c) Na história do Cristianismo...................................................18
2.3 O PLANO E A VONTADE DE DEUS................................................19
a) Na família de Adão...........................................................19
b) Na família de Noé...........................................................20
c) Na família de Abraão............................................................20
d) No curso de Moisés.............................................................21


INTRODUÇÃO

O mundo de hoje está em rápida mutação passando por crises graves dos valores norteando a humanidade. O cristianismo do terceiro milênio necessita de enfrentar o grande desafio de uma reforma continua oferecendo soluções aceitáveis para todos, independente da religião, da raça ou da cultura. Esta grande tarefa foi iniciada no Concílio Vaticano II a fim de tornar a doutrina cristã mais acessível e mais compreensível, e de reviver a fé do povo de Deus.
Como podemos entender melhor a doutrina cristã se a base, o pilar central de todo o edifício é um mistério fora de lógica, de raciocínio ou de linguagem do povo? Assim o Catecismo define: “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã” e “a fonte de todos os outros mistérios da fé”.
Vamos examinar a história do desenvolvimento da doutrina baseada na obra de Leonardo Boff: A Trindade e a Sociedade e apresentar uma sucessão de teólogos eminentes, pensadores cristãos, Santos Padres que contribuíram na edificação da doutrina. Vários Concílios definiram o Credo e consolidaram os alicerces da Igreja, começando em 325, na cidade de Nicéia até o Concílio de Florença em 1440. Os primeiros motivos de reunir os Concílios eram de combater as doutrinas consideradas heréticas, resultando na imposição de dogmas.
Seguindo a ordem da Profissão da Fé Cristã do Catecismo da Igreja Católica vamos ver como Deus Pai é revelado na Sua obra da Criação e quais são as três finalidades ou objetivos da vida que Ele deu para Adão e Eva. O atributo mais importante do Pai Celestial é o Coração de Amor incondicional para salvar seus filhos. A Sagrada Escritura registra a intervenção divina tanto diretamente quanto através dos profetas. Podemos descobrir que a história repete-se até restaurar o fundamento de fé que foi perdido por Adão e Eva. Jacó, a primeira figura central vitoriosa da história, tornou-se modelo para o curso de Moisés, que se tornou modelo para o curso de Jesus. A história da restauração ou da Salvação será prolongada até a realização completa da Vontade de Deus que depende do cumprimento da porção de responsabilidade humana. As coisas novas que forem expressas em nossas explicações devem ser entendidas como tentativas de desenvolver a fé cristã, e não para mudar o fundamento da fé cristã.
Jesus Cristo, o Messias tão esperado pelo povo escolhido, podia nascer somente após um longo processo de preparação tanto interna quanto externa. A falta de fé de João Batista e do povo Judeu impediu o plano original de herdar o trono de Davi. Conseqüentemente ele iniciou o segundo plano como está escrito em Mt 16, 21 conforme ás profecias. O Cristo morreu para perdoar nossos pecados, afirmam as Escrituras. A realização do Reino de Deus na Terra será prorrogada até os últimos dias da segunda vinda. A grande vitória da ressurreição e a manifestação do Espírito Santo inauguraram a providência da era cristã, mobilizando milhares de missionários, martírios e Santos seguindo o modelo de Jesus até nossos dias.
O Espírito Santo é o sinal de Deus atuando na comunidade, servindo como o órgão da transmissão da revelação divina ao longo da história. O Novo Testamento registrou claramente varias manifestações e dons do Espírito Santo no inicio do movimento cristão. Ele tem o papel de Mãe, atributo feminino de Deus. Atuando em relação a Jesus Cristo (na posição de Pai Espiritual) ressuscitado, o Espírito Santo como Mãe Espiritual permite o renascimento dos cristãos (na posição de filhos).
Na última parte, vamos apresentar uma proposta de solução ao mistério da Trindade, reconsiderando a natureza de Jesus Cristo: tanto Seu aspecto divino quanto humano em relação ao Adão original antes da queda. O entendimento correto da relação entre Deus Pai e Jesus Cristo Filho é fundamental para harmonizar todas as doutrinas, reconciliar as igrejas divididas e curar as magoas da história.
Desta forma, todas as igrejas cristãs, praticando o Amor pelos inimigos, transcenderão as barreiras de denominações, e cumprirão a oração de Jesus em Jo 17, 21. Seguindo a união do cristianismo, o caminho será aberto para a reconciliação com as outras crenças monoteístas como os judeus e os muçulmanos. Honra e glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amén.

1. HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA

Até o século III poucos se preocupavam com os problemas da doutrina que se escondiam
por trás da fórmula em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo(1). Os primeiros Cristãos eram compostos de diversos grupos tolerando várias liturgias, rituais e crenças tais como os Judeus Ebionitas acreditando que Jesus, o Messias, era um homem. Os gentios que abraçaram o cristianismo enfatizaram várias crenças herdadas da filosofia grega, como o platonismo, neoplatonismo, estoicismo. Os gnósticos identificavam a matéria como mal, negando que Cristo tinha um corpo humano. Para os maniqueístas(2), Cristo era uma luz libertando a alma da escravidão do corpo, acreditando na superioridade da vida ascética solteira.
Devido às duras perseguições surgiu a necessidade de defender a Igreja, os intelectuais cristãos tinham que enfrentar três objeções: do judaísmo tradicional, da cultura grega politeísta ou filosófica e do gnosticismo. Estes homens, designados como apologistas, convertidos do Paganismo, enfrentaram um governo hostil, escrevendo para demonstrar a inocência dos cristãos e pedir a tolerância das autoridades públicas.
Os pensadores cristãos deviam esclarecer o seguinte: se Deus é uno e único por que ele apareceria como três? O que significa a afirmação: Jesus é Filho de Deus? Jesus é igual a Deus mesmo? Após muitas discussões, o Concílio de Nicéia (325) definiu solenemente que Jesus Cristo, Filho de Deus, “é da mesma substância” de Deus Pai.

1.1 TEÓLOGOS CRIADORES DA LINGUAGEM TRINITÁRIA

Houve uma formidável luta de palavras e de fórmulas além de interesses políticos,
alheios à teologia. A mente oriental ocupou-se com uma teologia especulativa e deu mais atenção aos problemas metafísicos; a mente ocidental preocupou-se mais com os desvios administrativos. Os Polemistas, como Ireneu, procuraram enfrentar o desafio das outras doutrinas ou outras interpretações, quando consideradas divergentes do ponto de vista da liderança da Igreja, outras maneiras de crer ou pensar são chamadas heresias, derivado da palavra grega háiresis, que significa escolha. Mais do que uma opinião divergente, a heresia é um confronto direto à doutrina oficial da Igreja, é como se refutasse a própria instituição(3).

a) Santo Ireneu
Santo Ireneu (c.130 - 202), Bispo de Lyon, nascido em Esmirna, é considerado como um dos maiores bispos-téologos da Igreja antiga. Sua obra, Adversus Haereses - Contra os hereges, faz frente às especulações dos gnósticos. Ele viu e ouviu o Bispo Polycarp, discípulo de São João, e escreveu cinco livros entre eles “Detectar e Derrubar o Falso Conhecimento” para refutar o gnóticismo, afirmando a “verdadeira doutrina da Igreja”(4). Na sua Demonstração da pregação apostólica escreve no primeiro artigo:
“Deus Pai incriado, invisível, um só Deus e Criador do universo... ”
No segundo artigo, baseado na introdução do evangelho de São João:
“O Verbo de Deus, o Cristo Jesus Senhor... por quem foram feitas todas as coisas;...se fez homem...”
“O Espírito Santo pelo qual os profetas profetizaram...”
Neste pequeno corpo de doutrina trinitária ele enfatiza a preexistência de Jesus: “Não somente antes de Adão, mas antes de toda a criação, o Verbo glorificava o Pai”.
S. Ireneu ensinou o aspecto da Trindade econômica que significa a ação das divinas Pessoas e a transformação da vida humana.

