Wednesday, January 21, 2009

MATRIMÔNIO

MATRIMÔNIO

Trabalho apresentado segundo as exigências do Curso de Teologia Catequética para leigos e religiosos, Pós-graduação Lato Sensu para portadores de diploma superior, sob a orientação dos Professores Pe. Tiago e Pe. Fernando.

CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO - UNIFAI
VILA MARIANA - SP - 2005 - 3° SEMESTRE


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1) O desígnio do Criador

2) A ruptura com Deus

3) Jesus e o Casamento

4) A Celebração do Matrimônio em diversas Tradições
a) Judaica
b) Ortodoxa
c) Muçulmana
d) Budista
5) Amor e Casamento

6) Casamento para a Paz Mundial
7) Matrimônio Abençoado e o Mundo Espiritual
8) O Significado Fundamental do Amor
a) O Amor Conjugal
b) O Amor Espiritual
c) Ágape – O Amor Incondicional das Religiões
9) Passos práticos para um Casamento Eterno
10) A vocação do Matrimônio e o voto de castidade

CONCLUSÃO

INTRODUÇÃO

A maioria das culturas considera o casamento como um dos mais importantes acontecimentos da vida humana ao lado do nascimento e da morte, não temos nenhum poder de interferir ou decidir a respeito de nosso nascimento ou de nossa morte. No entanto, a felicidade, o sucesso humano vai depender de como nós concebemos o casamento, e de nossa capacidade a manter e renovar nosso compromisso de esposo e esposa para a vida inteira.

A comunhão de vida entre o homem e a mulher abençoada pelo “Sacramento do Matrimônio” era o plano original da vontade de Deus, mas que deixou de ser cumprida devido o pecado. O relacionamento entre a mulher e o homem se tornou conflitado fora do “Princípio Divino”, os frutos do mal se multiplicaram desde o primeiro casal Adão e Eva para toda a raça humana. O propósito da história da salvação é a restauração do Casamento Ideal anunciado no Apocalipse:
“Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória, porque
vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou”.
(Ap 19, 7)

1) O Desígnio do Criador[1]

“E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o
criou; macho e fêmea os criou”. (Gn 1, 27)

“E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-
lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele”. (Gn 2, 18)

“Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à
sua mulher, e serão ambos uma carne”. (Gn 2, 24)

A finalidade da criação “era bom” (Gn 1, 4-31), quando Deus criou adão e Eva deu-lhes as três grandes bênçãos:

“E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos,
e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e
sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre
a terra”. (Gn 1, 28)

Podemos entender que “tudo foi feito no início para ser aperfeiçoado através de um certo período de tempo”[2]. A primeira bênção de Deus era para Adão e Eva crescerem até alcançar a perfeição individual, ou seja “frutificar”, obedecendo ao mandamento de Deus, se tornar o templo de Deus (I Cor 3, 16) e formar um só corpo com Ele (Jo 14, 20). Desta maneira Adão e Eva, bons objetos, refletindo as características divinas do criador estariam prontos para receber o “Sacramento do Matrimônio” que é a segunda bênção de Deus “multiplicar”. Não há registro na Bíblia Sagrada mencionando que a união do primeiro casal humano foi abençoada e aprovada por Deus, ao contrário logo após o relato da criação, antes de alcançar a perfeição, durante o período de crescimento, na adolescência, Adão e Eva caíram, o capitulo 3 da Gênesis relata a Queda que provocou a ruptura com Deus.

2) A Ruptura com Deus[3]

A história da queda é codifica; muitos cristãos até o dia de hoje, acreditam que o fruto que levou Adão e Eva a cair era literalmente o fruto de uma árvore[4]. (Gn 3, 6). Mas Jesus disse:

“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o
que sai da boca, isso é o que contamina o homem”. (Mt 15, 11)

Em Gênesis 2, 25 lemos que Adão e Eva estavam nus e não se envergonhavam de sua nudez, mas, depois da Queda, eles ficaram envergonhados de sua nudez e coseram folhas de figueira fazendo cintas para cobrir suas partes inferiores. (Gn 3, 7)

Podemos entender que a parte sexual de Adão e Eva se tornou o lugar de transgressão, pois eles cometeram pecado através daquela parte.
Eva comendo o fruto primeiro significa que ela caiu com “a serpente” podemos entender que “a serpente” era o arcanjo Lúcifer que se tornou Satanás segundo o versículo Ap 12, 9:

“E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o
diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na
terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

Segundo a epístola de Judas 6 e 7 os anjos cometeram o pecado de prostituição e imoralidade como aconteceu na cidade de Sodoma.

Disto podemos raciocinar que o anjo Lúcifer cometeu um pecado de fornicação com Eva. Lúcifer, que deixou sua posição devido ao desejo excessivo, e Eva, que desejava que seus olhos fossem abertos, como os de Deus, formaram uma base recíproca e tiveram um relacionamento sexual através da ação de dar e receber[5].

Eva ainda adolescente e imatura herdou do arcanjo as características primárias da natureza decaída que surgiram quando o arcanjo cometeu um ato sexual com ela contra a vontade de Deus.

O Princípio Divino afirma que existem quatro motivações herdadas de Lúcifer que contaminaram a primeira mulher da humanidade, que foram transmitidas com o “pecado original” a todos descendentes:

O ciúme que é a falha em amar do ponto de vista de Deus, deixar sua posição, dominar e multiplicar o mal.
Eva recebeu também o sentimento de medo, que veio de uma consciência culpada por causa de sua violação do mandamento. (Gn 2, 17)

Esta foi a triste história da “Queda Espiritual”, Eva já morreu espiritualmente, mas Adão ainda estava puro e inocente, mas um jovem adolescente imaturo, se a este ponto Adão tivesse guardado o mandamento e não se deixasse seduzir por Eva ele teria alcançado a perfeição. Ele teria condições de restaurar e salvar sua futura noiva com a ajuda de Deus. E com um perdão especial, eles teriam recebido o “Sacramento do Matrimônio”.

Mas infelizmente, logo depois, Eva, então, veio a seduzir Adão, na esperança de que ela pudesse livrar-se do medo, assim, eles formaram uma base recíproca e, através da ação de dar e receber eles caíram em um relacionamento sexual ilícito[6].

Como resultado disso, Satanás, o diabo se tornou o pai da raça humana como Jesus disse em João 8, 44. Somos Raça de víboras. (Mt 3, 7; 12, 34 e 23, 33)

Então os primeiros pais da humanidade foram expulsos do Jardim do Éden (Gn 3, 24) depois de cometer o pecado de adultério e não tinham direito de receber a Bênção do “Sacramento do Matrimônio”.

3) Jesus e o Casamento

No limiar de sua vida pública, Jesus opera seu primeiro sinal – a pedido de sua mãe – por ocasião de uma festa de casamento[7]. A Igreja atribui grande importância à presença de Jesus nas núpcias de Cana. O casamento é uma realidade boa, o evento mais importante da vida para todos, incluindo para Jesus que ficou muito chateado com sua mãe:

“Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é
chegada a minha hora”. (Jo 2, 4)

Estas palavras duras de Jesus para sua mãe revelam um sentimento de repreensão até de vergonha para Jesus, bem diferente da interpretação tradicional. Na verdade Jesus estava muito decepcionado com sua mãe porque Jesus lhe havia explicado várias vezes sobre a importância e a necessidade de seu casamento, mas Maria o rejeitou, Jesus precisava da ajuda de sua mãe para encontrar sua noiva. Todos os homens de sua idade eram já casados, nesta época, era costume para os homens de casar ao redor de 18 anos de idade. Porque Jesus não se casou? Ele não podia encontrar a noiva que estava qualificada para a Providência de Deus[8].

Nesta época ninguém acreditava que ele tinha sido concebido pelo Espírito Santo. Todo mundo pensava que ele era um filho ilegítimo, ninguém queria oferecer uma noiva para um filho de pai desconhecido.

As palavras de Jesus revelavam um coração de reprovação em relação a sua mãe ajudando nas bodas alheias, mas deixando de ajudar seu filho a receber sua noiva, que era o requisito mais importante na providência da restauração conduzida por Deus. Podemos entender Jesus em suas palavras:

“Porém ele, respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é minha
mãe? E quem são meus irmãos?” (Mt 12, 48)
Depois de enfrentar a oposição de Maria, Zacarias, Isabel e João Batista, Jesus teve que deixar sua casa, mas como não tinha para onde ir, lamentou dizendo[9]:

“As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho
do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. (Mt 8 ,20)

Jesus veio como o Filho de Deus, sem pecado original, da linhagem direta de Deus, substituindo o primeiro Adão que contaminou a linhagem de sangue da humanidade quando ele se relacionou com Eva que já estava adulterada com o arcanjo Lúcifer. Deus tencionava estabelecer o Reino de Deus na Terra, no caso que Jesus seja aceitado pelo povo judeu e realize as “Bodas do Cordeiro” com uma nova Eva, mostrando o casamento modelo ideal para que todos os homens decaídos possam ser enxertados com o casal salvador e assim eliminar seu pecado original[10].

Em conseqüência, por mais devoto que seja um cristão, ele não consegue eliminar o pecado original que vem pela carne, ninguém foi capaz de desprender-se da linhagem de Satanás, na melhor das hipóteses, somos filhos adotivos perante Deus. Por esse motivo disse São Paulo:

“E não só a criação, mas nós mesmos, que temos as primícias do
Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção,
a saber, a redenção do nosso corpo”. (Rm 8, 23)

Por conseguinte, a tarefa para restaurar toda a humanidade para que sejam filhos da linhagem direta de Deus, fica para ser cumprida pelo Cristo na sua segunda volta, como está profetizado no Apocalipse 22, 14:

“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no
sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e
possam entrar na cidade pelas portas”.
“Lavar sua vestidura no sangue do Cordeiro” significa eliminar o pecado original através de Cristo que vai restaurar o direito à “árvore da vida” que foi perdida no jardim de Éden.

4) A Celebração do Matrimônio em diversas Tradições

a) Judaica
Os judeus consideram o casamento um momento de santificação e celebram suas uniões embaixo de uma tenda chamada Chupá. “Ela tem quatro cabos e um teto, mas não possui paredes. Significa a fragilidade do lar”, diz o rabino Yehuda Busquilla, da Congregação Israelita Paulista. Cabe ao casal construir as paredes do lar, ou seja, torná-lo forte e resistente[11].

O conceito do casamento judeu é baseado no mandamento que Deus deu na Gênesis 2, 18, 22-24. Como o casamento é uma instituição divina, o celibato não é considerado como uma virtude. Então os judeus consideram o casamento como necessário não só para produzir filhos neste mundo, mas também para desenvolver a personalidade individual.
Como todas as grandes religiões, o judaísmo ensina que a atividade sexual é aceitável somente dentro do casamento. O adultério é estritamente proibido[12].

b) Ortodoxa
Como o noivo e a noiva são coroados durante a cerimônia, o casamento ortodoxo também é chamado “sacramento da coroação”. O casal dá três voltas ao redor do altar, acompanhando o sacerdote que carrega incenso e uma vela. O número 3 é uma referência à Santíssima Trindade e os círculos simbolizam a eternidade de Deus[13].

O modelo para compreender o casamento é o ponto de vista Ortodoxo de Deus como Trindade. As três pessoas da Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são unidos em um através do amor. O homem e a mulher casados são a imagem de Deus três em um. Então o casamento é considerado como a união de duas pessoas em um ser, uma só substancia, ou a união em um corpo e alma, mas em duas pessoas[14].

