Tuesday, September 15, 2009

Adao e eva, Semelhança de Deus - Gn 1 - parte 2

ADÃO E EVA, SEMELHANÇA DE DEUS

Gênesis 1: 26-31 “Façamos o homem a nossa imagem, conforme nossa semelhança”. Por que Deus usou a palavra “nossa” na 1ª pessoa do plural e não na 1ª pessoa do singular? O motivo não é porque o Pai Criador estava juntamente com o Filho no momento da criação, “antes da fundação do mundo”, como Paulo escreveu na sua carta aos Efesios 1: 4. Ele disse isto falando diante dos anjos, que tinham sido criados antes do homem e antes de todas as coisas. Os anjos foram criados como servos para auxiliar na criação do universo(1). Sabemos que Deus criou os anjos antes do universo físico. O livro de Jó descreve os anjos louvando Deus enquanto Ele estava criando o mundo: “Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os anjos jubilavam?” (Jó 38:4-7 - NIV).

Baseado neste versículo: “o homem foi criado a semelhança de Deus, homem e mulher” podemos deduzir a idéia de que Deus é o sujeito com características masculinas e femininas. Podemos chamar Deus “Nosso Pai” e “Nossa Mãe”.
Podemos dizer, sem ferir a compreensão dogmática, que o Pai... pode também ser chamado de Mãe. Ou melhor, para sermos fiéis às insinuações da linguagem bíblica que apresenta Deus tanto sob os traços paternos quanto sob os traços maternos, que (Deus) é Pai... e Mãe.
“Como uma mãe consola o filho, assim eu vos consolarei”. (Is 66, 13) O Pai de Jesus somente é Pai se for também Mãe. Nele se encontram reunidos o vigor do amor paterno e a ternura do amor materno. O Pai e a Mãe celestes. Em comunhão com o Pai e a Mãe eternos, superam-se as divisões; inaugura-se o Reino da confiança dos filhos e filhas, membros da família divina(2).

Teólogos como Tomás de Aquino, aplicando a filosofia de Aristóteles, consideram eidos dos eidos ou seja a forma invisível de todas as coisas a causa do universo – Deus. O evangelho de João disse: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1, 1) identifica “Deus como Palavras”. Aquino enfatiza Deus como Logos, concluindo que Deus é palavra e espírito, excluindo a parte material da causa do universo.
Devemos entender que a Palavra vem de Deus, “o Verbo era Deus” não significa que “Deus é Palavra”.
Quando alguém perguntou “De onde vem a matéria? Ele respondeu que Deus criou a matéria de nada. Isto é conhecido com creatio ex nihilo, uma palavra utilizada por Agostinho.

O Pensamento Unificado disse que a Palavra vem de Deus. Até hoje, os filósofos explicam a causa do universo como espiritual ou material, mas nunca foi considerado como um corpo harmonizado e unificado.
Segundo a “Teoria da Imagem Original” a Causa do universo inclui “o Espírito de Deus” a causa invisível de todos os seres existentes e a “energia de Deus” a causa material de todos os seres existentes(3). Logicamente podemos raciocinar que Deus é Causa do mundo espiritual invisível e a Causa do mundo material visível.

“E Deus os abençoou e lhes disse: frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai [...] ”
Estas são as três grandes bênçãos: frutificar (tornar-se maduro e pronto para dar frutos), multiplicar e ter domínio sobre a Criação.
Como é que as três grandes bênçãos de Deus podem ser realizadas?

A chave para a primeira bênção de Deus, antes da queda, era o aperfeiçoamento do caráter individual que devia acontecer naturalmente obedecendo ao mandamento. Depois da queda, para um indivíduo aperfeiçoar seu caráter e crescer ate a maturidade, ele tem que ser instruído e educado na prática das Escrituras (II Tim. 3:16 e 17). Tais indivíduos tornam-se templos de Deus, moradia do Espírito de Deus (I Cor. 13: 16), alcançam a unidade total com Ele (Jo. 14:20) e adquirem uma natureza divina e perfeita. É o que Jesus estava ensinando quando ele falou: “Sede vos perfeito como vosso Pai” (Mt 5:48).

Eles vivem a experiência do Coração de Deus como se fosse a sua própria. Por isso, compreendem a Sua vontade e vivem totalmente em sintonia com ela. Quando uma pessoa permanece em um estado de perfeição individual, seu corpo existe como o parceiro-objeto substancial de seu espírito. Já que o centro de seu espírito é Deus, o indivíduo também vive como parceiro-objeto substancial de Deus. Portanto, quando as pessoas realizam a primeira bênção de Deus tornam-se pessoas amadas por Ele, capazes de inspirá-Lo com alegria. Se as pessoas compartilhassem todos os sentimentos de Deus como se fossem seus, elas jamais cometeriam qualquer ato pecaminoso que causasse sofrimento a Deus. Isto significa que elas nunca cairiam.

A segunda bênção de Deus devia ser cumprida por Adão e Eva depois de ambos terem alcançado a perfeição individual como parceiros-objeto de Deus. Adão e Eva deveriam unir-se em amor como marido e mulher e criar os seus filhos. Esta teria sido a realização da segunda bênção. Quando a segunda bênção de Deus é realizada, esta família ou comunidade torna-se também um bom parceiro-objeto, dando alegria a Deus.

O significado da terceira bênção de Deus é a perfeição do domínio do ser humano sobre o mundo natural. Os seres humanos e o mundo natural, os parceiros-objeto substanciais de Deus em nível de imagem e símbolo, respectivamente, devem compartilhar amor e beleza para se tornar completamente um.

Se a finalidade da Criação de Deus tivesse sido realizada desta maneira, um mundo ideal sem qualquer vestígio de pecado teria sido estabelecido na Terra. Chamamos a este mundo de Reino do Céu na Terra. Quando a vida das pessoas do Reino do Céu na Terra terminasse, elas entrariam naturalmente no mundo espiritual e desfrutariam da vida eterna no Reino do Céu no mundo espiritual(4).

“E viu Deus tudo quanto tinha feito,... era muito bom...” É somente depois da criação do homem e da mulher que Deus fala que sua obra era “muito boa!” A bondade suprema começou e Deus falou que a harmonia e a união entre Adão e Eva eram muito boas; ou seja, tanto Adão sozinho como Eva sozinha ainda não eram muito bons, mas assim que a corrente de amor acendeu entre eles, Ele disse que aquilo era muito bom(5).


NOTAS:
[1] MOON Sun Myung. Exposição do Principio Divino. São Paulo: AFUPM, 2009, pág. 67
[2] BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 154; 210-211
[3] LEE, Sang Hun. Explaining Unification Thought. New-York: Unification Thought
Institute, 1981, pag. 9
[4] MOON Sun Myung. Exposição do Principio Divino. São Paulo: AFUPM, 2009, pág.36-40
[5] MOON Sun Myung . The Book of Genesis. New-York: HSA-UWC – 2003, pag. 20