b) Orígenes de Alexandria
Orígenes (182-253) é considerado o maior gênio teológico do cristianismo(5). Aluno de
Clemente, grande estudioso de filosofia grega e diretor de escola, Orígenes era tão competente, que aos 18 anos foi escolhido para suceder Clemente na direção da escola. Segundo uma estimativa, ele escreveu seis mil pergaminhos de Comentários das Escrituras e de sermões. Sua maior contribuição é intitulada De Princípio, primeiro grande tratado cristão de teologia sistemática. Outra obra, Contra Celsum, é uma resposta às acusações que Celso, um platonista, fizera contra os cristãos. Um dos livros é sobre Deus e a Trindade. Deus-Pai dá origem ao Logos (Filho), ele é o primeiro a usar a palavra hipóstase (pessoa) para caracterizar os Três divinos em Deus. Por força de sua compreensão dinâmica da Trindade, há a tendência a um forte subordinacionismo: o Pai acima do Filho. Para ele a Trindade significa um eterno dinamismo de comunicação.

c) Tertuliano
Tertuliano (160-220) nasceu em Cártago no norte da África, filho de um centurião
romano, jurista e lingüista, principal criador da linguagem trinitária, é o primeiro teólogo que escreveu empregando a língua latina. Converteu-se com 37 anos de idade e tornou-se padre. Em 206 entrou no movimento montanista, grupo fundado por Montanus(6). Tertuliano foi o principal apologista ocidental, suas obras: Ad nationes e Apolegiticus negava as antigas acusações feitas contra os cristãos. Ele utilizou a palavra Trinitas (Trindade) pela primeira vez e a fórmula: “uma substancia, três personae”: uma substância em três Pessoas. Ele estabeleceu as conexões fundamentais da compreensão trinitária. Deus não é uma mônada encerrada sobre si mesma, mas uma realidade em processo constituindo uma segunda e uma terceira pessoa que fazem parte de sua substância e de sua própria ação(7).

d) Os capadócios: S. Basílio Magno, Gregório de Nissa, Gregório Nazianzeno
O grande Basílio (330-379), bispo de Caesarea, amigo de Gregório Nazianzeno (329-390)
e de seu irmão Gregório de Nissa (394), recebeu uma excelente educação em Atenas e na Constantinopla. Depois de ter visitado mosteiros no Egito, Palestina, Síria e Mesopotâmia, ele fundou seu próprio mosteiro na sua cidade natal Pontus e tornou-se o pai do monasticismo oriental, feito bispo de uma enorme região em Capadócia(8).
A grande contribuição dos capadócios está ligada à clarificação da doutrina sobre o Espírito Santo como Deus, como pessoa divina. Graças à colaboração de Gregório de Nissa e de Gregório Nanzianzeno tiraram-se todas as dúvidas com a definição: “Creio no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai, que é juntamente adorado e glorificado com o Pai e com o Filho e que falou pelos profetas”(9).

e) Santo Agostinho de Hipona
Agostinho (354-430) nasceu na África do Norte, no Império Romano; sua mãe, Mônica,
era cristã devota. Apesar de ter recebido uma educação cristã, caiu no pecado com uma mulher e teve um filho quando tinha dezoito anos. Quando morava em Cártago foi convertido ao maniqueísmo e buscou a salvação na castidade e continência. Questionou sobre a raiz do mal e sobre a essência da existência. Era mestre em filosofia grega e romana, retórica, literatura, música e matemática. Mudou-se para Milão onde conheceu Santo Ambrósio e resolveu abraçar o Cristianismo.
Agostinho se dedicou a escrever muitas obras, as Confissões, uma autobiografia onde ele conta a história de seu coração. Cartas de correspondência, livros de filosofia, A Cidade de Deus, onde ele responde aos pagãos, as controvérsias contra os maniqueístas, os donatistas(10), os pelegianos(11) e o arianismo(12), livros de exegese, de dogmática, empenhou muitos anos na produção De Trinitate, em quinze livros e deixou numerosos sermões.
Sua doutrina é fonte de inspiração até hoje. Para elucidar a unidade na trindade e a trindade na unidade, Agostinho elaborou duas famosas analogias: espírito, conhecimento e amor ou memória, inteligência e vontade. Cada um dos termos contém os outros, os três são a própria alma humana, são uma imagem da unidade e da distinção como é a Trindade.
As três Pessoas são para Agostinho três sujeitos respectivos e estão relacionados um ao outro. Ele aprofundou o conceito de pessoas, cada Pessoa Divina como sendo Pessoa no seu modo próprio: “Vês a Trindade se vires a caridade, é a prática do amor que abre o verdadeiro acesso ao mistério da trindade”(13).

f) São Tomás de Aquino
Tomás de Aquino (1225-1274) conhecido como “Doutor Angélico”, veio de família
nobre, e foi educado na Universidade de Nápoles, fazendo-se monge dominicano. Ele se dedicou à filosofia de Aristóteles e se tornou o principal pensador escolástico a crer que o homem poderia alcançar verdades como a existência de Deus e a imortalidade através do uso da razão e da lógica aristotélica(14). Ele completou a obra de S. Agostinho criando um sistema trinitário altamente lógico. Tomás define exatamente as Pessoas divinas como relações subsistentes. As Pessoas divinas são Subsistentes permanentes e eternamente relacionados, constituindo um único Deus ou a única natureza divina. Ele plenificou a dinâmica especulativa, permanecendo no Ocidente como o grande teólogo sistemático do mistério trinitário(15).

1.2 OS GRANDES CONCÍLIOS A RESPEITO DA SS. TRINDADE

A formulação da doutrina trinitária exigiu cerca de 150 anos de reflexão, confusão,
disputa e clarificação das palavras técnicas para chegar a definir Cristo, Filho de Deus consubstancial ao Pai. A fé dogmática(16) sobre a Trindade foi consagrada pelos grandes Concílios, dentre os muitos pronunciamentos oficiais do Magistério dos Concílios Ecumênicos ou dos Papas, vamos destacar os principais.

a) O símbolo de Nicéia
Em 19 de junho de 325 o Imperador Constantino convocou para a pequena cidade de
Nicéia (atual Iznik, na Turquia) 318 bispos para participar do primeiro grande encontro ecumênico da cristandade – o Concílio de Nicéia. Constantino era preocupado pela controvérsia Ariana, que ocorreu em Alexandria, Ário afirmava que Jesus era um homem, criatura de natureza divina, subordinado a Deus Pai e não existia antes de nascer. De todos os presentes, 292 bispos condenaram a interpretação de Ário, sob a liderança de Atanásio que defendeu a idéia de que Cristo existiu desde a eternidade com o Pai e era de mesma essência (homoousios) e co-igual com o Pai. A fórmula que abriu o caminho para uma concepção trinitária de Deus foi definida pelos padres conciliares da seguinte forma(17):

“Cremos em um só Deus Pai onipotente, criador... e em um só Senhor Jesus Cristo Filho de Deus, nascido unigênito do Pai, isto é da substância do Pai, Deus de Deus,... engendrado, não feito, consubstancial ao Pai (em grego homooúsion),.... e por nossa salvação desceu do céu e se encarnou, se fez homem, padeceu, e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, e há de vir para julgar os vivos e os mortos. E no Espírito Santo”.