“Quando marido e mulher são unidos em casamento, eles não são mais vistos como algo terrestre, mas como a imagem de Deus mesmo.” São João Crisóstomo.

c) Muçulmana
O casamento é considerado por Muçulmanos o estatuto normal para todos os adultos. O casamento é uma aliança sagrada, um contrato legal não somente entre dois indivíduos, mas entre duas famílias.
A cerimônia geralmente acontece na casa da noiva. O noivo e a noiva pronunciam os votos na presença de dois homens. Eles rezam e lêem passagens do Corão, trocam anéis e um contrato é assinado.
Depois de alguns dias, uma festa suntuosa chamada walima, é organizada para todos os amigos e a família e muitos presentes são oferecidos[15].

O adultério é considerado como a coisa mais desonrosa e vergonhosa que uma pessoa pode fazer. É um crime sério porque ele quebra uma ou duas famílias. A ofensa e a traição são tão profundas que é quase impossível perdoar.
A família muçulmana ideal é um marido e uma mulher e quase todos os casamentos são monógamos. No entanto, exceto algumas situações, os homens são permitidos de ter até quatro esposas.

d) Budista
O casamento tem por objetivo a evolução espiritual dos noivos. Cada escola budista tem rituais específicos. Beber saquê é um dos momentos mais significativos das cerimônias da tradição Zen Budista. No ritual, são servidos três cálices – um pequeno, um médio e um outro grande. Ao compartilhar do mesmo cálice, acredita-se que o noivo e noiva estão finalmente unidos. O incenso também está presente nas cerimônias[16].

Na maioria das comunidades a cerimônia não é religiosa, apesar de que os monges são convidados na casa da noiva, na manhã do casamento para uma festa. Em retorno, eles recitam as escrituras Budistas para proteger os noivos. Depois os monges voltam para o monastério antes que a cerimônia de casamento comece.
A fidelidade no casamento é absoluta. Buda ensinou que a partir do momento do casamento todas as mulheres outras que a esposa são consideradas como mãe, irmã ou filha dependendo da idade[17].

5) Amor e Casamento

Segundo o ponto de vista unificacionista, agora chegou o tempo em que
o potencial espiritual da relação homem mulher – originalmente perdido na Queda - pode ser realizado. Hoje, pela primeira vez, é atualmente através do casamento que podemos cumprir nosso mais alto potencial espiritual.
É no amor entre os membros da família que o amor de Deus pode ser conhecido da forma mais completa. As diferentes experiências de amor na família, como uma criança, como irmão ou irmã, como esposo ou esposa, como pai ou mãe e como avô ou avó manifestam a diversidade, a profundidade e a imensidade do amor de Deus.
Alcançar o amor verdadeiro no casamento e construir uma família é o propósito central de nossa vida na terra. O casamento então é um evento de muitíssima importância para cada pessoa e tem sentido eterno.
Na preparação para o casamento cada pessoa deve manter a pureza e a castidade, focalizando sua energia no crescimento espiritual e tornando-se um verdadeiro filho ou filha de Deus.
Os unificacionistas entendem que o Reverendo e a Sra Moon foram ungidos por Deus e Jesus para mostrar o modelo dos “Verdadeiros Pais” que foi perdido pelos primeiros antepassados. Eles abriram o caminho para uma nova visão do casamento perfeito, guiando os futuros noivos através de um curso de crescimento espiritual, psicológico e emocional até a maturidade que é a base de uma união bem sucedida. Um estilo de vida de serviço destinado a desenvolver a habilidade de doar, sacrificar, é a pratica do amor verdadeiro.
A tradição unificacionista afirma que o Reverendo Moon recebeu a autoridade de Deus de oferecer uma bênção espiritual especial que é um novo sacramento de Matrimônio que tem o poder de purificar a união marital dos cônjuges. A cerimônia é mais do que um casamento, é um compromisso eterno com Deus e o cônjuge, é o processo de enxerta na linhagem divina que será passada para as futuras gerações. É uma Bênção Sagrada instituída por Deus[18].

6) Casamento para a Paz Mundial

Uma contribuição importante da bênção de casamento inspirada pelo Reverendo e Sra Moon é a construção de um mundo de paz durável. O futuro noivo ou a futura noiva é encorajado a selecionar seu parceiro pertencendo a uma cultura, raça e religião diferente demonstrando seu amor verdadeiro para a humanidade. Participantes nestas cerimônias sentem que eles estão trazendo raças e nações juntas[19]. Cada esposo ou esposa está comprometido diante de Deus a realizar a harmonia internacional e inter-racial, recebendo não somente uma mulher ou um marido, mas também uma outra nação ou raça e “os dois se tornarão uma só carne”, realizando o ideal do Reino de Deus.
O amor verdadeiro de Deus, ensinado por Jesus: “amai os vossos inimigos”, é possível entre os cônjuges comprometidos de superar as barreiras de denominações, religiões, raças e nacionalidades e assim realizar a unidade da família humana sob um só Deus nosso Pai Celestial:

“para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em
ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia
que tu me enviaste.
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um,
como nós somos um.
Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade,
e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que
tens amado a eles como me tens amado a mim.”(Jo 17, 21 a 23)”.

Através destes casamentos, é criada uma família global centralizada no ideal de amor verdadeiro, um novo paradigma para o relacionamento homem-mulher para todas as culturas do mundo.
Este esforço de promover a paz mundial é um caminho profundamente espiritual e interno resolvendo e prevenindo os conflitos. É provavelmente o sinal de uma nova esperança para reconciliar e harmonizar as diferentes denominações, religiões, culturas e raças.

7) Matrimônio Abençoado e o Mundo Espiritual

Tanto o mundo físico quanto o mundo espiritual operam pelo poder do
amor. Qual é a qualificação para as pessoas viverem juntas eternamente? Qual é o desejo primário de toda a humanidade? É o amor. Não apenas qualquer amor, mas o amor verdadeiro.
O amor verdadeiro se adapta igualmente aos lares orientais, ocidentais independentemente da cultura, religião ou a cor da pele das pessoas, é o mesmo em qualquer lugar[20].

Jesus disse: “Amarás ao Senhor teu Deus com toda a tua alma e com todo o teu entendimento”. Este é o grande e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este é: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.

Antes de amar a Deus diretamente, devemos amar o alimento que comemos, amar todas as coisas materiais, amar, no sentido de cuidar, seu corpo, amar sua esposa ou seu esposo, o amor conjugal é o portão de entrada no Reino de Deus. Homens e mulheres desejam estar unidos para sempre para se assemelhar a Deus. O propósito do casamento é a perfeição da mente e do coração do homem e da mulher. Quando a pessoa morrer, deverá ter realizado isso em sua vida de casado e estar qualificado para ir o céu[21].
Externamente, o corpo humano fica mais velho. Mas se amarem mais e mais como marido e esposa, seu ser espiritual rejuvenescerá sempre mais, tornando-se forte e belo. O mundo espiritual está aqui e agora, começando no centro do amor verdadeiro. É por isso que o amor é o maior de todas as coisas.
Um marido não entra no Reino do Céu se sua esposa for para o inferno. Ambos devem entrar juntos no Céu. Nós entraremos no Reino do Céu se nossos pais, nossos filhos s filhas entrarem junto conosco[22].

8) O Significado Fundamental do Amor

a) O Amor Conjugal
O Amor conjugal é o amor que existe entre homens e mulheres, quando
estes se unem fisicamente. No Céu, um homem e uma mulher, mesmo sem seus corpos físicos, também podem praticar o amor. Eles experimentam uma emoção tão forte em seus corpos e mentes que esta transcende em muito o sentimento de amor que sentiam na Terra. No Céu, a cena de amor é tão bela que todos que observam aquele ato de amor são influenciados, sentem-se envolvidos como se participassem do mesmo[23].

b) O Amor Espiritual
O amor espiritual é absolutamente necessário para aqueles que vivem na
Terra. Uma vez que todos têm seu próprio ser espiritual, se não o cultivarem e o enriquecerem espiritualmente tornando-se um como esposo e esposa, encontrarão muitos problemas no Céu.
Nós devemos aprender a utilizar corretamente nosso curto tempo de vida na Terra a fim de antecipar a experiência do amor completo, maduro e pleno que esperamos vivenciar eternamente no Céu. Os casais que produzem bons frutos do amor, cultivando e encorajando um ao outro para realizar o amor verdadeiro, alcançarão o estado de plenitude de amor espiritual[24].

c) Ágape – O Amor Incondicional das Religiões
Quando Deus nos criou, dotou-nos de capacidade para o amor
incondicional. Este é o amor Ágape. Devido à queda humana, o padrão original do amor deteriorou-se, distanciando-se do amor incondicional de Deus. O caminho da salvação tornou-se árduo e difícil. Deus e os seres humanos carregam muito sofrimento em seus corações. O relacionamento de amor verdadeiro e durável entre esposo e esposa é o mais complicado a alcançar.
Como já foi mencionado acima, estamos esperando as “Bodas do Cordeiro”, o casamento perfeito do Cristo e de sua esposa para restaurar o padrão original de Adão e Eva antes da queda.
Desde o começo da Igreja, houve homens e mulheres que renunciaram ao grande bem do Matrimônio para seguir o Cordeiro[25], devido a que Jesus não podia abrir o padrão do amor conjugal.

9) Passos práticos para um Casamento Eterno[26]

a) Reservar tempo para rezar e estudar, examinar nossos valores.
b) Praticar a visão de um casamento saudável dentro de nossa própria
família educando nossos filhos na preparação do casamento futuro. Por exemplo, uma vez por semana fazer uma reunião de estudo com outros casais.
c) Ensinar aos outros o ideal e a visão, ajudar os amigos, 75% dos casamentos infelizes podem ser transformados e melhorados. A visão dos conselheiros Dietrich e Elisabeth Seidel é: “Experimentar Deus da maneira mais íntima dentro de nosso casamento”.
d) Cada casamento precisa ser planejado e construído. O fundamento é a experiência do coração de Deus, baseado no sentimento da presença do Deus vivo.
e) Melhorar a habilidade de comunicação. Necessitam-se paciência, pureza do coração, sacrifício e sinceridade, ser um bom ouvinte.
f) Seja um pacificador de casamento, aprenda a resolver conflitos. Ter conflitos não é o problema real, o problema real é a incapacidade de resolvê-los. Não fiquem em silêncio isolados por muitos anos.
g) Ajudem casais a desenvolver intimidade e sexualidade no casamento. Deus criou o órgão sexual como a parte mais sagrada do meu corpo para transmitir a vida e a linhagem, não para minha satisfação pessoal, “o propósito de minha vida sexual pertence completamente a meu parceiro”. O verdadeiro amor sexual é uma forma suprema de auto-sacrificio.
h) Organizar uma cerimônia de renovação de casamento em sua igreja.
Secundo Wilcox: “A prática religiosa é a melhor coisa para favorecer a qualidade e a duração do casamento... de fato, as relações recíprocas entre a religião e a família são muito profundas o que é sugerido que a família funciona como a primeira instituição da religião americana.”
As igrejas deveriam se juntar para fazer isso, além das barreiras denominacionais. O Movimento “Convenção do Casamento”, incluindo 35 entidades nacionais cristãs nos EUA, reunindo 31milhões de pessoas é um bom sinal.
i) Fortalecer sua fé em Deus através de sua igreja local, mesquita ou
sinagoga. Há uma relação entre uma forte crença religiosa e uma satisfação na vida sexual. Segundo o Conselho de Pesquisa sobre a Família, “72% dos casais casados eram muito satisfeitos com a vida sexual deles, comparado aos 59% dos casais que não seguem a tradição do casamento.”
j) Ajudar os pais a oferecer uma preparação de casamento para os filhos
deles. A presença e a atenção dos pais é a melhor fundação para os jovens manterem a pureza sexual, abster a atividade sexual precoce para estabelecer um casamento saudável.

10) A vocação do Matrimônio e o voto de castidade

A virgindade por causa do reino e o sentimento cristão do casamento
são inseparáveis e se ajudam mutuamente[27]. São Paulo considerou o casamento como uma necessidade infeliz, depois de dois mil anos de cristianismo, gradualmente a vocação do casamento e seu propósito original estão sendo ressuscitados. Muitos clérigos na Igreja realizam que o sacrifício da vida de celibato cumpriu seu objetivo. Nós entramos na era quando cada homem e mulher são chamados para cumprir seu propósito original de refletir a imagem de Deus[28].
Infelizmente, muitos não têm a capacidade de manter o voto de celibato, eles não resistem na tentação do pecado sexual, recentemente aumentaram os escândalos entre os padres e freiras. Desta forma, a linhagem de Satanás continua fluindo na Igreja de Deus. Esta linhagem de Satanás deve ser purificada, o amor verdadeiro e a linhagem de Deus devem ser restaurados.
O Arcebispo Milingo respondeu ao chamado de Deus de restaurar o ideal original do casamento, ele tentou abrir o caminho para os outros se separam de Satanás e ajudar a limpar e renovar a Igreja. Ele lutou desesperadamente em oração: obedecer à autoridade da Igreja ou obedecer à vontade de Deus? Como muitos santos e reformadores ele foi perseguido escolhendo abraçar o chamado do Senhor, o ideal do casamento e da família, em maio de 2001[29].

CONCLUSÃO

Na sociedade de hoje o casamento e a família estão ameaçados, é um fenômeno mundial. As pesquisas revelam que os problemas sociais são conseqüência da desintegração da família. Então o matrimônio tem um papel fundamental para construir um mundo melhor. Uma nova visão do casamento e da família é necessária para uma sociedade global saudável, moral e moderna. A bênção do Matrimônio Sagrado, segundo o ideal original de Deus oferece uma grande esperança, para toda a humanidade, de todas as religiões, raças e cultura. Do lado humano, a Igreja e todas as religiões têm uma grande responsabilidade de capacitar todos os jovens a se preparar para o casamento através do compromisso da pureza sexual, e para os casais manterem a fidelidade para sempre.
A vontade de Deus é que todos seres humanos possam alcançar a perfeição do caráter e da família através do Matrimônio, na era do Segundo Advento do Cristo, as bodas do Cordeiro, todos os homens e mulheres poderão limpar o pecado original e assim realizar um casamento abençoado, enxertando um nova vida, uma nova linhagem e herdar o amor verdadeiro.
A prática do amor verdadeiro, pureza sexual antes do casamento e fidelidade dentro do casamento é o caminho absoluto e o destino de todos os seres humanos, independente da religião, não somente para construir o Reino de Deus na Terra, mas preparar nossa vida eterna e ser qualificado para entrar no reino de Deus no Céu, depois que acaba nossa vida física neste mundo terreno. Segundo esta visão, os casais unidos no amor eterno de Deus, na terra ficarão juntos para uma felicidade eterna, no Céu.


NOTAS:
[1] Catecismo da Igreja Católica – N° 1602
[2] MOON, S.M. “Princípio Divino”p. 40
[3] Catecismo N° 1607
[4] MOON, Op. Cit., p. 52
[5] Idem, p. 61
[6] Idem, p. 62
[7] Catecismo N° 1613
[8] MOON, S. M. The Life and Misson of Jesus Christ – p. 77
[9] MOON, S. M. A Família Abençoada e o Reino Ideal – p. 46
[10] MOON, S. M. Princípio Divino – p. 271
[11] VERONESE, M. Eterna aliança com Deus – Revista das religiões - p. 53
[12] HAINES, W. My World & I:The Way to Love- p. 66
[13] VERONESE, M. p. 52
[14] HAINES, W., p. 139
[15] idem p. 93
[16] VERONESE, M. p. 51
[17] HAINES, W., p.56
[18] HSA-UWC – The Blessing of Love – p. 17-18
[19] idem p. 24
[20] MOON, S. A Vida na Terra e no Mundo Espiritual I – p. 61
[21] Caráter, Família e Serviço social:Construindo uma Cultura de Paz- p. 33
[22] MOON, S.M. - A Vida na Terra e no Mundo Espiritual II- p. 54
[23] LEE, S.H. – A Realidade do Mundo Espiritual e a Vida na Terra – p. 58
[24] idem p. 59
[25] Catecismo da Igreja Católica – A virgindade por causa do Reino – N° 1618
[26] HENDRICKS, T., True Family Values N° 6- p.15
[27] Catecismo N° 1620
[28] Statement of His Grace Archbishop Emmanuel Milingo
[29] idem - Milingo


BIBLIOGRAFIA

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA – São Paulo: Edições Loyola,
2000

Bíblia Online - Versão Revista e Corrigida, de João Ferreira de Almeida - Sociedade Bíblica do Brasil

Federação Inter-religiosa Internacional para a Paz Mundial - Caráter,
Família e Serviço social: Construindo uma Cultura de Paz – São
Paulo – Dezembro 2000

HAINES, William. My World and I: The Way of To Love – Moscow:
International Education Foundation, 1994

HENDRICKS, Tyler. True Family Values N° 6 – Building a Genesis
1:28 Family - New York - HSA Bookstore, 2001

HSA-UWC – The Blessing of Love – Love, Marriage and World Peace-
New-York: The Holy Spirit Association for the Unification of
World Christianity, 1994

LEE, Sang Hun. - A Realidade do Mundo Espiritual e a Vida na Terra –
São Paulo: Associação das Famílias para a Unificação e Paz
Mundial, 1998

MILINGO, Emmanuel – Depoimento – New York - 2001
http://www.archbishopmilingo.org/statement_archbishop_milingo.htm

MOON, Sun Myung. Princípio Divino. - São Paulo: Associação
do Espírito Santo para Unificação do Cristianismo Mundial,
1997

MOON, Sun Myung. The Life and Mission of Jesus Christ. - New-
York: The Holy Spirit Association for the Unification of World
Christianity, 2001

MOON, Sun Myung. A Família Abençoada e o Reino Ideal- São Paulo:
Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial, 1997

MOON, Sun Myung. A Vida na Terra e no Mundo Espiritual I – São
Paulo: Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial,
1999

Revista das Religiões. Unidos pela fé. – São Paulo: Editora Abril,
Edição 9, Maio 2004

Saturday, January 17, 2009

HISTÓRIA DA IGREJA ( I )

HISTORIA DA IGREJA (1)
Trabalho apresentado segundo as exigências do Curso de Teologia Catequética para leigos e religiosos, Pós-graduação Lato Sensu para portadores de diploma superior, sob a orientação da Professora Dra Marly Santos Mütschele


CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO - UNIFAI
VILA MARIANA - SP - 2004 - 2° SEMESTRE


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
1) Contribuições Políticas dos Romanos
2) Contribuições Intelectuais dos Gregos
3) Contribuições Religiosas dos Judeus

A HISTÓRIA DE JESUS CRISTO
1) A Anunciação e o Mistério da Concepção de Jesus
2) O Nascimento
3) O Menino Jesus
4) O Encontro de Jesus com João
5) A Missão de Jesus
6) Jesus Ressuscitado

O PRIMEIRO PERÍODO - A IGREJA APOSTÓLICA
1) A Igreja Pentecostal
2) A Igreja entre os Gentios

O SEGUNDO PERÍODO - AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS
1) Idade de Identidade de Tempo Providencial
2) O Período da Perseguição pelo Império Romano

O TERCEIRO PERÍODO (313) ATÉ A QUEDA DE ROMA (476)
1) Controvérsias e Concílios
2) Os dirigentes deste Período

O 4° PERÍODO (476) ATE A QUEDA DE CONSTANTINOPLA (1453)

1) O Monasticismo
2) Alguns Benefícios da Vida Monástica
3) O Primeiro Papa Medieval, Gregório I
4) Império Romano de Carlos Magno
5) Divisão da Igreja, o Cisma de 1054
6) As Cruzadas, 1095 - 1270
7) O Declínio do Poder Papal

O QUINTO PERÍODO (1453) ATE A REFORMA (1517)
1) A Queda de Constantinopla, 1453
2) A Renascença
3) A Reforma Religiosa

CONCLUSÃO
Uma Nova Teoria da História



INTRODUÇÃO

A História da Igreja Cristã começou depois da ressurreição de Jesus Cristo. Segundo a visão do Princípio Divino a História do Antigo Testamento é a providência de Deus conduzindo o homem decaído a fazer um fundamento para receber o Messias. Quatrocentos anos antes de Cristo, a partir da profecia de Malaquias, o povo judeu voltou para Canaã, iniciando a reconstrução do Templo para preparar a vinda do Messias[1], na mesma época Deus preparou vários povos e figuras importantes como Buda, Confúcio e Sócrates.
Três grandes povos contribuíram a preparar providencialmente a vinda de Cristo.

1) Contribuições Políticas dos Romanos

a) A lei romana, com sua ênfase sobre a dignidade do indivíduo, no direito deste à
justiça e à cidadania romana, contribui a unificar os homens de raças diferentes numa só organização política.

b) Com o aumento do poderio imperial nos países ao redor do Mediterrâneo, foi criado um espaço de livre circulação e de propagação de idéias. Os soldados romanos mantinham a paz nas estradas da Ásia, África e Europa.

c) Os romanos criaram um ótimo sistema de estradas que iam de Roma a todas as regiões do Império.

d) O papel do exército romano no desenvolvimento do ideal de uma organização universal foi predominante; os provincianos entravam em contato com a cultura romana e ajudavam a divulgar suas idéias através do mundo antigo.

2) Contribuições Intelectuais dos Gregos

Foi graças à influência grega que, a cultura basicamente rural da antiga República
deu lugar à cultura intelectual do Império Romano.

a) O grego tornou-se no mundo antigo, ao tempo que o Império Romano apareceu,
a língua universal. O dialeto de Atenas, conhecido como Koinê espalhou-se através do mundo mediterrâneo. Foi usado pelos cristãos para escrever o seu Novo Testamento e pelos judeus de Alexandria para escrever seu Velho Testamento, a Septuaginta.

b) Eles tinham pesquisas filosóficas sobre tudo que se relacionava com o homem,
Deus, bem, mal, e sua existência. Os filósofos gregos incentivaram as atividades intelectuais e levaram outros povos a pensar. Sócrates e Platão ensinavam, cinco séculos antes de Cristo, que este presente mundo temporal dos sentidos é apenas uma sombra do mundo real, espiritual e eterno.

3) Contribuições Religiosas dos Judeus

Segundo a visão do Princípio Divino, se o povo judeu tivesse crido e servido Jesus a Providência da restauração teria sido completada naquele tempo[2], Jesus teria se tornado rei dos judeus, de acordo com a profecia de Isaias 9: 6,7, governando sobre o trono de Davi, transformando diretamente o judaísmo em Reino de Deus para sempre. Neste caso não teria a historia da Igreja Cristã.