O essencial da doutrina da Trindade foi enunciado, Pai, Filho e Espírito e foi definida a relação entre o Pai e o Filho: são da mesma substância. Não foi precisado nada sobre o Espírito Santo.

b) O símbolo de Constantinopla
O que foi começado em Nicéia explicitou plenamente o Concílio ecumênico de Constantinopla que reuniu 186 bispos em maio de 381, convocados pelo Imperador Teodósio: o Espírito Santo é da mesma natureza do Pai e do Filho, e é, portanto Deus. As idéias de Macedônio, bispo de Constantinopla de 341 a 360, foram condenadas, ele ensinava que o Espírito Santo era uma criatura subordinada ao Pai e ao Filho. Foi acrescentado no Credo o seguinte: “E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, falou pelos profetas”.
Neste Credo indica-se com toda a clareza o que é três em Deus: Pai, Filho e Espírito Santo; expressa-se a unidade de substância entre os três, apenas se dizendo-se que o Espírito Santo procede do Pai(18).
Apolinário (c. 310-c. 390) bispo de Laodicéia era um bom amigo de Atanásio e um dos campeões da ortodoxia, ele formulou uma doutrina sobre as duas naturezas humana e divina de Cristo, ele exaltava a divindade de Cristo, mas minimizava Sua verdadeira humanidade. Sua doutrina foi oficialmente condenada no Concílio de Constantinopla.
No final do Concílio, Teodósio publicou um decreto declarando que as igrejas deveriam ser restauradas para os bispos confessando a igual Divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo e que mantiverem a comunhão com Nectarius de Constantinopla(19).

c) O símbolo do Concílio de Toledo
O símbolo niceno-constantinopolitano quando se refere ao Espírito Santo diz que Ele procede do Pai sem citar o Filho(20). O texto do I Concílio de Toledo do ano 400 reza assim: “Existe também o Espírito Paráclito, que não é nem o Pai nem o Filho, senão procede do Pai e do Filho.”
No III Concílio de Toledo em 589 o rei Recaredo, recém-convertido do arianismo, ordena intercalar a nova fórmula do Filioque (e do Filho) no símbolo niceno-constantinopolitano. O texto diz:

“O Espírito Santo é igualmente professado e pregado por nós como procedendo do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho possui a mesma substância; portanto, a terceira pessoa da Trindade é o Espírito Santo que possui também com o Pai e o Filho a essência da divindade”.

A fórmula se divulgou por toda a Igreja latina até 1014. Por ocasião da coroação de Henrique II pelo Papa Bento VIII em Roma, o Credo foi cantado com a interpolação do Filioque na basílica de São Pedro.
Os orientais consideraram um ato cismático modificar o texto sagrado do Credo comum, ainda mais que o Concílio de Efeso (431) havia condenado como anátema quem professasse “uma outra fé”, diferente daquela do Concílio de Nicéia. O Concílio de Calcedônia (451) renovara a mesma sanção. Esta questão do Filioque levou a um doloroso cisma em 1054 quando o legado papal Humberto depositou sobre o altar da Santa Sofia em Bizância seu documento acusando os gregos de haverem suprimido o Filioque do Credo!

d) O Concílio de Éfeso
Os líderes da Igreja reuniram-se em Éfeso em 431, para condenar a doutrina de Nestório, um monge erudito que se tornou patriarca de Constantinopla em 428. Ele era acusado de heresia pelo Patriarca de Alexandria. Ele rejeitava o uso do termo theotokos (mãe de Deus) aplicado à Virgem Maria, e sugeriu a palavra Christotokos como alternativa, lembrando que Maria foi apenas a mãe do lado humano de Cristo. Ele acreditava que Cristo era um homem perfeito moralmente associado à divindade. Os seguidores de Nestório continuaram seu trabalho e levaram o Evangelho à Pérsia, Índia e China(21).

e) O Concílio de Calcedônia
O IV Concílio Ecumênico de Calcedônia, uma cidade de Bithynia em Ásia Menor, reunido em 451, tinha como propósito principal de responder a doutrina de Eutiques (c. 378- c. 455). Ele era um monge em Constantinopla que ensinava que após a Encarnação, as naturezas de Cristo, a humana e a divina, se fundiram numa só, a divina. Esta doutrina negava a verdadeira humanidade de Cristo. Foi condenada por Leão I, o bispo de Roma de 440 a 461, e pelo Concílio de Calcedônia que promulgou que Cristo era completo em sua divindade e completo em sua humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, tendo duas naturezas sem separação(22).

f) O Concílio de Florença
O Concílio de Florença (de 1431 a 1447) formulou um texto de conciliação dogmático entre a concepção ocidental do Filioque e aquela clássica dos gregos:

“...com a aprovação deste concílio universal de Florença, definimos que por todos os cristãos seja crida e recebida esta verdade de fé e assim todos professem que o Espírito Santo procede eternamente do Pai e do Filho, e do Pai juntamente e do Filho tem sua essência e seu ser subsistente, e de um e de outro procede eternamente como um só princípio, e por uma única espiração; declaramos ainda que o que os santos Doutores e os Padres dizem, que o Espírito procede do Pai pelo e através do Filho, tende a esta compreensão, para significar através disso que também o Filho é, segundo os gregos, causa e segundo os latinos, princípio da subsistência do Espírito Santo, como também o Pai... Definimos além disso que a adição das palavras Filioque (e do Filho), foi lícita e razoavelmente posta no Símbolo por declarar a verdade e por necessidade urgente daquele tempo”.

As expressões: o Espírito Santo procede do Pai e do Filho (latinos) e o Espírito Santo procede do Pai pelo (através do) Filho (gregos) podem perfeitamente dizer a mesma coisa(23).
O Concílio de Florença em seu Decreto aos Jacobitas (coptas e etíopes) no ano de 1442 expressou a comunhão entre as divinas Pessoas, trata-se da pericórese (termo grego que significa a comunhão trinitária): assim o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios da criação, mas um só princípio. Ninguém precede o outro na eternidade, ou excede em grandeza, ou se sobrepõe em poder.

g) O IV Concílio do Latrão

O IV concílio do Latrão celebrado em 1215 sob a presidência do Papa Inocêncio III, trata de dois textos, um contra os valdenses e albigenses(24) e outro contra o abade Joaquim de Fiore. Nas duas formulações encontramos a expressão clássica do dogma trinitário: uma natureza única e três Pessoas distintas; a distinção das Pessoas entre si se estabelece a partir de sua origem: o Pai sem origem, o Filho do Pai e o Espírito Santo do Pai e do Filho. O pronunciamento do Concílio equilibra a Trindade imanente (as Pessoas em si mesmas) com a Trindade econômica (sua ação na história).