A história do povo Hebraico ou Judeu no Antigo Testamento, é a expressão da providência divina de preparação para a vinda de Cristo, pois Deus queria mandar o "novo Adão", logo após a "Queda" no Jardim do Éden, mas devido as falhas repetidas das figuras centrais escolhidas como as famílias de Noé e Abraão. A história da restauração foi prolongada, o povo se tornou a nação de Israel, continuando as faltas de fé e a desobediência aos mandamentos de Deus, até que as condições foram realizadas para o nascimento do Messias, o "rei ungido". "O Judaísmo pode ser considerado como o botão do qual a rosa do cristianismo abriu-se em flor"[3].

a) Monoteísmo
O conceito do Deus único foi revelado através de Moisés contrariamente a maioria das religiões da época. O monoteísmo foi espalhado por numerosas sinagogas em volta do Mediterrâneo durante os três séculos anteriores à vinda de Cristo.

b) Esperança Messiânica
As escrituras hebraicas contem varias profecias alimentando a esperança dos judeus: segundo II Samuel 7: 11-16, o Messias nascerá da linhagem de Davi; Isaias 11: 1-10 anunciou que ele trará justiça e paz a toda a humanidade; Daniel 9: 24-27 revelou a cronologia para determinar a aparição do Messias. Antes do nascimento de Jesus, havia uma grande expectativa, ele será um descendente de Davi, carismático, libertador da opressão romana, ele restaurará a soberania e reinará sobre a nação de Israel[4].

c) Sistema Ético
Na parte moral da lei judaica, o judaísmo ofereceu o mais puro sistema ético através
dos Dez Mandamentos. Para os judeus, o pecado era uma violação da vontade de Deus, a salvação vinha de Deus.

d) O Antigo Testamento
As escrituras sagradas dos Hebreus constituem o Velho Testamento da Bíblia cristã,
incluindo os seguintes livros: a Tora, composto dos cinco livros de Moisés, o Nebiim, composto de Josué e dos profetas, o Ketoubim, composto das obras poéticas e outras.

e) A Sinagoga
Nascida durante o cativeiro babilônico, através dela, os judeus e também muitos gentios se familiarizaram com uma forma superior de viver. Foi o lugar em que Paulo primeiro pregou em todas as cidades por onde passou no itinerário de suas viagens missionárias. Foi ela a casa de pregação do cristianismo primitivo.

A HISTÓRIA DE JESUS CRISTO

1) A Anunciação e o Mistério da Concepção de Jesus
Maria recebeu a mensagem do anjo Gabriel anunciando que o Messias será
concebido por ela (Lc 1: 31); ela aceitou a vontade de Deus ( Lc 1. 38) e depois partiu imediatamente, apressadamente e entrou na casa de Zacarias (Lc 1. 40). Um teólogo, Sr C. A. Wainwright de Oxford ofereceu uma explicação da gravidez de Maria, que seria o resultado de uma cerimônia especial, um "casamento sagrado" entre o sacerdote e a virgem. Seguindo as instruções do anjo e do Espírito Santo, Maria ficou três meses na casa do sacerdote até a confirmação da gravidez[5].

Rev. Sun Myung Moon confirmou que Jesus foi concebido na casa de Zacarias, no discurso "Visão do Princípio da História Providencial da Salvação". Maria, Elisabete e Zacarias seguiram a revelação de Deus, e acreditaram incondicionalmente que isso era a vontade e o desejo de Deus[6].
A partir do momento que Maria deixou a casa de Zacarias, a vida de Jesus e de Maria sua mãe, se tornou difícil. A família de Zacarias deveria ter sido o muro de proteção para Jesus até o final.

2) O nascimento
O mundo cristão festeja o Natal mostrando Jesus nascido em uma manjedoura. É um local para animais. Este tipo de lugar, é um local para o nascimento do Filho de Deus, o Rei dos Reis? Você achou que Deus verdadeiramente queria ver seu Filho nascer em uma estábulo? Eu tenho certeza que Maria pensava que o Filho de Deus merecia deo melhor palácio.
Se Jesus tivesse começado sua vida reconhecido como o Filho de Deus, a história de sua vida teria sido diferente? Em verdade, ele teria sido tratado com o rei de Israel. Deus queria ver todos os grande sacerdotes se reunir para acolher a criança sagrada, então os chefes das doze tribos teriam competido para servir-lo enquanto ele estava crescendo, sua missão era se tornar Rei dos Reis[7].

3) O Menino Jesus
Jesus era uma criança solitária, freqüentemente saindo de casa
desacompanhado.Uma vez, seus pais lhe deixaram em Jerusalém, e voltaram a busca-lo só após três dias. Como é possível que os pais de deixem um menino jovem assim?
O relacionamento entre Jose e Jesus era complicado, distante e estranho; José como
padrasto não tinha relacionamento de sangue. Jesus teria desejado apoio de seus pais, irmãos e parentes. Ele era mal tratado, tendo seu coração cheio de dores. Ele não teve outra alternativa senão de fugir de sua casa aos trinta anos. Durante trinta anos, ele nunca pode expressar alegria com seus irmãos; enquanto eles eram alegres, ele ficava sempre calado, derramando lagrimas sem fim[8].

4) O encontro de Jesus com João
Eu tenho certeza que muitos leitores da Bíblia se perguntaram a respeito de João:
"Se ele era um homem tão grande, diante do Senhor, no espírito e poder de Elias como está registrado em Lucas 1: 17, porque ele não se tornou o primeiro discípulo do Filho de Deus? " Jesus indicou que a missão de João era de cumprir a segunda volta de Elias em Mt 11: 14.

Se João tivesse seguido Jesus, a liderança da sociedade teria sido a primeira a aceitar Jesus Cristo como o Filho de Deus. Então quem teria crucificado o Senhor da gloria?

O problema foi que Elias não voltou da maneira como o povo pensava, porque no Antigo Testamento estava escrito que ele subiu ao céu. Eles acreditavam que Elias voltaria descendendo do céu. A profecia de Malaquias se tornou obstáculo, porque se Jesus era o Messias, onde estava Elias? João negou e disse: "Eu não sou Elias, não sou profeta." Jo 1: 21. Porque ele sabia que Jesus era um marginal rejeitado pela sociedade, fazendo isso João bloqueou o caminho de Jesus, parecendo então, que Jesus era um impostor aos olhos do povo[9].

5) A Missão de Jesus
A finalidade da vinda de Jesus como Messias era realizar a providência da
restauração, conseqüentemente, o Reino do Céu na Terra devia ter sido estabelecido por Jesus. "Sede vós perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mt 5 : 48). Ele mandou que seus discípulos orassem para que a vontade de Deus fosse feita na Terra como no Céu (Mt 6 :10).

Quando as pessoas lhe perguntaram o que deviam fazer para executar as obras de Deus, Jesus respondeu dizendo: "A obra de Deus é esta: que acrediteis naquele que Ele enviou (Jo 6: 29). Se os judeus acreditassem que ele era o Messias, o que tanto Deus como Jesus queriam, será que poderiam tê-lo crucificado?

Podemos ver que a crucifixão de Jesus foi o resultado da ignorância e descrença do povo judeu, e não da predestinação de Deus para realizar a finalidade da sua vinda como Messias. I Coríntios 2: 8 diz: "Nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu isto, pois se tivessem compreendido não teriam crucificado o Senhor da glória"[10].

6) Jesus Ressuscitado
A maioria dos Protestantes liberais acreditam que a ressurreição é espiritual, não
física. A ressurreição na carne é contraria ao entendimento cientifico de nosso mundo moderno. Teólogos como Bultmann, Brunner insistem sobre a ressurreição do corpo (espiritual) de Jesus, sim; mas na ressurreição da carne não!

São Paulo diz em I Cor: 44 que o corpo natural, ressuscita corpo espiritual, ele encontrou o Cristo glorificado, na realidade espiritual, na estrada de Damasco.
Jesus apareceu como um espírito em Lucas 24: 37, aos discípulos que ficaram surpresos e atemorizados. Na estrada de Emaús, eles não reconheceram o Cristo ressuscitado até o momento em que comeram juntos, (Lc 24: 30) e, depois Jesus desapareceu da presença deles (vers. 31). Estes acontecimentos mostram que o corpo de Jesus ressuscitado era diferente do corpo terreno[11].

O PRIMEIRO PERÍODO - A IGREJA APOSTÓLICA

O primeiro período da história da Igreja começa no dia de Pentecoste, cerca de 30 d.C. até a morte de João em 100 d.C., o ultimo apóstolo de Jesus.

1) A Igreja Pentecostal
Judeus de todas as partes do mundo mediterrâneo estavam presentes em Jerusalém para a festa de Pentecoste. Por ocasião, 120 homens estavam reunidos no Cenáculo e receberam o dom do Espírito Santo. (Atos 2).

O Evangelho foi primeiro proclamado em Jerusalém pelos cristãos judeus, e depois levado a outras cidades da Judéia e da Samaria. Pedro pregou para três mil pessoas que aceitaram a sua palavra e foram batizados (At. 2: 41).
O crescimento foi muito rápido e logo a perseguição aconteceu; Estevão foi o primeiro mártir (At. 6,7).

2) A Igreja entre os Gentios
Paulo, que era um perseguidor de cristãos, recebeu uma revelação na estrada de Damasco (At 9: 3, 5), se converteu em 37 d.C. e foi chamado a pregar o Evangelho ao mundo gentio até aos confins do Império Romano. (Pm. 11: 13; 15: 16)

Surgiram dois grupos: os conservadores diziam não haver salvação fora de Israel, sem observar a Lei Judaica; e os progressistas compostos de gentios crentes em Cristo. Este assunto foi resolvido no Concílio de Jerusalém em 50 d.C.

Paulo é o principal iniciador junto com João, (autor do quarto evangelho), da doutrina sobre a necessidade da morte de Jesus na cruz para salvar a humanidade. Esta "Fé cristã" surgiu uma geração após a crucifixão; foi o resultado da necessidade de refutar a oposição dos judeus, que não puderam aceitar Jesus como Messias crucificado como um criminoso. Cristãos desenvolveram a crença que a morte de Jesus era o ponto central de sua missão[12]. O teólogo Küng disse ser evidente para todo mundo que a mensagem principal de Jesus era a proclamação iminente do advento do Reino de Deus.

Paulo estabeleceu igrejas em sete cidades, fez quatro grandes viagens e morreu martír em 68 d.C.
Destruição de Jerusalém e do Templo em 70 d.C.
Morte de João 98 d.C. Foi durante este período que se escreveram os últimos livros do Novo Testamento. O dia do Senhor era observado aos domingos, e a ceia era só para os membros.

O SEGUNDO PERIODO - AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS

Desde a morte de João, 100 d.C. até ao Edito de Milão, 313 d.C.
Neste período, o fato que mais se destaca na história da Igreja consiste na perseguição ao cristianismo por imperadores romanos.

1) Idade de Identidade de Tempo Providencial

Quando observamos o curso da história humana, freqüentemente notamos que certo
curso se repete. Os historiadores dizem que a história progride em uma espiral. Eles nunca descrevem a causa, mas é principalmente porque todos estes fenômenos originalmente se baseiam na providência divina da restauração por indenização. O Princípio da Restauração por Indenização foi descoberto pelo Rev. S. M. Moon e esta explicado na segunda parte do livro do Princípio Divino[13].

As idades de identidades de tempo se repetem porque a providência, para restaurar o fundamento para receber o Messias, está sendo repetida. Este fundamento se tinha perdido porque as figuras centrais falharam em cumprir sua porções de responsabilidade[14].

A providência da restauração de Deus, que é igualmente a providência da salvação, e que depende do cumprimento da porção de responsabilidade das figuras centrais, foi prolongada de Adão, a Noé, a Abraão, a Moisés, estendendo-se finalmente até Jesus. Devido à falta de fé do povo, Jesus morreu sem realizar o Reino do Céu na Terra. A providência da restauração está sendo prolongada até o tempo do Segundo advento.

2) O Período da Perseguição pelo Império Romano

Devido à falha de Abraão na oferta, Deus fez com que os israelitas se submetessem
à escravidão de 400 anos no Egito. (Gn 15: 13)

Da mesma maneira, os cristãos tiveram que suportar um período semelhante ao período de escravidão no Egito, afim de restaurar por indenização o fundamento de fé deixado sem realizar, devido ao fracasso do povo judeu em oferecer Jesus como sacrifício vivo. Foi este o motivo para o período de cerca de 400 anos de perseguição pelo Império Romano[15]. Em 313 d.C., Constantino promulgou o Edito de Milão, reconhecendo a liberdade de culto a todas as religiões. Em 392, Teodósio I declarou o Cristianismo a religião oficial do Império[16].

O TERCEIRO PERÍODO (313) - ATÉ A QUEDA DE ROMA (476)

Desde o Edito de Constantino, o fato mais importante neste período foi a vitória do
Cristianismo. Constantinopla se tornou a capital do Cristianismo. A partir do governo de Teodósio (395), o mundo romano foi dividido em Oriental (grego) e Ocidental (latino).

1) Controvérsias e Concílios
a) Nicéia (325) para resolver a disputa ariana. Ário, um ancião, líder da
igreja, em Alexandria, proclamou que Jesus não era Deus, mas era criado, diferente de Deus, intermediário entre Deus e o homem. Muitos crentes seguiram sua doutrina até fora do Egito; o bispo Hosius, pediu ao Imperador, a convocação do concílio de Nicéa, que foi o primeiro encontro de todos os Bispos da região. O bispo Atanásio ganhou, com a doutrina "homoousion", Cristo era Deus, o Filho e o Pai são da mesma substância. Os livros de Ário foram queimados, sua doutrina foi rejeitada. Ário foi excomungado como herege e exilado.
Até hoje a interpretação que Jesus não era Deus continua; varias denominações cristãs seguem a linha ariana como os Unitarianos[17], os Testemunhos de Jeová[18], os Unificacionistas acreditando na divindade de Jesus como Filho de Deus. O dogma "Jesus é Deus" é um dos maiores obstáculos de entendimento com as outras religiões. Jesus, sendo um só corpo com Deus, pode ser chamado de segundo Deus (imagem de Deus), mas de modo algum pode ser o próprio Deus[19].

b) Constantinopla (381) para afirmar a personalidade do Espírito Santo e a
humanidade de Cristo.
Apolinário exaltou a divindade de Cristo, mas minimizou Sua verdadeira humanidade; sua doutrina foi condenada no Concílio ecumênico de Constantinopla.

c) Éfeso (431) para enfatizar a unidade da personalidade de Cristo. Nestório rejeitava o termo theotokos (mãe de Deus) aplicado à Virgem Maria. Ele sugeriu a palavra Christotokos; Cristo era apenas um homem perfeito, moralmente associado à divindade. Os líderes da Igreja condenaram sua doutrina em Éfeso[20].

d) O Concílio de Calcedônia em 451, se empenhou a promulgar que Cristo era
"completo em sua divindade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem".

2) Os dirigentes deste Período:

a) Atanásio (293-373) bispo que ganhou contra Ário no Concilio de Nicéa
defendendo a tese que Cristo era da mesma substância com o Pai.

b) Ambrósio (340-397) bispo de Milão, pregador poderoso, teólogo e hábil administrador, queria que o Estado respeitasse os direitos da Igreja no reino espiritual.

c) João Crisóstomo (345-407) Expositor e Orador, patriarca de Constantinopla, asceta, inclinado ao misticismo.

d) Jerônimo (340-420) Comentarista e tradutor, foi para a Palestina, viveu num retiro monástico em Belém, por 35 anos, produziu a Vulgata (tradução latina da Bíblia).
e) Agostinho (354-430) Filósofo e Teólogo, polemista capaz, pregador de talento, administrador competente; ele criou uma filosofia cristã reconhecida até hoje. Bispo de Hipona, ele é apontado como um dos maiores Pais da Igreja. Deixou mais de 100 livros, 500 sermões e 200 cartas. A obra mais conhecida: as Confissões, uma das maiores autobiografias de todos os tempos. Uma outra grande obra, é o tratado De Civitate Dei conhecida com a Cidade de Deus[21].

Agostinho reconheceu a queda sexual da Adão e Eva, como a raiz do pecado da humanidade, conhecido como o pecado original. Ele deduziu que o ato sexual foi pecado[22]. Segundo o Princípio Divino, ele não compreendeu o plano original de Deus, que era que Adão e Eva "não coma do fruto" e esperassem até alcançar a maturidade, para ser abençoado em matrimonio sagrado. Baseada na sua interpretação, a Igreja Católica ainda acredita que a castidade é espiritualmente superior que ao casamento[23].

O 4º PERÍODO DE (476) ATE A QUEDA DE CONSTANTINOPLA (1453)

1) O Monasticismo

O monasticismo tornou-se um refúgio para os que renunciaram a sociedade
decadente e arruinada.

a) Antonio (250- 356) é geralmente visto como o fundador do monasticismo; ele
viveu solitário numa caverna, na região de Antioquia.

b) Basílio de Cesaréia (330-379), bispo da região de Capadócia popularizou a
organização comunitária; criou uma regra monástica da Igreja oriental.

c) São Bento de Núrsia (480-542), líder do monasticismo ocidental, se retirou para viver como eremita numa caverna perto de Roma. Fundou o mosteiro de Monte Cassino (529), e sua regra que ensina a pobreza, a castidade e a obediência se tornou padrão na Idade Média[24].

d) Os Cistercences, 1098. São Roberto a São Bernardo, esta ordem fortaleceu a disciplina dos beneditinos e deu ênfase às artes, à arquitetura, literatura, copiando livros.

e) Os Franciscanos, 1209. São Francisco, um dos santos mais devotos e amados. Eram conhecidos como "Frades Cinzentos".

f) Os Dominicanos, 1215. São Domingos. Ordem espanhola que se estendeu por toda a Europa. Eram pregadores, eram conhecidos como "Frades Mendicantes".

2) Alguns Benefícios da Vida Monástica

Os monges desenvolveram melhores técnicas na agricultura; a educação de nível superior, copiaram e preservaram manuscritos, relataram a história. Contribuíram para o trabalho missionário. Os mosteiros serviram de refúgios, hospitais e albergues.

3) O Primeiro Papa Medieval, Gregório I

A consagração de Gregório I (540-604) como bispo de Roma constitui
um marco que divide o período antigo da história da Igreja do período medieval. Sua maior obra foi ampliar o poder do bispo de Roma. Ele organizou o canto gregoriano; foi ainda um grande pregador. Deixou importantes obras literárias: um comentário do Livro de Jó, Magna Moralia, um Livro do Cuidado Pastoral. Teólogo destacado, um dos quatro grandes doutores da Igreja ocidental[25].

4) Império Romano de Carlos Magno

Carlos Magno (742-814), rei dos francos, tornou-se o imperador do Ocidente em
800, quando o Papa Leão III o coroou como Imperador dos Romanos. Segundo a visão do Princípio Divino, o Reino Cristão repetiu o período do Reino Unido do primeiro Israel, aproximadamente 800 anos depois de Abraão; o profeta Samuel ordenou rei a Saul, fazendo-o rei do primeiro Israel.

Se o segundo Israel desse tempo (o povo cristão) tivesse confiado no rei, o reino espiritual, que estava centralizado no papa, e o reino substancial (temporal), centralizado no rei, podiam ter-se unido e realizando o fundamento para a vinda do Messias. Não obstante, Carlos Magno falhou em cumprir a vontade divina, e repetiu o fracasso do rei Saul que se rebelou contra o mandamento de Deus[26].

Depois da morte de Carlos Magno, os três filhos dividiram as terras; Luís herdou a
porção oriental, Carlos, o Calvo herdou a porção ocidental, e a porção central ficou para Lotário. Mas os dois primeiros irmãos se uniram contra ele. A porção oriental se tornou o Santo Império Romano, depois que Henrique foi escolhido rei em 919; e seu filho Oto sucedeu e consolidou o Império.
Enquanto no primeiro Israel, os reinos de Saul, Davi e Salomão continuaram também por 120 anos, mais depois surgiu a divisão Norte e Sul.

5)Divisão da Igreja, o Cisma de 1054
No dia 16 de julho de 1054, os legados romanos, representando o papa Leão IX,
trouxeram um decreto de excomunhão contra o patriarca de Constantinopla, que condenou a Igreja do Ocidente pelo uso de pão não levedado na Eucaristia. O patriarca anatematizou o papa de Roma; foi o primeiro grande cisma no Cristianismo. A partir de então, a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa têm seguido caminhos diferentes[27].

6) As Cruzadas, 1095 - 1270
Foi um grande movimento da Idade Média, sob a inspiração e mandado da Igreja por quase trezentos anos. Numerosas peregrinações à Terra Santa foram organizadas e começaram as perseguições pelos maometanos. Na Europa manifestou-se o desejo de libertar a Terra Santa do domínio maometano. Desse impulso surgiram as Sete Cruzadas[28].

7) O Declínio do Poder Papal

Por causa de sua imoralidade, os papas e sacerdotes foram perdendo pouco a pouco
a confiança do povo. As derrotas nas Cruzadas também acarretaram o colapso da autoridade papal. O papa Bonifácio VIII entrou em conflito com o rei francês Felipe IV. O papa seguinte, Clemente V transferiu a Sé papal de Roma para Avignon em 1309. Inaugurou a era conhecida como "o Cativeiro Babilônico do papado"[29]. Até 1377, os papas viveram como prisioneiros durante 70 anos, sob a restrição dos reis franceses.

De acordo com os princípios da restauração, a história da era cristã é vista como a prolongação da providência do primeiro Israel, e podemos observar a "identidade de tempo providencial" para preparar de novo o fundamento para receber o Messias, o "novo povo escolhido" é o povo cristão ou Segundo Israel[30].

O QUINTO PERÍODO - (1453) ATÉ A REFORMA (1517)

1) A Queda de Constantinopla, 1453
Foi assinalada pelos historiadores como a linha divisória entre a Idade Média e a Moderna. Foi tomada pelos turcos otomanos e com sua queda terminou o período da Igreja Medieval.

2) A Renascença
A queda de Constantinopla levou muitos eruditos e manuscritos gregos à Itália para fugir à destruição pelos muçulmanos. Despertou um interesse pela cultura helenística dando origem ao humanismo.
O movimento antimedieval da Renascença, que ocorreu com o apoio do humanismo, menosprezava a conversão a Deus e a dedicação à religião, substituindo tudo pela natureza e o humanismo[31].

3) A Reforma Religiosa
Os homens medievais começaram a oferecer resistência às cerimônias, às regras
religiosas formais, à autoridade papal, que reprimiam a autonomia do homem. Repeliram também a vida de fé em que a razão e o intelecto eram postos de lado. O povo veio a repelir a atitude de fé ascética, fechada e isolada do mundo, ignorando a natureza, a realidade e a ciência[32].
Historiadores interpretam a Reforma como um movimento religioso, que procurou redescobrir a pureza do cristianismo primitivo, como descrito no Novo Testamento[33].

CONCLUSÃO

Uma Nova Teoria da História
A primeira parte da História do Cristianismo ou da Igreja vai até o final da Idade Média, durante 1500 anos, passando pelas catacumbas e as perseguições, se tornando a Igreja Oficial do Império Romano; a Igreja Oriental a Bizâncio; a Igreja da África lascerada pelas heresias; a Igreja das cruzadas contra o Islã e a igreja da Inquisição[34] ....
Do ponto de vista de toda a História da Restauração, a História da Igreja é o Terceiro Período; o Primeiro Período vai da família de Adão até a família de Abraão e o Segundo Período de Abraão até Jesus que é a Historia de Israel[35].

A segunda parte da História da Igreja que começou com a Reforma de Luther, em 1517, é o último estágio da restauração, que é o Período de preparação para o Segunda Vinda do Senhor que deve estabelecer o Reino de Deus na terra. A Segunda Vinda restaurará o homem ao seu estado original não só espiritualmente, como Jesus fez, mas também na carne.

Jesus veio como o segundo Adão. No entanto, Ele foi impedido de cumprir seu trabalho de restauração completo devido a descrença do povo, que resultou na Sua crucifixão. Ele cumpriu, no entanto, a restauração espiritual da humanidade. A restauração física da humanidade deve esperar até a Segunda Vinda do Senhor[36].