2. DEUS PAI

Ao longo da história, muitas têm sido as representações e definições de Deus, de acordo com cada cultura. O Ser infinito, eterno e perfeito, criador do universo. A crença no Deus único foi introduzida por Abraão, o primeiro dos patriarcas bíblicos, modelo de fé para judeus, cristãos e muçulmanos. Ele acreditou em Javé, o Deus invisível e onipresente, sua história aparece no Gênesis, no Talmude e no Corão. Os judeus não pronunciam seu nome, por ser sagrado, e os muçulmanos não podem representá-lo porque está além de nossa compreensão. No imaginário cristão, Deus foi representado com a figura de um velho sábio em pinturas de igrejas do mundo todo(25). A visão de Deus Pai apareceu ao longo da história dos hebreus. Israel entendeu, graças a seus profetas que foi por amor que Deus não deixou de salvá-lo e de perdoar-lhe sua infidelidade e seus pecados. O amor de Deus por Israel é comparado ao amor de um pai por seu filho(26).
Pode-se falar de muitas maneiras de Deus como Pai, Deus é considerado Pai por ter criado o universo, refletiremos sobre as perfeições invisíveis de Deus que podem ser contempladas, através da inteligência, nas obras que ele realizou. (Rm 1, 20) O que é o projeto de Deus? Sua divina providência? A responsabilidade que Ele confiou para a humanidade de “submeter” e “dominar” a terra?
Como Deus se revela nas escrituras sagradas, no Antigo Testamento, no Novo Testamento através de Jesus Cristo, do Espírito Santo, das religiões do mundo e dos acontecimentos históricos?

2.1 DEUS REVELADO NA CRIAÇÃO E A FINALIDADE DA CRIAÇÃO

O homem que procura a Deus descobre certas “vias” para aceder ao conhecimento de Deus. O ponto de partida é a criação: o mundo material e a pessoa humana. Observando a ordem e a beleza do mundo criado, pode-se conhecer a Deus como origem e a causa do universo como São Paulo afirma: “A realidade invisível é manifestada através das criaturas”. E Sto. Agostinho: “Interroga a beleza da terra, do mar, do ar, do céu... todas estas realidades. Todas elas te respondem: olha-nos, somos belas. Sua beleza é um hino de louvor... Quem as fez senão o Belo”(27).

a) O número “três” no mundo natural
Lemos no Capítulo 1 do Gênesis a história da criação do universo, na qual se descreve cada dia(28) da criação: “Houve uma tarde (podemos compreender que desde a tarde até a manhã seguinte passou-se uma noite) e uma manhã: foi o primeiro dia” Gn 1, 5. Podemos deduzir que todos os seis períodos do universo foram completados depois de três estágios de tempo. Todo ser é criado passando através do número “três” em sua existência e crescimento. (simbolizado pela tarde, noite e manhã)(29). Por exemplo: a matéria existe em três estados: gasoso, líquido e sólido; a planta é basicamente formada de três partes: a raiz, o tronco e as folhas; o animal é formado de cabeça, tronco e membros; o mundo natural é formado de minerais, plantas e animais; as três cores fundamentais: o vermelho, o azul e o amarelo; três energias fundamentais: a gravitacional, a eletromagnética e a atômica; os três arcanjos: Lúcifer, Gabriel e Miguel; as três funções da mente humana: intelecto, emoção e vontade; os três estágios de crescimento: infância, adolescência e fase adulta; os três estágios da vida: na barriga da mãe, na terra e no mundo espiritual...etc; então o número “três” é universalmente presente no mundo criado simbolizando a realidade do Deus tri-uno, e conseqüentemente apareceu ao longo da história a doutrina da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

b) O número “três” revelado na Sagrada Escritura
Os primeiros pais da humanidade deviam passar através dos três estágios de formação, crescimento e aperfeiçoamento, mais caíram antes, no estado de imaturidade. Por isso na providência da restauração, Deus tem trabalhado para restaurar o número três. Como conseqüências, há muitas passagens na Bíblia usando o número “três”, que deve ser restaurado pelos descendentes de Adão e Eva, escolhidos na providência divina: os três andares da arca de Noé, os três vôos do pombinho da arca, as três ofertas de Abraão, os três dias antes da oferta de Isaac, os três dias de calamidade durante o período de Moisés, o período de três dias na preparação para o êxodo, os três períodos de quarenta anos para a restauração de Canaã, o período de três dias de Josué antes do cruzamento do Jordão, trinta anos de vida particular e três anos de ministério público de Jesus, os três magos do Oriente com suas três dádivas, os três discípulos maiores de Jesus, as três tentações de Jesus, as três orações no Getsêmani, as três negações de Pedro, a escuridão de três horas durante a crucifixão e a ressurreição de Jesus depois de três dias.

c) Deus Pai e Mãe
Gênesis 1, 27 diz: “E Deus criou o homem à Sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher”. Isto nos explica que Deus, a Causa invisível é um sujeito masculino e feminino como Pai e Mãe, e que Ele criou seu filho Adão (masculino) e sua filha Eva (feminino) a sua imagem, esta visão foi colocada como Deus Pai e Deus Mãe no livro do teólogo Boff, mas na história do cristianismo predominou a imagem masculina que impediu que as mulheres pudessem até hoje expressar sua experiência religiosa(30).
Podemos dizer, sem ferir a compreensão dogmática, que o Pai... pode também ser chamado de Mãe. Então melhor diríamos, para sermos fiéis às insinuações da linguagem bíblica que apresenta Deus tanto sob os traços paternos quanto sob os traços maternos, que (Deus) é Pai ... e Mãe.
“Como uma mãe consola o filho, assim eu vos consolarei”. (Is 66, 13) O Pai de Jesus somente é Pai se for também Mãe. Nele se encontram reunidos o vigor do amor paterno e a ternura do amor materno. O Pai e a Mãe celestes. Em comunhão com o Pai e a Mãe eternos, superam-se as divisões; inaugura-se o Reino da confiança dos filhos e filhas, membros da família divina.

d) As três finalidades da criação
Quando Deus criou Adão e Eva, deu-lhes as três grandes bênçãos: “Sejam fecundos,
multipliquem-se, encham e submetam a terra; dominem os peixes do mar, as aves do céu, e todos os seres vivos que rastejam sobre a terra”. (Gn 1, 28)
A primeira bênção que Deus deu para Adão e Eva, sejam fecundos no sentido de crescer está escrita em Ez 36, 11: “Eles crescerão e serão fecundos”. Os primeiros pais da humanidade no Jardim do Éden eram criados na inocência, não existia o mal, nem o pecado, colocados em um ambiente perfeito e tinham a responsabilidade de crescer até a perfeição obedecendo ao mandamento de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e a não observação deste mandamento era o castigo da pena de morte(31).
Se Eva e Adão tivessem cumprido suas responsabilidades obedecendo ao mandamento, crescendo e aperfeiçoando suas respectivas individualidades, eles deveriam tornar-se marido e mulher e multiplicar-se pela procriação de filhos sem pecado, e realizar a segunda bênção de Deus, que era a realização de um casamento abençoado de acordo como a vontade divina original e ficar dentro do Jardim ou Paraíso.
A terceira benção é dominar e transformar o universo, participando da obra da criação, desfrutando de todas as coisas maravilhosas que Deus criou para a alegria e felicidade do homem vivendo no Paraíso na terra, o mundo ideal de paz em outras palavras, o Reino do Céu ou Reino de Deus na Terra. Se a Queda não tivesse acontecido, o mundo inteiro seria o Reino do Céu aonde alegria, harmonia e justiça teriam prevalecido. Isto era este mundo cujo Jesus chamava de Reino de Deus.
Eis uma verdade fundamental que a Escritura e a Tradição não cessam de ensinar e de celebrar “O mundo foi criado para a glória de Deus” e nossa felicidade(32) que também é fonte de alegria para Deus olhando seus filhos feliz.