NOTAS:
[1] MOON, S. M. - Princípio Divino - p. 293
[2] MOON, S. M. Op. Cit., p. 173
[3] CAIRNS, Earle E. - O Cristianismo através dos Séculos - p. 34
[4] WATCHTOWER BIBLE - L´humanité à la recherche de Dieu - p. 232
[5] WEATHERHEAD, L. - The Christian Agnostic- p. 59-63
[6] MOON, S. M. - The Life and Mission of Jesus Christ - p 12
[7] MOON, S. M. Op. Cit., p. 15
[8] Idem - p. 17
[9] MOON, S. M. - The Life and Mission of Jesus - p. 26
[10] MOON, S. M. - Princípio Divino - p. 111
[11] KIM, Y.O. - Unification Teology - p. 151
[12] KIM, Y. O. , An Introduction to Teology - p. 132
[13] MOON, S.M. - Princípio Divino - p. 166
[14] MOON, S. M. Op. Cit., p. 277
[15] Idem. p. 294
[16] CAIRNS, E. E., O Cristianismo através dos Séculos - p. 101
[17] KIM, Y. O., "An Introduction to Theology" - p. 81
[18] WATCH TOWER AND TRACT SOCIETY - "L´Humanité à la Recherche de Dieu"- p. 276
[19] MOON, S. M., "Princípio Divino" - p. 157
[20] CAIRNS, E. E., "O Cristianismo através dos Séculos" p. 111
[21] CAIRNS, E. E., Op. Cit., p. 113
[22] BATTENHOUSE, R. W., "A Companion to the Study of St. Augustine" p. 385
[23] KIM, Y. O., "Unification Teology" - p. 90
[24] CAIRNS, E. E. - idem p. 125
[25] idem p. 135
[26] MOON, S. M. Princípio Divino - p. 306
[27] CAIRNS, E. E. Idem p. 167
[28] LEMOS, M. C. Apostila 2 parte p. 2
[29] CAIRNS, E. E. Idem p. 177
[30] MOON, S. M. Idem - p. 300
[31] Idem p. 336
[32] Idem p. 334
[33] CAIRNS, E. E. Idem - p. 225
[34] MALHERBE, M., Les Religions. - p. 36
[35] MOON, S. M. Princípio Divino - p. 328 - Diagrama do Desenvolvimento da
História do Ponto de Vista da Providência da Restauração.
[36] MATCZAK, S. A., Unificationism, A new Philosophy and Worldview.- p. 282



BIBLIOGRAFIA

BATTENHOUSE, Roy W. A Companion to the Study of St.Augustine.
Michigan: Baker Book House, 1979

CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos, uma História da
Igreja Cristã. - São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida
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KIM, Young Oon. An Introduction to theology. - New-York: The Holy
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Monday, January 12, 2009

CRISTOLOGIA

Quem era Jesus ?

Trabalho apresentado segundo as exigências do Curso de Teologia Catequética para leigos e religiosos, Pós-graduação Lato Sensu para portadores de diploma superior, sob as orientações dos Padre Manzato e Fernando.

CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO - UNIFAI
VILA MARIANA - SP - 2004 - 1° SEMESTRE
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

O Valor de uma pessoa que realizou a finalidade da criação

I) Quem era Jesus ?

1)O Adão aperfeiçoado e Jesus como a restauração da Árvore da Vida
2) Jesus e os homens que alcançaram a finalidade da criação
3) Jesus é o Próprio Deus?
4) Qual era a relação entre Jesus e Deus?

II) A Finalidade da vinda de Jesus como o Messias

1) Qual tipo de Reino Jesus anunciou?
2) O que é Reino de Deus?
3) A Vinda do Reino de Deus não é apocalíptica
4) O Reino de Deus não é exclusivamente espiritual
5) A Morte de Jesus na Cruz
6) A Ressurreição de Jesus


CONCLUSÃO


INTRODUÇÃO

A Cristologia trata da significação da pessoa e do trabalho de Jesus Cristo, os cristãos acreditam que Jesus de Nazaré é o Cristo. Cristo é uma palavra grega que significa Messias, em hebraico significa ungido ou escolhido para ser rei no antigo testamento. O povo de Israel acreditava que Deus enviaria um rei ou Messias para salvá-lo. Então, a Cristologia tem duas partes, a primeira explica quem era Jesus, e a segunda a finalidade para qual ele veio e sua missão como Messias.

A finalidade da vinda de Jesus como Messias era realizar a salvação. Devemos entender porque o homem necessita de salvação, e o que é salvação? A salvação se tornou necessária por causa da queda humana. Então devemos compreender: o que aconteceu na queda humana? Por que Adão e Eva caíram? O que foi o pecado dos primeiros antepassados humanos?

A "Queda" significa que o plano original da criação de Deus não foi realizado, então devemos primeiro elucidar qual é a finalidade da criação e o significado da vida. Por que Deus nos criou? Devemos conhecer o valor do homem original recebido na criação.


O Valor de uma Pessoa que Realizou a Finalidade da Criação

Vamos examinar o valor de Adão aperfeiçoado, caso ele não tivesse caído[1].
Qual seria a relação entre Deus e o Adão aperfeiçoado?
Se Adão tivesse alcançado o objetivo da criação sem cair, ele se tornaria o templo de Deus, segundo São Paulo: "Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (I Cor 3. 16). Jesus falou deste estado de perfeição, dizendo: "Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." (Mt 5. 48)
Neste sentido podemos ver que uma pessoa que realizou a finalidade da criação adquire um valor divino semelhante ao de Deus.

I) Quem era Jesus?

A história humana pode ser encarada sob o ponto de vista da salvação e da providência da restauração do que foi perdido no momento da queda no Jardim do Éden e o objetivo é a realização do Reino do Céu na terra[2].

1)O Adão aperfeiçoado e Jesus como a Restauração da Árvore da Vida

A Árvore da Vida que foi perdida no Jardim do Éden[3] será restaurada nos Últimos Dias[4]. Podemos conhecer o relacionamento entre Jesus e Adão aperfeiçoado compreendendo o relacionamento entre a Árvore da Vida do Jardim do Éden[5] e a Árvore da Vida que deve ser restaurada no fim dos tempos[6].

Se Adão tivesse chegado a atingir o ideal da criação, ele teria se tornado a Árvore da Vida (Gn 2.9). Contudo Adão caiu e foi expulso do Jardim do Éden (Gn 3.24) sem atingir a Árvore da Vida, e a partir de então tem sido a esperança dos homens decaídos restaurar-se à esta Árvore da Vida (Pv 13.12, Ap 22.14).

Visto que o homem decaído jamais pode restaurar-se como Árvore da Vida por seu próprio poder, é necessário que um homem que tenha completado o ideal da criação venha como uma árvore de vida e enxerte em si todas as pessoas. Jesus é esta árvore da vida mencionado na Bíblia no Livro do Apocalipse.

Por isso Adão aperfeiçoado, simbolizado pela Árvore da Vida no Jardim do Éden, e Jesus, que é também comparado com a Árvore da Vida no Apocalipse, são idênticos, do ponto de vista de que são homens que atingiram o ideal da criação.
Por isso, São Paulo chamou Jesus Cristo de "ultimo Adão"[7] que deve vir de novo à Terra como a Árvore da vida nos Últimos Dias.

2) Jesus e os Homens que Alcançaram a Finalidade da Criação

São Paulo escreveu em I Timóteo 2. 5: "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os Homens, o homem Jesus Cristo".
E em Romanos 5. 19: "Porque, como pela desobediência de um só homem [Adão], muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só homem [Jesus], muitos se tornarão justos".
E também I Coríntios 15. 21: "Visto que a morte veio por um homem [Adão], também por um homem [Jesus] veio a ressurreição dos mortos”.

A Bíblia disse também em Atos 17. 31, no discurso de São Paulo em Atenas: "Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos."
Por maior que seja o valor de Jesus, ele não pôde assumir um valor maior do que o de um homem que atingiu a finalidade da criação. Por isso, não podemos negar que Jesus foi um homem que alcançou a finalidade da criação.

Como já foi comentado, os homens devem ser perfeitos como Deus é perfeito e Jesus é verdadeiramente um homem aperfeiçoado, tão valioso que possui deidade, um valor único, senhor de toda a criação e é um só corpo com Deus[8].

3) Jesus é o Próprio Deus?

Quando Filipe pediu a Jesus que lhe mostrasse o Pai [Deus], Jesus disse-lhe: "Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?. (Jo 14. 9,10) Também diz a Bíblia: "O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu”.(Jo 1. 10)
Jesus também disse: "Em verdade, eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou" . (Jo 8. 58)

Baseados nestes versículos, muitos cristãos acreditam que Jesus é o próprio Deus, o Criador[9].

É verdade que aquele que vê Jesus, vê Deus; mas ele não disse que era o próprio Deus, Jesus, sendo um só corpo com Deus, pode ser chamado de segundo Deus ou imagem de Deus, mas não pode ser o próprio Deus.

Está escrito que Jesus é o Verbo feito carne, ou seja encarnação da "Palavra". Esta escrito também que todas as coisas foram feitas através dele. Baseada nessas citações Jesus vem sendo chamado de Criador.

Segundo o Princípio da Criação, o universo criado é o desenvolvimento substancial da natureza interna e da forma externa de um ser humano de caráter perfeito. Jesus com um homem que cumpriu a finalidade da criação está na posição de ter restaurado todas as coisas, estes versículos de São João não significam que Jesus era o próprio criador[10].

Como Jesus pode dizer: "Antes que Abraão existisse, eu sou", Jesus era descendente de Abraão, mas em relação à providência da restauração, ele dá renascimento a toda a humanidade, ele veio como o novo antepassado de todos incluindo Abraão. Jesus, na Terra, não foi um homem diferente de nós, externamente, exceto pelo fato de ser sem pecado original[11].

Em Romanos 8. 34 está escrito que Jesus intercede por nós, se ele fosse o próprio Deus, como poderia interceder por nós perante si mesmo? Além disso ele chamava Deus "Pai", reconhecendo assim que ele não era o próprio Deus[12]. Se Jesus fosse o próprio Deus, como poderia ser tentado por Satanás? Finalmente quando lemos as palavras que ele disse na cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt 27. 46) fica bem claro que Jesus não é o próprio Deus.

4) Qual era a relação entre Jesus e Deus?

A primeira comunidade cristã era composta de judeus que aceitaram Jesus como o Messias de Israel, eles nunca pensaram que Jesus era Deus. Eles entenderam o conceito de "Filho de Deus", no sentido de um relacionamento intimo entre Jesus com seu Pai celestial[13]. A nação de Israel era chamada "meu filho" por Deus[14]. O rei Davi também[15].

Para os primeiros cristãos, Jesus não era Filho de Deus porque seu nascimento era um "milagre", mas porque ele foi especialmente eleito desde o batismo, o Espírito Santo desceu sobre ele e que Deus declarou, como no tempo de Davi: "Tu és meu Filho". (Sl 2. 7).
O título de "Filho de Deus" era equivalente a Messias, que não era suposta a ser uma personalidade sobrenatural, mas simplesmente um homem escolhido por Deus e dotado por Ele de um poder particular[16].

Então, como apareceu a crença da concepção virginal de Jesus? Como foi a mudança de conceito de Jesus eleito ao conceito de Jesus concebido Filho de Deus? Esta crença não está mencionada nas cartas de São Paulo, os mais antigos textos do Novo testamento. Está escrito assim: "com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade..." (Ro 1. 3,4) A conceição virginal de Jesus não aparece também no evangelho de São Marco, o mais antigo dos quatro, nem no evangelho de São João. Há possibilidade que está crença foi introduzida mais tarde nos evangelhos de Mateus e Lucas segundo Boers[17]. A idéia da conceição milagrosa está presente em outras fontes pagãs, judias e nos manuscritos do Mar Morto, na antigüidade grega egipciana e romana a paternidade divina era atribuída para os grandes personagens da história. Naturalmente, a expressão Filho de Deus perdeu o sentido judeu de "abençoado por Deus" e se tornou sinônimo de "concebido diretamente por Deus", então a partir de "Filho de Deus", Jesus se tornou "Deus o Filho", a segunda pessoa da Santa Trindade, preexistente eternamente na criação[18].


II) A Finalidade da vinda de Jesus como Messias


1) Qual tipo de Reino Jesus anunciou?

Na época de Jesus todo o povo Judeu esperava o Reino de Deus, eles
Recitavam uma oração semelhante ao “Pai nosso”: “venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu.” (Mt 6. 10, Lc 11. 2)
Se Deus é o Alfa, então o Reino de Deus, o cumprimento final de Sua vontade criadora, é o Omega[19].
O objetivo principal da pregação de Jesus era de exortar o povo a se arrepender e preparar a chegada do Reino dos céus[20].



2) O que é o Reino de Deus?

A expressão “Reino de Deus” que Jesus usou significa a “autoridade do
império de Deus”[21], mas poderíamos traduzi-la como a “lei divina” ou “teocracia”, Mateus preferiu utilizar a expressão “Reino dos Céus” seguindo o costume Judaico de não pronunciar o nome de Deus, palavra muito sagrada que não poder ser proferida[22] .
Há dois conceitos de Reino de Deus, o primeiro é a visão profética na esperança de uma nação regenerada e politicamente libertada para um rei escolhido pelo Espírito de Deus, é o tipo messiânico. O segundo é a transformação sobrenatural do mundo e o julgamento de Deus salvando os bons e castigando os maus, é o tipo apocalíptico.

As duas esperanças são encontradas juntas nas escrituras, como nos livros dos Salmos e de Enoquio, as esperanças de um rei vitorioso sobre as nações inimigas eram a destruição e a regeneração sobrenatural do mundo.
Jesus seguiu a linha dos profetas reformadores como Isaías e Zacarias que anunciaram a esperança do Messias e o ideal do Reino de Deus de uma maneira pacifista quando todas as nações “converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras” (Is 2. 4) e universalista proclamando que Deus é “O Senhor de toda a terra”.(Zc 4. 14)
A visão de Jesus era de estabelecer o Reino de Deus na Terra, começando à partir da nação de Israel e a fórmula que Jesus revelou era a prática e a ética dos ensinamentos do Sermão da Montanha[23].

Jesus não rejeitou a sucessão do rei Davi, que era um aspecto essencial das mensagens dos profetas da esperança messiânica popular da época, ele não negou o título de rei dos judeus que a multidão clamou: “Bendito é o rei que vem em nome do Senhor!” (Lc 19. 38, Mc 11. 10) ou quando ele foi interrogado por Pilato: ”És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: tu o dizes.” (Lc 23. 3)

3) A Vinda do Reino de Deus não é apocalíptica

A visão apocalíptica do Filho do Homem chegando nas nuvens
encontrada no capítulo 13 de São Marco[24] vem dos livros de Daniel, Isaías e Ezequiel. Segundo os especialistas isso não era ensinamento de Jesus, mas teria sido introduzido pelos discípulos devido a influência de João Batista. Essas imagens foram repetidas em vários textos cristãos: At 2. 19, 20; 2Th 1. 7; 2 Pe 3, 7; Ap 1. 7 e 8, 10, 12, mas não são palavras de Jesus.
Essas orientações apocalípticas da fé cristã se afirmaram na Igreja depois da morte de Jesus, enquanto os discípulos tinham de escolher uma das duas opções: desistir da esperança que Jesus ensinou, da realização próxima do Reino de Deus através da conversão do povo de Israel, ou reinterpretar esta esperança de uma maneira apocalíptica[25].

O Reino de Deus de Jesus não é compatível como a visão apocalíptica: “Não vem o reino de Deus com visível aparência... Porque o reino de Deus está dentro de vós.” (Lc 17. 20, 21) Aqueles que entrarão no reino dos céus são aqueles que fazem a vontade do pai[26], eles são semelhantes a uma semente ou ao fermento[27], eles devem encarnar-se sobre a Terra através da prática do amor altruísta e sacrifical capaz de abraçar o inimigo e brotar no coração dos homens para se realizar na sociedade.

4) O Reino de Deus não é exclusivamente espiritual

Além da visão apocalíptica, os discípulos começaram a pregar a
“espiritualização” ou desencarnação do Reino de Deus como as conseqüências das seguintes novas situações:
1. A expansão da fé cristã nas regiões helenísticas com a crença espiritualista desprezando o mundo terreno.
2. A volta gloriosa do Cristo ressuscitado não aconteceu, uma nova
interpretação do Reino de Deus na terra era necessária.
3. A preocupação dos cristãos de não se envolverem com o messianismo
nacionalista judeu e não receber oposição do Império Romano.
Por todas essas razões, a Igreja passou a minimizar a função terrena do
Reino de Deus prometido por Jesus. Paulo interpretou a mensagem de Jesus apontando a transformar o mundo através o amor de Deus, em uma nova religião enfatizando a salvação individual baseado na crença em vez de praticar o amor ao próximo: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.”(Ro 10. 9)
No entanto, colocando a palavra “Meu Reino não é deste mundo” na boca de Jesus, o quarto evangelho encerrou o processo de “espiritualização” do Reino de Deus, fazendo o orgulho do cristianismo perante o judaísmo julgado “carnal” demais. Assim que nós sempre ouvimos repetir que Jesus era o gênio que deu a noção terrena do Reino de Deus, uma significação unicamente espiritual fora deste mundo. Não tem nada de mais errado[28]. Na continuação do fundamento do Antigo Testamento, Jesus queria o Reino de Deus como uma realidade encarnada na vida social, e no nível nacional e até expandir no nível mundial.
Na verdade, Jesus pregou primeiro o Reino interno do coração, mas é claro que este Reino interno devia ter influência na vida social, nacional e política.

5) A Morte de Jesus na Cruz

Será que a morte de Jesus na cruz correspondeu ao desejo mais profundo da Vontade de Deus?

1 - Vamos examinar as palavras de Estevão em Atos 7. 52, ele sentiu
uma grande indignação contra a ignorância e descrença do povo que causou a crucifixão de Jesus, ele chamou aqueles que mataram Jesus, de traidores e assassinos. Se a morte de Jesus tivesse sido um resultado da predestinação de Deus, não haveria motivo para Estevão ficar tão bravo, indignado e ressentido, mas deveria ter se sentido grato pelo cumprimento da Vontade de Deus.

2 - Vejamos do ponto de vista da Providência de Deus se a crucifixão
de Jesus era inevitável como a predestinação de Sua Vontade.
Deus escolheu o povo de Israel, descendentes de Abraão, mandou os profetas que prometiam a vinda do Messias, Ele preparou-os através da construção do Tabernáculo e do Templo, Ele enviou os magos do oriente; Simeão, Ana e João Batista testemunharam o nascimento e a vinda do Messias. O propósito de Deus em enviar uma personalidade de alto escalão como João Batista, os milagres que aconteceram no seu nascimento criando uma grande expectativa[29], foram para encorajar e levar o povo judeu a acreditar em Jesus como Messias.

Se eles tivessem acreditado em Jesus como Messias como, poderiam eles tê-lo crucificado depois de esperar por ele por tanto tempo? Os Israelitas crucificaram Jesus porque, contra a Vontade de Deus, não acreditaram que Jesus era o Messias. Neste sentido, podemos compreender que Jesus não veio para morrer na cruz.

3 - Vamos analisar as palavras e ações de Jesus para ver se a crucifixão
era o meio de realizar sua missão de Messias. Quando as pessoas lhe perguntaram o que devia fazer para realizar a obra de Deus, Jesus respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado.” (Jo 6. 29)

Jesus chorou à vista de Jerusalém devido à descrença dos fariseus, ele
indicou claramente a ignorância do povo da cidade: “...porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação.”(Lc 19. 44) Em outra ocasião: “Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados!...” (Mt 23. 37)

Jesus censurou o povo que se recusou a acreditar nele, mesmo quando as escrituras davam testemunho sobre ele: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.”(Jo 5. 39) “Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis...” (Jo 5. 43), “Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito.” (Jo 5. 46)

Jesus realizou muitos milagres e sinais na esperança de que pudesse crer nele. Contudo, eles o condenaram como alguém que estava possuído por Belzebu. “...se não me credes, crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai.” (Jo 10. 38)

Jesus através de suas palavras e obras, tentou levar o povo a acreditar nele porque esta era a vontade de Deus. Se os judeus tivessem acreditado que ele era o Messias, o que tanto Deus e Jesus queriam, será que poderiam tê-lo crucificado?

Podemos ver que a crucifixão de Jesus foi o resultado da ignorância e descrença do povo judeu, e não da predestinação de Deus para realizar a finalidade de sua vinda como Messias. “...nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor de glória;(I Co 2. 8)

Se a crucifixão de Jesus originalmente tivesse sido a predestinação de Deus como poderia ele ter orado, três vezes, para que o cálice da morte passasse dele?[30] Porque ele sabia muito bem que a história de aflição seria prolongada até a época do Senhor do Segundo Advento, se a descrença do povo viesse a impedir a realização do Reino do Céu na Terra.

Em Isaías diz 9. 6,7:

“Porque um menino nos nasceu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu
nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, pai da Eternidade, Príncipe da
Paz; para que aumente seu governo, e venha a paz sem fim sobre o trono de Davi e
sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde
agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.”

Esta é a predição de que Jesus viria sobre o trono de Davi e estabeleceria um reino eterno. Um anjo apareceu a Maria quando ela concebeu Jesus e disse:

“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus.
Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, O Senhor, lhe dará o
trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu
reinado não terá fim. (Lc 1. 31-33)

Destas passagens podemos ver claramente que Deus tinha chamado os israelitas, o povo escolhido e os tinha conduzido por dois mil anos a fim de estabelecer um Reino de Deus na Terra mandando Jesus como Messias. Mas devido à incredulidade, foi crucificado. Desde então os judeus foram espalhados, sofrendo perseguições até o dia de hoje. Isto pode ser entendido como uma trágica conseqüência do erro ao condenar à morte o Messias. Também os cristãos tiveram de carregar a cruz pelo pecado coletivo da crucifixão de Jesus[31].

Porque a idéia da necessidade providencial da Cruz se tornou uma das bases da doutrina cristã? Foi um acontecimento inevitável, indispensável para a sobrevivência da Igreja. Nunca a igreja teria conseguido se desenvolver, nem resistir às perseguições judáicas e romanas, se fosse fundada na consciência uma falha do plano divino (em realidade uma falha da porção de responsabilidade humana que era de acreditar no Messias). Logo no início depois da morte do mestre, os discípulos estavam convencidos que foi a vontade de Deus e de Jesus. Assim Paulo acreditou: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” (I Co 15. 3,4) A idéia da necessidade providencial da morte do Messias se formou no pensamento dos discípulos depois da crucifixão[32].

A passagem de Isaías 53. 5, reivindicada pelos cristãos como uma profecia da rejeição do Messias, sobre o servidor sofredor que foi escrita no passado, não era considerada como uma profecia na época de Jesus. Se Jesus estivesse convencido de que sua execução era a vontade de Deus, ele teria ido completamente sereno, não teria tido medo de arriscar a sua vida. A oração do jardim de Getsemani[33], não era a respeito de seu sofrimento mas era para consolar Deus e por ele ter pensado em todos os martírios que seguirão seu curso.


6) A Ressurreição de Jesus

Em Lucas 9. 60, encontramos dois conceitos de vida e morte, o primeiro
à respeito do corpo físico, que era o caso do pai do discípulo, que devia ser enterrado. O segundo é o conceito da vida e morte com respeito às pessoas que se reuniram para o enterro do pai, as quais Jesus indicou estarem mortas.
Quando Jesus disse: “...quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.” (Jo 11. 25) A declaração de Jesus neste caso é a indicação de que a morte física do homem não influencia sua vida eterna no mundo espiritual.