2.2 DEUS REVELADO NA SAGRADA ESCRITURA E NA HISTÓRIA

“Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor!” (Dt 6, 4) Deus se revelou a seu povo eleito, por meio dos profetas, Ele chama Israel e todas as nações a se voltarem para Ele, o Único: “Voltai-vos para mim e sereis salvos, todos os confins da terra, porque eu sou Deus e não há nenhum outro!...(Is 45, 22). Deus se revelou progressivamente a seu povo, Ele disse a Moisés: “Eu sou Aquele que é” (Ex 3, 13), Aquele que é “rico em amor e em fidelidade” (Ex 34, 6). Em todas as suas obras Deus mostra sua benevolência, bondade, graça, amor, confiabilidade, constância, fidelidade e verdade. “Celebro teu nome por teu amor e verdade” (Sl 138, 2). “Eu te amei com um amor eterno, por isso conservei por ti o amor”. (Jr 31, 3) Mas S. João irá mais longe ao afirmar: “Deus é Amor” (1Jo 4,8); o próprio Ser de Deus é Amor(33).

a) O Coração de Deus
Deus não é simplesmente o Criador todo poderoso, onisciente, mestre, juiz, causa das leis naturais, da energia, da ordem ou das forças cósmicas, todas estas palavras representam um atributo a respeito de Deus, a mais importante característica de Deus é o Coração Divino como foi dito acima, nosso Pai e nossa Mãe do Céu. Por esta razão no Novo Testamento o amor está acima das virtudes, e mais alto que a fé. Se o coração simboliza o centro mais profundo da personalidade humana, então Deus dever ser visto do mesmo modo.
No Antigo Testamento, Deus se arrependeu de ter feito o homem quando Ele viu a maldade que havia se multiplicado na terra no tempo de Noé. (Gn 6, 6) Deus se arrependeu de ter feito Saul rei porque ele se afastou e não executou as ordens. (1Sm 15, 11) O Coração de Deus é tocado e muda Seus planos quando Abraão intercede pelos homens. (Gn 18, 22-33) Moisés suplicou Deus e depois Ele se arrependeu do castigo o qual havia ameaçado o povo. (Ex 32, 7-14) Quando Jonas pregou em Nínive e os ninivitas creram em Deus, convertendo-se de sua má conduta; então Ele desistiu do mal com o qual os tinha ameaçado, e não o executou. (Jn 3, 3-10)
O Coração de Deus, Sua angustia e alegria de pais, estão expressados dramaticamente e delicadamente nas parábolas do filho pródigo, (Lc 15, 11-32) o bom samaritano, (Lc 10, 30-37) a ovelha perdida, (Mt 18, 12-14) a moeda perdida, (Lc 15, 8-10) a viúva persistente (o juiz injusto). (Lc 18, 1-8) Então podemos encontrar o Coração de Deus revelado através dos ensinamentos de Jesus. Ele teve uma experiência extremamente íntima com Deus; chamando-o com pelo nome Abba que significa “o meu querido paizinho”(34).

b) Na história do Antigo Testamento

O próprio Deus age, inova, abre caminhos novos na história, o projeto divino da revelação realiza-se ao mesmo tempo por ações e por palavras, este projeto comporta uma “pedagogia divina” peculiar: Deus comunica-se gradualmente com o homem, prepara-o por etapas que vai culminar na vinda do Cristo(35). Como não podemos relatar todas as manifestações da revelação divina ao longo da história do Antigo testamento, vamos apenas mencionar algumas das principais figuras centrais que Deus escolheu para cumprir o trabalho da providência de salvação registrada na Bíblia Sagrada.
Deus tencionava para Adão e Eva, o primeiro casal da humanidade de alcançar a felicidade eterna no Jardim de Éden, deu três benções (Gn 1, 28) para ser cumpridas obedecendo ao mandamento, estabelecendo um “fundamento de fé”. Se a finalidade da criação de Deus tivesse sido assim realizada, teria sido estabelecido nesta terra o mundo ideal. O homem foi criado para viver no Reino do Céu na Terra. Neste caso, o pecado e o mal nunca existiriam e a história da salvação não teria sido necessária.
Infelizmente, o pecado entrou no primeiro casal da história humana, o Gênesis relata sobre a queda, que é a destruição do plano original de Deus, devido a qual Eva e Adão foram expulsos do Paraíso (Gn 3, 24) para se tornarem filhos de Satanás (Jo 8, 44), necessitando o plano de Salvação. A narrativa bíblica indica que Caim e Abel oferecem sacrifícios (Gn 4, 4), mas Deus aceitou a oferta de Abel e rejeitando a oferta de Caim, Deus queria que Caim ofertasse o sacrifício através de Abel, mas Caim matou seu irmão.
Depois de muitas gerações, Deus vai fazer Aliança com Noé, para tentar restaurar o “fundamento de fé” que foi perdido por Adão; apesar de Noé ter obedecido a Deus e ter conseguido a ofertar a arca, lemos em (Gn 9, 20 – 26) que o filho Cam se envergonhou e foi amaldiçoado pelo pai. Então, Cam falhou e a providência da família de Noé terminou em fracasso.
Depois de dez gerações, Deus elege Abrão, para torna-lo em Abraão. Ele vai falhar na primeira oferta, mas ele vai restaurar o “fundamento de fé” ofertando o filho Isaac, com fé absoluta, a ponto de imolar seu filho. (Gn 22, 12) Ele restaurou a falha de Eva e Adão de não obedecer ao mandamento. Isaac com a sua cooperação também restaurou o “fundamento de fé”, não precisando ser imolado, e Deus providenciou um cordeiro em lugar do filho. (Gn 22, 13)
Jacó que foi chamado estando ainda no ventre de sua mãe, estava na posição de Abel e Esaú na posição de Caim, representando o conflito entre o bem e o mal. (Gn 25, 22-23) Esaú amou e recebeu bem Jacó (Gn 33, 4), desta maneira puderam restaurar as falhas de Caim e Abel, na família de Adão, e as de Sem e Cam, na família de Noé. Assim, Jacó foi o primeiro da história da Salvação a triunfar, ele foi reconhecido por Deus e ganhou o nome de “Israel” (Gn 32, 25-28). Assim pôde construir a base para a formação da nação escolhida. Jacó estabeleceu com êxito o padrão de subjugação de Satanás, que serviria depois para Moisés e Jesus.
Um estudo comparado do curso Jacó, Moisés e Jesus mostra a presença divina atrás da história da salvação, por exemplo: Jacó teve 12 filhos e 70 membros em sua família, Moisés teve 12 tribos e tinha 70 anciãos e Jesus 12 apóstolos e 70 discípulos.
Deus falou diretamente com Moisés no meio da sarça ardente, e disse a Moisés: “Eu sou aquele que sou” (Ex 3, 14), Ele escolheu Moisés como chefe para libertar o povo escolhido da escravidão do Egito. Assim, Ele douo o poder das pragas, abriu o caminho do Mar Vermelho, mandou o maná e as codornizes, deu água no meio do deserto na rocha de Refidim. Deus também falou com Moisés no monte Sinai que recebeu os dez mandamentos, renovando a aliança com Israel (Ex 24, 8), mandou fazer um santuário móvel, uma arca, um propiciatório, uma mesa, um candelabro, um tabernáculo e um altar.
O personagem de Moisés inspirou os Padres da Igreja, e ele é considerado como um profeta, aquele que através de toda sua vida e sua obra anunciou o Messias Jesus-Cristo(36). “Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito”.(Jo 5, 46)

c) Na história do Cristianismo
Muito claramente podemos reconhecer a ação de Deus manifestada ao longo da história
do Antigo Testamento, e de uma maneira indireta podemos também perceber a intervenção divina continuando na história do cristianismo até hoje.
Depois da crucifixão de Jesus, quase todos os seguidores seguiram pelo caminho da cruz sofrendo perseguições às vezes até a morte, até que Deus, através do Espírito Santo inspirou o Imperador Constantino a reconhecer publicamente o Cristianismo. Em 392 d.C., Teodócio I declarou o Cristianismo como sendo a religião do Estado, encerrando quase 400 anos de perseguições durante o Império Romano. Este é um período de tempo que podemos comparar ao período de 400 anos de escravidão dos israelitas no Egito.
Depois de aproximadamente 400 anos de sistema patriarcal, Deus inspirou a coroação do Imperador Carlos Magno em 800 d.C. que é um período correspondente aos 400 anos dos Juízes que encerrou com a unção de Saul, primeiro rei de Israel.
O Reino Cristão de Carlos Magno abrangeu, quase 120 anos continuando através do filho e do neto, um período correspondente de 120 anos, desde o rei Saul, do filho rei Davi e do neto rei Salomão. Por conseguinte, não é por acaso, mas freqüentemente notamos que certo curso histórico, semelhante ao de uma idade passada, se repete. Os historiadores até hoje nunca explicaram a causa disto, mas podemos deduzir que Deus está dirigindo a história de acordo com a sua vontade para restaurar as falhas do passado.
O Reino Cristão foi dividido durante 400 anos em Leste e Oeste enquanto o Reino Unido de Israel dividiu-se em Norte e Sul. Os judeus foram levados cativos para a Babilônia durante 70 anos, na história cristã, enquanto os papas viveram como prisioneiros durante 70 anos em Avignon, no sul da França. Malaquias suscitou um movimento de reforma depois da volta de Babilônia, da mesma maneira que os cristãos medievais, depois da volta papal em Roma iniciaram uma reforma centralizada em Lutero.

2.3 O PLANO E A VONTADE DE DEUS

a) Na família de Adão
A criação tem sua bondade e sua perfeição como está escrita na Gênesis 1, 31 “Viu Deus tudo o que havia feito, e tudo era muito bom.” Inclusive Deus criou o homem e a mulher “em estado de caminhada” (“in statu viae”) para uma perfeição última a ser atingida, para qual Deus os destinou. Deus conduz sua criação para esta perfeição através da realização de seu projeto da divina providência(37).
O homem e a mulher criados como filhos ainda no estado de imaturidade eram responsáveis por seguir o plano e a vontade de Deus criador e Pai exprimida no mandamento: “não comerás” (Gn 2, 17), Se Adão e Eva tivessem obedecido, certamente eles não teriam morrido, ou seja não teriam caído no pecado, e o mal não teria entrado na história humana. A árvore do conhecimento do bem e do mal teria sido somente a árvore do conhecimento do bem, que teria multiplicado somente os filhos do bem sem pecado, de acordo como a bênção de Deus. Adão e Eva teriam se tornado a imagem divina perfeita, verdadeiros pais e antepassados do bem, morando no jardim do Éden, e teriam estabelecido desde o inicio da história o Reino de Deus. O primeiro plano teria sido cumprido através do primeiro Adão, e a história de salvação e de preparação para a vinda do segundo Adão, Jesus-Cristo, não teria acontecido.
A queda do homem que foi um ato ilícito de Eva e Adão de “comer” e cair no pecado era contrário ao plano e a vontade de Deus, a conseqüência foi a morte espiritual, ou seja, a separação devido ao mal. Deus, que é absolutamente bom não pode ter nenhum relacionamento direto com sua criatura corrompida, então os filhos de Deus espiritualmente mortos foram expulsos do paraíso ou jardim do Éden que é o Reino de Deus.
Imediatamente depois que aconteceu a queda do homem, Deus iniciou o plano da providência da salvação que é também a providência da restauração do Ideal perdido no Jardim do Éden.
No primeiro passo que era para os filhos Caim e Abel de fazer ofertas ao Senhor Deus, Abel foi escolhido para representar o lado do bem, então Caim, que herdou a natureza decaída devia oferecer sua oferta através de Abel, e não podia oferecer diretamente “se você agisse bem, não é certa que serás aceito?” (Gn 4, 7) O plano e a vontade de Deus era para Caim humildemente seguir o modelo de Abel, superando o desejo de ficar bravo a ponto de querer matar seu irmão.

b) Na família de Noé
Deus renovou a aliança com Noé, que completou o “fundamento de fé” oferecendo a arca de uma maneira aceitável a Deus. Logo, se os filhos de Noé, Sem e Cam tivessem herdado a fé do pai que trabalhou duro durante 120 anos, mostrando união e respeito para com ele, a bênção teria sido realizada dentre da família de Noé.
Lemos em Gn 7, 25 que Noé amaldiçoou seu filho Cam devido o ato de se envergonhar da nudez de seu pai que tornou-se um pecado. Assim, Cam falhou em restaurar a posição de Abel, ele não confiou em seu pai que estava do lado de Deus, mas criticou-o de uma maneira egocêntrica, por isso a providência da família de Noé terminou em fracasso.
O plano e a vontade de Deus era, que Cam herdasse a fé de seu pai demonstrando respeito e admiração, sem julgar de um ponto de visto pessoal seu pai, que dedicou sua vida fazendo a vontade divina. Deus queria fazer um novo início para a humanidade centralizado na família de Noé, que foi escolhida depois de 1600 anos, para restaurar a falha da família de Adão.