Nossa carne é como roupas para nosso espírito; e é natural que nós removemos a carne, quando está velha, como tiraríamos velhas roupas. Então os homens espirituais vão para o mundo invisível a fim de lá viverem para sempre[34].

Antigamente os Israelitas acreditaram na sobrevivência dos “mortos” ou a imortalidade da alma como a maioria dos povos, mas para combater o culto dos “mortos” a religião oficial de Israel chegou a negar a existência dos “mortos” então a crença na ressurreição dos mortos veio para substituir este vácuo eterno. Segundo o padre dominicano Marie-Emile Boismard Jesus negou esta crença analisando a resposta de Jesus para os Saduceus[35]. (Mc 12. 24-27)

Depois da Ressurreição, Jesus não era o mesmo que tinha vivido com seus discípulos antes da crucifixão. Ele já não era um homem visto com os olhos físicos, pois era um ser transcendente de tempo e espaço. Certa vez apareceu repentinamente em uma sala fechada, onde seus discípulos estavam reunidos (Jo 20. 19), em outra ocasião, apareceu diante de dois discípulos que se dirigiam para Emaús, o os acompanhou por uma longa distância. Mas seus olhos não podiam reconhecer Jesus, que apareceu diante deles. (Lc 24 15, 16)

Jesus que aparecia, também desaparecia subitamente.
Jesus disse: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2. 19), Jesus ressuscitado iniciou um novo curso espiritual e se tornou o “novo templo” objeto de fé para os cristãos que se tornaram o segundo Israel.

Depois que João Batista se tornou cético e se afastou de Jesus, e que o povo que acreditava em João Batista, se viu obrigado a não crer em Jesus, Ele iniciou um jejum de quarenta dias no deserto para restaurar um novo fundamento de fé e para se separar de Satanás[36].

Jesus ressuscitado, também tinha que estabelecer um fundamento espiritual de 40 dias, reunindo seus discípulos, dispersos na Galiléia, e dando-lhes o poder de realizar milagres. (Mt 28. 16) Os apóstolos escolheram a Matias em lugar de Judas para completar o número 12, e creram, serviram e seguiram a Jesus ressuscitado, que se tornou Messias espiritual na posição de Verdadeiro Pai espiritual. Depois da Pentecostes (At 2. 1- 4), o Espírito Santo trabalhou como a Verdadeira Mãe espiritual e assim começando a obra de renascimento espiritual para os cristãos. Assim os corpos físicos dos crentes que seguem o Messias espiritual estão na mesma posição que o corpo físico de Jesus, invadido por Satanás através da cruz, então o pecado original ainda permanece em si (Rm 7. 25). Todos os cristãos têm que esperar pelo segundo advento do Senhor para resolver completamente a separação de Satanás.

Assim como Josué, que substituiu Moisés na restauração nacional de Canaã, o Senhor do Segundo Advento tem que realizar o Reino de Deus na Terra, realizando um curso substancial mundial de Canaã[37].



CONCLUSÃO


A tradição cristã elevou Jesus na posição de sobre-homem, ser sobrenatural e mais tarde se tornou da mesma natureza que Deus. A metamorfose de Jesus, de Messias terreno em enviado celestial foi acrescentada pelo quarto evangelista, usando a palavra ambígua “Filho do Homem” enviado celestial aparecendo nas nuvens inspirada da leitura literal de Daniel 7. 13.
Segundo o Pe Dominicano Refoulé que comentou sobre uma passagem do livro de Daniel Marguerat Jesus desejava reformar Israel, ele não queria fundar uma Igreja[38]. Hans Kung escreveu no seu livro “Ser cristão” :”Não tem dúvida, na perspectiva do Reino de Deus, Jesus não pensou a fundar uma comunidade diferente de Israel. Quando era vivo ele não fundou uma Igreja”[39]. Até pouco tempo atrás, nenhum exegeta católico teria atrevido mencionar a famosa fórmula de Loisy que ele escreveu em 1907: “Jesus anunciou o reino e é a Igreja que chegou”[40].

NOTAS:
[1] MOON, S. M. "Princípio Divino" p. 154

[2] Op. Cit., p. 155

[3] Gn 3.24

[4] Ap 22.14

[5] Gn 2.9

[6] Ap 22.14

[7] I Co 15.45

[8] MOON, S. M. Ibidem., p. 156

[9] MOON, S. M. Ibidem, p. 157

[10] Idem, p. 157

[11] Idem, p. 158

[12] Jo 17. 1

[13] GUYÉNOT, L. "Le Roi sans Prophète" p. 41

[14] Ex 4. 22; Os. 11. 1

[15] 2 Sm 7. 14; Sl 2. 7

[16] GUYÉNOT, L. Op. Cit., p. 43

[17] Idem, p. 44

[18] Idem, p. 45

[19] SOBRINO, J., “Jesus e o Reino de Deus”. p. 137

[20] Mt 4. 17

[21] FUNK, R., “The Five Gospels: The search for the Authentics Words of Jesus”. Tradução de: God’s Imperial rule.

[22] GUYENOT, L. Idem, p. 55

[23] Idem, p. 58

[24] Mc 13. 26

[25] Idem, p. 63

[26] Mt 7, 21

[27] Mt 13. 31, 33

[28] GUYENOT, L. Idem p. 67

[29] Lc 1. 13; 63 - 66

[30] Mt 26. 39

[31] MOON, Idem p. 112

[32] GUYENOT, idem p. 72

[33] Mc 14. 36

[34] MOON, idem p. 127

[35] BOISMARD, M.-E., “Faut-il encore parler de résurrection?”

[36] Idem p. 258

[37] MOON, S. M. Idem p. 268

[38] REFOULE, F. “Jesus dans l’Exegèse Moderne » ARM p. 42

[39] KUNG, H. “Être chrétien”

[40] LOISY, A. “Lês Evangiles synoptique


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1997

REFOULE, François. Jesus dans l’Exégèse Moderne – L’Actualité
Religieuse dans le Monde – Hors-série N°4 – Paris - 1994

SOBRINO, Jon. Jesus em América Latina - Le Cerf - Paris - 1986

Saturday, January 3, 2009

TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO

TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO


Trabalho apresentado segundo as exigências da disciplina do Antigo Testamento, do curso de Bacharel em Teologia, sob a orientação do Prof. Lola Ndofusu.

FACULDADE EVANGÉLICA DE TEOLOGIA
SEMINÁRIO UNIDO - OSWALDO CRUZ - RJ- 2003

Sugestões Essenciais Para Se Elaborar uma Teologia do AT

A existência de deficiências básicas nas metodologias necessita de desenvolver uma perspectiva nova.

1) A teologia bíblica como disciplina histórica-teologica deve descobrir o que o
texto quis dizer e procurar "voltar lá". As testemunhas bíblicas não são apenas testemunhas históricas, elas são o mesmo tempo testemunhas teológicas como palavra de Deus. A tarefa do teólogo da Bíblia é interpretar as Escrituras procurando compreender e descrever, ao "voltar lá".
O teólogo da Bíblia não substitui nem compete com o teólogo sistemático ou com o dogmatista. O t. da B. trabalha baseada no próprio texto bíblico. O t. da B. deve expor as categorias, temas, tópicos e conceitos com as "idéias claras e precisas".

2) Uma teologia do AT pressupõe uma exegese fundamentada em princípios e
procedimentos corretos. A interpretação exegética pode ficar comprometida, ao isolar textos do todo. Por exemplo - o tema do remanescente - que Amos faz, envolve parcialidade.
H.J. Kraus disse "uma das questões mais difíceis é a do ponto de partida, do significado e da função da pesquisa histórico-crítica". Von Rad disse que o t. da B. deve procurar compreender "os profundos níveis da experiência histórica que a pesquisa histórico-crítica é incapaz de sondar".
O método h.-c., originado do Iluminismo vê a História como um sistema fechado, não há lugar para transcendência.
O que se precisa salientar enfaticamente é que existe uma dimensão transcendente ou divina. A crise referente à História, na t. b. é da deficiência do método histórico-c. de lidar com a transcendência.
O método mais adequado para a t. b. deve ser tanto histórico quanto teológico desde o princípio. A exegese tem a função de esclarecer os textos individuais e a t. b. tem a função de reunir esses aspectos isolados num todo teológico. Precisa levar em consideração a realidade de Deus e sua irrupção na História. Desta forma é possível vencer a distância temporal e cultural, e entender o que o texto quis dizer.
O t. da B. não pode permitir que sua fé o leve modernizar seus objetos de pesquisa. Pode-se empregar todos os instrumentos exegéticos que a pesquisa histórica e lingüística permite. A interpretação da Escritura deve tornar-se parte de nossa experiência, como o deveria toda interpretação.

3) O teólogo da Bíblia baseia-se exclusivamente em elementos extraídos do AT.
Ele verifica sua história, a estrutura dos textos, estuda a história de Israel da antiguidade enfatizando o Oriente Próximo primitivo.
A t. do AT questiona a teologia dos diversos livros cuja origem, conteúdo, estrutura, propósito e significado são muito distintos. Uma t. do AT é uma interpretação e explanação sumárias dos escritos, identificar semelhanças e diferenças entre os diversos livros. A voz de cada testemunho da atividade de Deus e da revelação divina pode ser ouvida. Deve-se reprimir o desejo de fazer de um conceito um centro do AT. Deus é o centro do AT, ele é o seu tema central.

4) A apresentação das teologias do AT deve preferir não seguir a ordem dos livros
na seqüência canônica, pois esta ordem decorreu de motivos outros que o teológico.

5) Uma t. do AT procura reunir e apresentar seus principais temas. Por exemplo, os
temas da eleição e da aliança. No conceito de aliança, há uma expectativa de bênção para todas as nações, a nova aliança para o futuro.
A apresentação dos testemunhos do AT só pode ser feita com base num tratamento diversificado.

6) A meta final da t. do AT é demonstrar se há ou não uma unidade que une as
diversas teologias e temas, conceitos e tópicos longitudinais. Se por trás da experiência daqueles nos deixaram as Escrituras do AT existe uma realidade divina. O objetivo primordial é descortinar essa unidade íntima e torná-la transparente.
Um método para mostrar a unidade consiste a tomar os principais temas e esclarecer como as diversas teologias relacionam-se entre si. A questão da unidade acarreta tensão, atrito, mas não implica contradição.

7) Uma teologia do AT precisa demonstrar sua relação com a t. do NT.
A natureza complexa da relação entre os Testamentos tornam necessária a adoção
de uma abordagem diversificada. Os dois Testamentos esclarecerão um ao outro e propiciarão juntos uma compreensão mais ampla.

Nessas propostas esboçam uma nova apreciação da teologia do AT, é possível desenvolver uma teologia bíblica do Antigo e do Novo Testamento.

Comentário:
Eu concordo com o Autor dizendo que é possível de desenvolver uma nova apreciação da teologia. A Bíblia contem muitas palavras simbólicas que precisam ser decodificadas tanto no AT como o do NT, a dificuldade de interpretar é uma das razões de muitas denominações e divisões no cristianismo. De acordo com as próprias palavras de Jesus a hora virá que ele nós falará claramente a respeito do Pai (Jo 16. 25), dois mil anos atrás ele queria dizer mais, mas o povo não podia entender (Jo 16. 12) e não conseguiu a crer (Jo 3. 12). Nos Últimos dias, o Espírito de verdade falará e guiará novos mensageiros (Jo 16. 13; At. 2. 17, 18; Ap. 10. 11), novas teologias resolverão os problemas e trarão soluções para a crise atual da teologia do AT. Podemos esperar até mesmo um novo livro que completará o Cânon da Bíblia (Ap. 5. 1, 5)