c) Na família de Abraão
Deus chamou Abrão e renovou a bênção que tinha feito para Adão e Noé. (Gn 12, 2)
Assim que Noé estabeleceu sua fé oferecendo a arca, Deus ordenou que Abraão oferecesse os sacrifícios de um pombinho, um cordeiro e um novilha (Gn 15, 9). Lemos em Genesis 15, 10-13 que Abraão dividiu as ofertas pelo meio e pôs cada metade em frente da outra, mas não dividiu as aves pelo meio. Então, aves de rapina desceram sobre os corpos mortos e Abraão as enxotou. Deus apareceu a Abraão naquele tarde, ao pôr do sol, e lhe disse: “Saiba com certeza que seus descendentes viverão como estrangeiros numa terra que não será a deles. Aí nessa terra eles ficarão como escravos e serão oprimidos durante quatrocentos anos...”(Gn 15, 13)
Porque o fato de Abraão não ter dividido no meio as aves, teve como efeito o sofrimento dos israelitas por 400 anos de escravidão no Egito? Pois isto era análogo a não ter separado Caim e Abel, não havendo objeto de tipo Abel que Deus pudesse tomar. O sacrifício era inaceitável a Deus, pois aquilo representava nenhuma separação do bem do mal. Assim o pombo permaneceu na posse de Satanás, e o ato de não ter dividido o pombo pelo meio tornou-se um pecado. Deus estabeleceu um período de 400 anos para restaurar as dez gerações depois de Noé até Abraão, que foram invadidas por Satanás; e assim Deus tinha que estabelecer novamente um período de 400 anos para a separação de Satanás.
O plano e a vontade de Deus era que Abraão cortasse as aves pelo meio, a fim de estabelecer um sacrifício aceitável perante Deus. Depois da falha de Abraão na oferta simbólica, Deus ordenou que ele oferecesse seu filho Isaac em holocausto (Gn 22, 2) para restaurar por indenização esta falha. A lealdade de Abraão unida à de Isaac produziu o êxito da oferta de Isaac, possibilitando a restauração por indenização de sua posição antes de sua falha na oferta, separando a si mesmo de Satanás.
Esaú e Jacó lutaram, ainda no ventre da mãe (Gn 25, 22-23), porque estavam nas situações conflitantes de Caim e Abel, que tinham sido separados como os representantes do mal e do bem respectivamente. Jacó, que tinha a missão de restaurar a primogenitura de seu irmão mais velho, sabiamente tomou a primogenitura de seu irmão Esaú com um pouco de pão e uma sopa de lentilhas (Gn 25, 34). Deus fez com que Isaac abençoasse Jacó, porque ele procurava restaurar a primogenitura reconhecendo seu valor (Gn 27, 27). Jacó foi para Harã e lutou durante 21 anos de trabalho penoso; na volta, lutou contra o anjo no vau do Jaboque, venceu e se tornou a figura central, na posição de Abel, abençoado por Deus, ganhando o nome de “Israel”. Esaú, de fato amou e recebeu bem Jacó (Gn 33, 4) e, assim puderam estabelecer, pela primeira vez na história, a condição de indenização para eliminar a natureza decaída(38), aquilo que Caim e Abel, na família de Adão, e Sem e Cam, na família de Noé, tinham falhado em realizar.
Abraão, que foi a terceira figura central escolhida na história da providência divina para restaurar o fundamento para preparar a vinda do Messias, foi utilizado e chamado por Deus uma segunda vez apesar de ter falhado na primeira oferta, e assim a vontade de Deus foi prolongada até Isaac e depois prolongada até Jacó. Por isso Abraão, Isaac e Jacó formam todos um só corpo do ponto de vista da Vontade, embora fossem diferentes indivíduos. A passagem bíblica em que Deus disse: “Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó” (Ex 3, 6), mostra que essas três gerações são como se fossem uma só, que realizaram um só propósito divino, em esforços conjuntos.

d) No curso de Moisés
Moisés estava na posição de Deus; logo, Deus lhe disse que ele devia ser como Deus para Araão em Êxodo 4, 15: “Eu estarei na sua boca e na dele, e ensinarei a vocês o que deverão fazer”. “Então, disse o SENHOR a Moisés: Eis que te tenho posto por Deus sobre Faraó; e Arão, teu irmão, será o teu profeta” (Ex 7, 1)(39).
Moisés foi o modelo para Jesus que devia vir no futuro, como a Bíblia disse: “Do meio dos irmãos deles, eu farei surgir para eles um profeta como você. Vou colocar minhas palavras em sua boca, e ele dirá para eles tudo o que eu lhe mandar”. (Dt 18, 18-19)
Depois de passar 40 anos no palácio do Faraó, Moisés iniciou sua missão de líder dos israelitas: vendo seus irmãos sendo maltratados pelo egípcio, não pode conter a sua raiva, e matou o egípcio (Ex 2, 12). Se os israelitas tivessem considerado Moisés como um patriota, confiando, servindo, e seguindo-o, como um eleito de Deus, o povo teria entrado na terra de Canaã pelo caminho direto dos filisteus, sem ter que cruzar o Mar Vermelho, viajando apenas por 21 dias para chegar lá. No entanto devido à desconfiança dos israelitas este curso foi anulado, embora Deus desejava levar o povo pelo caminho mais curto como está escrito: “Deus não o guiou pelo caminho da Palestina, que é o mais curto, porque Deus achou que, diante dos ataques, o povo se arrependeria e voltaria para o Egito. 18 Então Deus fez o povo dar uma volta pelo deserto até o mar Vermelho” (Ex 13, 17- 18)
Contudo, quando viram Moisés matar o egípcio, entenderam-no mal, e a crítica espalhou-se rapidamente, então o Primeiro “Curso”(40) planejado por Deus falhou, e Moisés se viu obrigado a fugir e retirando-se para o deserto de Midiã por 40 anos a fim de iniciar um Segundo Curso. Desta vez, Deus deu-lhe os três sinais e as dez pragas, levando o povo a acreditar, obedecer e iniciar a jornada rumo a Canaã. O curso previsto depois de ter cruzado o Mar Vermelho e atravessado o deserto, era de 21 meses.
Deus chamou Moisés ao alto do Monte Sinai, e deu-lhe os dez mandamentos escritos nas tábuas de pedra (Êx 24, 18), assim como as instruções acerca da arca e do tabernáculo. (Êx 25, 31) A Bíblia representa Jesus como um pedra branca (Ap 2, 17) e diz também que a rocha era Cristo (I Co 10, 4), podemos comparar as duas tábuas de pedra como símbolo de Jesus e do Espírito Santo, que viriam mais tarde como a encarnação da palavra. Jesus comparou o templo de Jerusalém a seu corpo (Jo 2, 21) e o tabernáculo que era uma prefiguração do templo era uma representação simbólica ou imagem do próprio Jesus, um Messias simbólico. A vontade de Deus para os israelitas era que exaltassem e honrassem o tabernáculo com fervor contínuo até que eles entrassem em Canaã. Não obstante, os israelitas não despertaram para a vontade de Deus, e caíram na infidelidade e queixando-se de Moisés. (Nm 11, 1)
Quando Deus mandou que enviassem doze pessoas para Canaã, todos, exceto Josué e Caleb, apresentaram relatórios incrédulos; assim a glória do Senhor se manifestou a todo o povo, e Ele disse a Moisés: Javé disse a Moisés:
“Até quando esse povo vai me desprezar? Até quando se recusará a acreditar em mim, apesar de todos os sinais que tenho feito entre vocês?”(Nm 14, 11)
Devido a falta de fé dos israelitas, o segundo curso falhou também, e eles tiveram que passar 40 anos, cada dia calculado como um ano, vagando pelo deserto, até voltarem a Cades-Barnéia.
Vocês exploraram a terra durante quarenta dias. A cada dia corresponderá um ano. Pois bem! Vocês carregarão o peso de suas faltas por quarenta anos, para que vocês saibam o que significa abandonar a mim.(Nm 14, 34)
Para Moisés foi o terceiro curso de 40 anos, no qual tentava estabelecer o fundamento de fé. Deus ordenou que Moisés ferisse a rocha com sua vara, perante a congregação dos israelitas, para que tivessem água e bebessem. (Nm 20, 8) Moisés, ao ver que o povo murmurava com ressentimento contra ele, foi tomado de furor e feriu a rocha duas vezes. Pos isto Deus disse:
“Já que vocês não acreditaram em mim e não reconheceram a minha santidade na
presença dos filhos de Israel, vocês não farão esta comunidade entrar na terra que eu vou dar a eles”.(Nm 20, 12)
Assim falhou Moisés em realizar a vontade divina depois de tanto esforço e estando tão próximo da entrada da terra prometida. Ele devia ferir uma vez só, mas devido ao seu pequeno erro de ter batido duas vezes, ele nunca pôde entrar na abençoada terra de Canaã, embora ela estivesse diante se seus olhos (Nm 20, 24).
Devemos compreender por que Moisés devia ter ferido a rocha uma só vez, e como o fato de tê-la ferido duas vezes tornou-se um crime. Cristo é simbolizado como a rocha; (I Co 10, 4) portanto, Deus autorizou a ferir uma vez, como condição para restaurar o primeiro Adão da queda para o segundo Adão que seria Jesus. Todavia, o ato de ferir pela segunda vez tornou-se a ação que representava a possibilidade de ferir Jesus, que havia de vir como a rocha e daria de beber da água da vida a toda a humanidade.
“Mas aquele que beber a água que eu vou dar, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, vai se tornar dentro dele uma fonte de água que jorra para a vida eterna.”(Jo 4, 14)
Depois Josué, sucessor de Moisés, enviou dois homens a Jericó que voltaram da missão dizendo: “Realmente Javé está entregando esta terra em nossas mãos. Os habitantes estão tremendo diante de nós” (Js 2, 24) Estes dois espiões tinham a fé que agradou a Deus, e assim eles puderam indenizar o pecado de seus antepassados, de acordo com a vontade de Deus. Os israelitas disseram a Josué: “Faremos tudo o que você nos ordenou e iremos para onde você mandar. Obedeceremos a você..” (Js 1, 16) Desta maneira, os israelitas com o risco de suas vida fizeram a condição de fé para entrar em Canaã, de acordo com o mandamento de Deus e tomaram Jericó.
Examinando a providência de Deus centralizada em Moisés, não podemos negar o fato de que Deus está por trás da história humana, conduzindo-a para um propósito absoluto. O grau do cumprimento por parte do homem de sua porção de responsabilidade decide o êxito ou o fracasso da predestinação de Deus.

Notas:

[1] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 62-68.
[2] O Maniqueísmo foi fundado por Mani (c.216-276), é uma combinação de
pensamento cristão, zoroastrismo e idéias religiosas orientais numa filosofia
dualística.
Mani cria em dois princípios eternos em oposição, o bem e o mal. Exaltou a vida
ascética ao ponto de ver o instinto sexual como mal e enfatizou a superioridade
do solteiro. CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos. p.81.
[3] FUSCO, Karina. O que é heresia? Revista das Religiões, São Paulo, ed. 11, p.10,
jul. 2004.
[4] ENCICLOPÉDIA Católica. St Irenaeus
[5] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 72-73.
[6] Montanus começou a profetizar na Frigia em 155, declarando que o parácleto
estava falando através dele para a Igreja. Enciclopédia Católica
< http://www.newadvent.org/cathen/10521a.htm> Acesso em: 26 set. 2005.
[7] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 74.
[8] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos. São Paulo: Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova, 1988. p. 124
[9] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 76.
[10] Em 311, Donato sustentava que o fato de não ter sido fiel no tempo da
perseguição invalidava a ordenação de Ceciliano bispo de Cartago. Um sínodo
em Roma determinou que a validade de um sacramento não depende da moral do que
o administra. Em 314, outro concílio de bispos voltou a refutar as idéias
donatistas. Esta controvérsia preocupou grandemente a Agostinho.
[11] Pelágio, o adversário de Agostinho, da Igreja britânica não reconheceu a
primazia do bispo de Roma, adotou as práticas da Igreja oriental em determinar
a data da Páscoa.
[12] Ário, padre, afirmava que somente Deus Pai era eterno e que Jesus não existia
antes de nascer, era homem e que só poderia haver um Criador, a divindade só
poderia ser atribuída a um único Deus.
[13] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 79.
[14] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos. São Paulo: Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova, 1988. p. 191
[15] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 80.
[16] O cristianismo introduziu o novo conceito de um Deus que tomou a condição
humana, o personagem de Cristo foi objeto de muitas interpretações
contraditórias, foi necessário de definir a crença oficial dos cristãos, os
dogmas que são considerados pela Igreja como intangíveis são fundamentos da fé
católica junto como a tradição. Os fiéis são obrigados a uma adesão irrevogável
de fé. O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou
transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, Cf. Catecismo
da Igreja Católica, Nº 85-88.
[17] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 89.
[18] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p.90
[19] ENCICLOPÉDIA Católica acessado:
22 de out. de 2005
[20] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 93 a 96
[21] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos. São Paulo: Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova, 1988. p. 109
[22] ENCICLOPÉDIA Católica acessado:
28 de out. de 2005
[23] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 96
[24] Os cátaros ou albigenses, assim chamados porque foram mais numerosos em Albi,
no sul da França. Criam na existência de um dualismo absoluto entre o Deus
bom, que fez as almas e o deus mau associada a matéria. Os Valdenses é um
movimento puritano que apareceu no final século XII. Pedro Valdo, se converteu
e abandonou todas os seus bens e organizou um grupo conhecido com os “Pobres de
Espírito”. Joaquim (c. 1132-1202), um monge cistercience, cria que o Pai no
período do Antigo Testamento, o Filho na era do Novo Testamento até 1260, e na
era do Espírito Santo depois de 1260, uma nova época de amor surgiria. CAIRNS,
Earle E. O Cristianismo através dos Séculos. São Paulo: Sociedade Religiosa
Edições Vida Nova, 1988. p. 185- 186.
[25] FELIPPE Cristiana – Deus, o grande mistério do ser humano - Revista das
Religiões, São Paulo, ed. 7, p. 25- 27, mar. 2004.
[26] Catecismo da Igreja Católica, Nº 219.
[27] Catecismo da Igreja Católica, Nº 32-33.
[28] Um “dia” deve ser entendido como período. Em hebraico, “dia” refere-se a um
espaço de tempo. Pode ser um período longo que se estenderia por milhares de
anos. SOCIEDADE DE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS - Existe um Criador que
se Importe com você? – New-York: 1998 - p. 93
[29] Veja anexe a nova teologia do Rev. MOON, S. M. - Princípio Divino – São Paulo:
Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial, 1997 -
p. 40
[30] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 154;
210-211
[31] Veja - Scofield Notas de Referência - O desejo de Deus era que o homem se
torna templo de Deus (I Cor 3, 16) e forma um só corpo com Ele (Jo 14, 20),
isto significa que o homem atinge a deidade, sentindo exatamente o que Deus
sente e conhecendo a vontade de Deus. Não comer do fruto simbolicamente
significa abster de relacionamento sexual antes de alcançar a maturidade e de
ser abençoada em casamento sagrado.
[32] Catecismo da Igreja Católica, Nº 293
[33] Catecismo da Igreja Católica, Nº 204, 205, 214, 221
[34] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 205
[35] Catecismo da Igreja Católica, Nº 53
[36] MANIGNE Jean-Pierre – Le prophète. Actualité des religions - HS N°4 - p 16
[37] Catecismo da Igreja Católica, Nº 302
[38] As características do arcanjo Lúcifer, que se tornou Satanás, transmitidas
para Eva e Adão quando cometeu o ato da queda, contra a vontade de Deus,
herdadas por Caim, Abel e Set e todos os descendentes. A motivação básica que
causou a “natureza original da Queda” estava no ciúme que o arcanjo sentiu
para com Adão.
[39] Na versão Almeida Revista e corrigida
[40] Esta palavra significa o caminho que uma figura central na providência deve
seguir para cumprir uma missão doada por Deus durante um período de tempo
predefinida baseada nos números: 12, 4, 21 e 40, veja a nova teologia do
princípio divino pág. 285

(a seguir parte 2)